Arte do grafite põe DF na rota do turismo criativo
Setor Comercial Sul já atrai artistas e visitantes por causa do grafite. Além do plano piloto, governo aposta no potencial de outras RAs
Saiba como o grafite transformou o Setor Comercial Sul (SCS) na primeira rota de turismo criativo do DF.
Conhecida por ser um museu a céu aberto, Brasília tem ganhado destaque nacional não só pela arquitetura de Oscar Niemeyer e os traços de Lúcio Costa, mas também pela arte de grafiteiros de várias regiões administrativas do Distrito Federal. Em 2020, por exemplo, o projeto SCS Tour – parceria entre o Instituto No Setor e a Universidade de Brasília (UnB) – transformou o Setor Comercial Sul (SCS) em rota turística.
O SCS Tour – em resumo, um passeio a pé pelo setor – foi realizado no final ano passado durante o Encontro de Grafite 2019, parceria com o Governo do Distrito Federal. Foram 60 artistas selecionados pelo edital da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) para pintar o Beco do Rato e as quadras 5 e 6 do SCS. O projeto foi escolhido para integrar a Rede Nacional de Turismo Criativo (Recria) por proporcionar experiências diferentes, além das convencionais.
“Temos um fluxo de turistas muito grande e, por meio do grafite, é possível contar histórias. A pessoas estão buscando cada vez mais esse tipo de experiência, que é uma tendência no mundo inteiro”Vanessa Mendonça, secretária de Turismo
O grafiteiro Paulo Sérgio Saraiva, 30 anos, mais conhecido como Corujito, é membro do Comitê Permanente do Graffite, que reúne representantes do governo local e da sociedade civil para construir políticas públicas voltadas para a classe artística. Ele ressalta que a capital tem grande potencial para atrair frequentadores devido ao turismo criativo, o que também inclui as cidades do DF.
“É preciso explorar as outras regiões administrativas também, e não só o Plano Piloto. Lá, a cultura acontece na sua mais pura essência”, defende.
Ainda segundo Corujito, esse tipo de iniciativa é uma forma de reunir pessoas de diversas regiões com o intuito de lançar novo olhar para um espaço que, historicamente, é berço de cultura. “Incentivando o grafite, o Estado faz uma reparação histórica de reconhecimento aos artistas anônimos – que, na grande maioria das vezes, são invisibilizados por instituições artísticas tradicionais como museus, galerias e amostras”, lamenta.
A avaliação da secretária de Turismo do DF, Vanessa Mendonça, não é diferente. “Temos um fluxo de turistas muito grande e, por meio do grafite, é possível contar histórias. A pessoas estão buscando cada vez mais esse tipo de experiência, que é uma tendência no mundo inteiro. A história da cidade precisa ser lembrada e ressignificada e os artistas são capazes de relembrar os acontecimentos”, destaca.
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Para a administradora do Plano Piloto, Ilka Teodoro, os projetos de requalificação por meio da arte têm o poder de transformar toda a dinâmica do espaço. “O grafite é uma ferramenta usada para criar instalações e performances em variados cenários urbanos do mundo inteiro. São manifestações culturais com potencial de atrair turismo e desenvolvimento econômico para a região”, comenta.
Subsecretária de Cultura e Economia Criativa, Érica Lewis também lembra que o DF tem um decreto de valorização do grafite com o objetivo de criar políticas públicas para a área. “Esse instrumento fomenta a possibilidade concreta de termos um mapa da arte urbana, como se nos tornássemos uma galeria a céu aberto. Isso é fantástico porque o grafite expõe nos muros a alma de suas cidades, valoriza a identidade e democratiza ainda mais o acesso aos bens culturais e à produção artística”, avalia.