Agência realizou uma imersão de dois meses na cultura paraense para selecionar influenciadores e garantir autenticidade à campanha que celebra Belém como a Capital Mundial do Brega_
A campanha “O mundo é Brega e Belém é a capital”, lançada pelo Ministério do Turismo no Dia Mundial da Música, contou com a assinatura da FKD Influencers na frente de Marketing de Influência. A ação celebra o reconhecimento concedido pela ONU Turismo, que declarou Belém (PA) como a Capital Mundial do Brega, e integra a estratégia nacional “Conheça o Brasil”, que valoriza o turismo e a diversidade cultural brasileira.
Com o desafio de traduzir a força do brega em uma narrativa digital autêntica, a FKD desenvolveu uma estratégia de influência voltada a vozes que realmente representassem o Norte, sua cultura e cotidiano. Segundo Igor Gallo, Coordenador de Planejamento da FKD Influencers e responsável pela estratégia e coordenação da campanha, o objetivo era ir além da estética e da música, mostrando o brega como um movimento cultural amplo e vivo.
“Nosso ponto de partida foi construir uma estratégia com influenciadores que realmente representassem o Norte, sua cultura e cotidiano. Queríamos uma campanha que fosse além de uma celebração estética: que mostrasse, de forma genuína, o que é o brega, um movimento cultural que vai muito além da música. Acreditamos que, para criar uma estratégia realmente eficaz, era essencial escutar quem vive essa cultura no dia a dia. Essa troca foi fundamental para garantir autenticidade em cada etapa da campanha”, afirma.
Para garantir essa autenticidade, a FKD realizou uma imersão de dois meses em Belém, pesquisando as diversas vertentes do brega, da música e gastronomia ao comportamento e cotidiano local. Durante esse processo, a equipe se conectou com criadores e parceiros da região, em um trabalho colaborativo de escuta e aprendizado. A curadoria dos influenciadores priorizou nomes do Norte, especialmente de Belém, dando destaque a diferentes expressões do movimento, como moda, dança e empreendedorismo.
Entre os critérios adotados, a agência buscou perfis com identidade local, poder de engajamento e representatividade, equilibrando influenciadores emergentes e figuras históricas do brega. O resultado foi uma rede diversa e genuína de criadores que ampliou o alcance da mensagem nas mídias sociais, fortalecendo o sentimento de pertencimento e o orgulho da cultura paraense.
Para o Coordenador de Planejamento, o maior legado da campanha foi a oportunidade de vivenciar a essência de Belém e mostrar o Norte em toda sua potência. “Belém realmente justifica o título de Capital Mundial do Brega, pois está presente na música, na dança, nas cores e, principalmente, na forma calorosa como o povo te recebe. Mostrar ao Brasil e ao mundo a força dessa cultura e dar visibilidade ao Norte, fugindo do eixo Sul-Sudeste, foi um privilégio. Mais do que uma campanha, foi uma experiência de aprendizado e de amor por Belém”, concluiu Igor Gallo.
RISCOS E IMPACTOS DO JULGAMENTO DO SUPREMO SOBRE PEJOTIZAÇÃO NO BRASIL
Por: Luiz Antônio Calháo, advogado
O Direito é, em sua essência, um organismo vivo, que precisa sofrer alterações constantes para que possa acompanhar a evolução natural da sociedade na qual está inserido como ferramenta organizacional.
Dentre as suas subdivisões, o Direito do Trabalho é, certamente, a área jurídica que mais sofre alterações e inovações legislativa no Brasil, pois a sociedade é rápida e incansável na criação de novas formas, ferramentas e métodos de trabalho, ainda mais se levarmos em consideração a velocidade com que a internet e as redes sociais distribuem ideias e informações.
As incessantes inovações tecnológicas impactam, diretamente, nas rotinas, experiências e até nas relações interpessoais de todos nós, o que reflete no mercado de trabalho que, para se fazer presente na “nova realidade” sem perder espaço de venda, sempre busca se adequar.
Consequência imediata disso são as alterações legislativas, que visam regulamentar e estruturar essas criações.
Sabemos, ainda, que a legislação trabalhista possui um claro intuito protetivo ao trabalhador, lado presumidamente mais vulnerável da relação.
No entanto, a questão que fica é a seguinte: qual a verdadeira intenção de tanta proteção? Será que esse é, realmente, o melhor caminho?
Concepção natural do homem e suas experiências relacionais, a ideia jurídica de prestação de serviços existe desde o Direito Romano onde, em seus Tratados, por exemplo, era comum se encontrar termos do tipo “locatio operarum”, ou seja, “locação de trabalho”.
Ocorre que, atualmente, na sociedade moderna, os desafios são grandes, pois em razão da evolução digital, as novas tecnologias que surgem diariamente, a criação de novos métodos e plataformas de trabalho, conjuntamente com o aumento da informalidade, o contrato de prestação de serviços por pessoa jurídica desafia o modelo tradicional de regulação estatal entre capital e trabalho, retirando o Judiciário da sua zona de conforto.
Esse é, então, o contexto em que se encontra inserido o julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema nº 1389, que trata sobre a competência da justiça trabalhista para processar e julgar casos que discutem existência de fraude no contrato de prestação de serviços (Pejotização), bem como traz à tona a discussão sobre o ônus de fazer tal prova e, por fim, a licitude, ou não, dessa forma de contratação.
De um lado, tem-se como argumento a transferência do risco econômico da empresa para o trabalhador, a suposta precarização do trabalho e a fragilização dessas relações, enquanto, de outro lado, tem-se como argumentos a livre iniciativa, a flexibilização das relações contratuais e o crescimento econômico.
Caso o Supremo entenda pela ilegalidade desse formato de contratação ou, em um efeito menos prejudicial, indique as empresas como responsáveis imediatas pela comprovação da inexistência de fraude, dependendo da amplitude dos termos julgados, os efeitos serão imediatamente suportados pelos empreendedores, gerando reflexo imediato durante a tomada de decisão sobre eventual expansão, crescimento ou novos desafios e, em alguns casos, até sua própria subsistência no mercado.
Percebe-se, com isso, num efeito amplo e futuro das consequências legais geradas com essa decisão, é que a proteção excessiva ao trabalhador, pode trazer implicações finais negativas a eles mesmos, pois, se as empresas (empregadoras) deixarem de crescer, repensarem expansões ou até mesmo, em alguns casos, estudarem a viabilidade de seguirem ativas no mercado ou naquele ramo de atuação, onde os funcionários trabalharão?
Inovação farmacêutica une sabor, praticidade e eficácia em produtos que vão do cuidado com a pele ao desempenho físico
Eles não são balas, mas conquistam pelo sabor, pela textura e pela experiência. Os suplementos em formato gummy estão entre as tendências mais fortes do mercado de saúde e beleza. A Farmacotécnica, referência em manipulação no Distrito Federal, tem se destacado ao oferecer opções prontas para compra, como Beauty Gummy, Moro Gummy e Creatina Gummy, além de fórmulas manipuladas personalizadas de acordo com as necessidades de cada cliente.
O sucesso dos gummies não é por acaso. “Eles oferecem eficácia comprovada, mas de forma mais agradável e sensorial. É uma experiência que estimula o autocuidado diário de maneira leve e divertida, especialmente para quem tem dificuldade em ingerir cápsulas ou comprimidos”, explica Rogy Tokarski, farmacêutica diretora da Farmacotécnica.
Uma tendência que veio para ficar
De acordo com a especialista, o consumo de suplementos em goma cresce no mundo todo, especialmente nos Estados Unidos, onde a cultura de suplementação já é consolidada e o formato gummy se destaca pela conveniência, sabor e facilidade de ingestão. No Brasil, a procura dispara desde a pandemia, impulsionada pela busca por produtos voltados à imunidade, bem-estar e nutrição. O mercado nacional de gomas multivitamínicas deve movimentar US$ 269,8 milhões até 2030, com crescimento estimado de 11,3% entre 2023 e 2030.
Além disso, a inovação tem papel central: gomas veganas, sem açúcar e multivitamínicas estão entre os formatos que mais atraem consumidores. “Na Farmacotécnica, todas as nossas gummies têm rigoroso controle de qualidade farmacêutica, são livres de glúten, açúcar e lactose, e oferecem textura e sabor superiores”, destaca Rogy.
As novidades nesta área da Farmacotécnica:
Beauty Gummy – Desenvolvido para quem busca firmeza, elasticidade e hidratação da pele, contém 2,5 g de peptídeos bioativos de colágeno Verisol® por unidade, dose utilizada nos principais estudos clínicos. Sabor frutas vermelhas, apenas 16 kcal por goma e zero açúcar, lactose e glúten. Estudos clínicos apontam resultados como 32% de redução de rugas, 10% mais elasticidade e 11% menos celulite após 8 semanas de uso.
Moro Gummy – Elaborado com extrato de laranja moro, tem ação termogênica e antioxidante, auxilia no controle de peso, favorece o metabolismo de gorduras e contribui para a redução de medidas abdominais, quando associado a dieta e exercício. Indicado para quem busca suporte no emagrecimento de forma leve e prazerosa.
Creatina Gummy – Traz a mesma eficácia da creatina monohidratada tradicional, mas com sabor agradável e formato portátil. Cada goma contém 3 g de creatina, auxiliando no aumento de força, desempenho físico e recuperação muscular, sem a necessidade de preparo prévio.
Do balcão à manipulação personalizada
Além das versões prontas para compra, a Farmacotécnica manipula gummies sob medida, permitindo a inclusão de ativos específicos para necessidades individuais, um diferencial para quem busca fórmulas únicas e personalizadas.
Segundo Rogy, o público é variado, indo de mulheres que investem em cuidados estéticos a atletas, pessoas com rotinas intensas e clientes que valorizam produtos naturais e práticos. “O formato gummy democratiza o acesso à suplementação de qualidade, sem abrir mão da eficácia”, afirma.
Ginecologista e obstetra Dra. Angélia Iara ressalta que a decisão deve ser individualizada, respeitando as condições clínicas da mãe e do bebê, mas destaca: o ideal é esperar o bebê dar sinais de que está pronto para nascer.
A escolha do tipo de parto costuma gerar dúvidas e até certa ansiedade entre as gestantes. De um lado, o parto normal é frequentemente apontado como o mais natural. De outro, a cesariana pode ser necessária em determinadas situações. Para a ginecologista e obstetra Dra. Angélia Iara, o mais importante é compreender que não existe um modelo único de parto ideal.
“Cada mulher e cada gestação são únicas. O que é adequado para uma paciente pode não ser para outra. O nosso papel é orientar e oferecer segurança, respeitando tanto as condições clínicas quanto os desejos da mãe”, explica a médica.
Segundo Dra. Angélia, a decisão deve ser tomada com base em fatores como o bem-estar da gestante e do bebê, a evolução da gestação e o histórico de saúde. Embora a cesariana seja um procedimento seguro quando indicada, o parto normal costuma ser o mais recomendado quando não há contraindicações, por favorecer uma recuperação mais rápida e um início mais precoce do vínculo com o bebê.
“O ideal é que o nascimento aconteça no tempo certo, quando o bebê dá sinais de que está pronto para vir ao mundo. Antecipar esse momento sem necessidade pode aumentar os riscos para mãe e filho”, reforça.
A médica lembra que a humanização do parto não está ligada apenas à via de nascimento, mas ao respeito às escolhas da mulher, à escuta ativa e ao acompanhamento acolhedor durante todo o processo gestacional.
“Mais do que discutir qual é o melhor tipo de parto, precisamos falar sobre o protagonismo da mulher e o respeito ao seu corpo e ao tempo do bebê”, conclui.
Em entrevista ao 61Brasília, o governador do Pará fala sobre legado, bioeconomia e o papel do Brasil na liderança climática global.
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) transforma Belém do Pará em vitrine do debate mundial sobre o futuro do planeta. Pela primeira vez, o encontro mais importante do clima é sediado na Amazônia, aproximando ciência, governos e comunidades da região que concentra as maiores reservas naturais e potencial de soluções climáticas do mundo.
O evento reúne chefes de Estado, cientistas, lideranças indígenas e empresários em torno de uma agenda que ultrapassa fronteiras políticas. No centro desse processo está o governador Helder Barbalho (MDB-PA), que conduz o Estado em uma operação inédita de infraestrutura, qualificação e política ambiental. O Pará executa mais de 30 obras estruturantes, com R$ 4,5 bilhões em investimentos, unindo mobilidade, saneamento, turismo e inovação.
O Parque da Cidade, sede da conferência, traduz esse novo modelo de desenvolvimento. Projetado com eficiência energética, reuso de água e ventilação natural, o complexo simboliza a sustentabilidade aplicada à gestão urbana. O projeto integra áreas de convivência, praças e auditórios, criando um legado duradouro para Belém.
“O Parque da Cidade é símbolo daquilo que a COP defende. Desenvolvimento aliado à preservação e à inclusão das pessoas”, afirma o governador.
Às margens da Baía do Guajará, o Complexo Porto Futuro reforça a frente de inovação e cultura. O conjunto abriga o Museu das Amazônias e o Parque de Inovação e Bioeconomia do Pará, que consolida a bioeconomia como eixo de crescimento sustentável. O espaço conecta universidades, startups e investidores a cadeias produtivas de baixo carbono, impulsionando setores como biotecnologia, cosméticos, fármacos e manejo florestal.
“A Amazônia precisa ser entendida como potência de soluções. A bioeconomia garante que a floresta viva gere riqueza, emprego e conhecimento, mantendo-se em pé e produtiva”, destaca Helder.
O impacto social das obras é reforçado pelo Capacita COP30, o maior programa de qualificação profissional do Estado. Mais de 35 mil pessoas já foram formadas em cursos de turismo, idiomas e hospitalidade, integrando a população local à nova economia verde. Em paralelo, o BRT Metropolitano entra em operação, quatro viadutos modernizam a circulação e treze canais passam por obras de macrodrenagem, beneficiando meio milhão de moradores.
Política ambiental e ambição global
O Pará chega à COP30 com uma estrutura consolidada de políticas voltadas à transição ecológica. O Plano Amazônia Agora organiza o combate ao desmatamento e a valorização dos ativos ambientais, enquanto o Plano de Bioeconomia orienta uma nova matriz produtiva baseada na floresta viva. O Sistema Jurisdicional de REDD+ complementa esse conjunto ao criar mecanismos de compensação e rastreabilidade para quem preserva. A Lei de Responsabilidade Ambiental, sancionada em 2025, e o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa asseguram o caráter permanente dessa política, com metas de restauração e uso sustentável do território.
Essas ações consolidam o Estado como referência nacional em governança climática. A COP30 amplia esse papel ao transformar o Pará em plataforma de políticas que unem eficiência econômica e preservação ambiental. Para Helder Barbalho, o desafio é manter coerência entre discurso e prática:
“O Brasil precisa provar que é capaz de liderar com consistência, unindo produção e preservação. No Pará, estamos mostrando que desenvolvimento e floresta viva caminham juntos”.
*61Brasília — A COP30 ocorre em um momento de forte polarização política. Como o senhor interpreta o papel desse evento?*
*Helder Barbalho —* A COP é o maior fórum multilateral da atualidade e representa o esforço coletivo de enfrentar a crise climática. Não é uma conferência da esquerda ou da direita, é um espaço de convergência. A Amazônia precisa ser tratada como tema de Estado e não de governo. A escolha de Belém reafirma que o Brasil volta a liderar o diálogo global com seriedade e compromisso.
*61Brasília — A preparação do Pará chama atenção pelo volume de investimentos. Qual o sentido desse esforço?*
*Helder Barbalho —* O Estado não se prepara apenas para receber visitantes, mas para dar um salto de infraestrutura e planejamento urbano. O que entregamos agora melhora mobilidade, saneamento e turismo, mas também estrutura o futuro. A COP30 é catalisadora de obras e de políticas públicas que permanecerão por décadas.
*61Brasília — O Parque de Inovação e Bioeconomia do Pará é considerado um dos legados mais simbólicos. Como ele se conecta à ideia de floresta viva?*
*Helder Barbalho —* O parque é o coração da bioeconomia. Ele transforma pesquisa e conhecimento em produto e renda. A floresta viva deixa de ser vista como obstáculo e passa a ser a base da nossa economia. Com rastreabilidade e tecnologia, podemos gerar riqueza sem destruir. Esse é o modelo que queremos consolidar.
*61Brasília — A COP30 traz à tona o tema do financiamento climático. O que o senhor defende nesse campo?*
*Helder Barbalho —* Defendemos responsabilidade compartilhada. A Amazônia presta um serviço ambiental ao mundo, mas quem mora aqui arca com o custo da conservação. É essencial que os países desenvolvidos cumpram os compromissos de financiamento e ampliem os instrumentos de crédito para a bioeconomia.
*61Brasília — Há expectativa de que a conferência produza resultados concretos?*
*Helder Barbalho —* Sim. Esperamos acordos sobre descarbonização, cooperação técnica e mecanismos de remuneração pela preservação. Mas o resultado mais importante será político e simbólico. O mundo vai enxergar a Amazônia de dentro dela, entendendo que o futuro do planeta passa pela floresta viva.
*61Brasília — O Pará se projeta como vitrine da liderança brasileira na agenda climática?*
*Helder Barbalho —* O Pará se torna espelho do Brasil. O que acontece aqui traduz o que o país pode oferecer: compromisso, inovação e responsabilidade. A COP30 nos coloca sob os holofotes, mas também sob cobrança. O verdadeiro legado será manter o ritmo de transformação quando as delegações forem embora.
A COP30 insere o Brasil em um novo ciclo da política ambiental global, em que resultados passam a ter peso equivalente à diplomacia.
O encontro em Belém transforma o meio ambiente em campo de decisão econômica e consolida a Amazônia como componente central do equilíbrio climático do planeta. O Pará se afirma nesse contexto como espaço de aplicação de políticas que integram infraestrutura, controle ambiental e bioeconomia.
A conferência representa o momento de transformar essa estrutura em permanência administrativa e consciência compartilhada, mantendo a floresta viva como ativo estratégico e referência de desenvolvimento para o mundo.
De Flordelis e Carla Zambelli, na Câmara Federal, e Paula Belmonte, na CLDF, parlamentares enfrentam cassações e prisões, enquanto os colegas recebem pressões tardias, como Eduardo Bolsonaro, ou escapam de sanções políticas mais severas, como Daniel Donizet, respectivamente.
De Flordelis a Carla Zambelli, as mulheres que ocuparam espaços de poder no Legislativo enfrentaram pressão e punições severas, com cassações, condenações e até prisão.
Já os homens, como Eduardo Bolsonaro, Chiquinho Brazão e Daniel Donizet, acumulam denúncias e acusações sem perder mandato ou prerrogativas políticas.
Nos dois parlamentos — Câmara Federal e Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) —, o padrão se repete: quando o acusado é homem, o processo é adiado, relativizado ou remetido ao Judiciário; quando é mulher, a punição é exemplar e imediata.
Carla Zambelli
Eduardo Bolsonaro
Daniel Donizet
Chiquinho Brazão
Fotos: Renato Araújo Câmara dos deputados
Na CLDF, o distrital Daniel Donizet (MDB) acumula acusações de assédio, abuso de poder e, agora, uma tentativa de “carteirada” após ser parado em uma blitz da Lei Seca.
Ele teria tentado usar o cargo e influência política para evitar autuação, mas acabou autuado ao recusar o teste do bafômetro.
Na noite de 26 de junho de 2025, Donizet foi parado por policiais militares próximo ao Riacho Fundo I (DF) por exibir sinais de embriaguez ao volante. Uma fonte informou que o veículo, uma Nissan Frontier, trafegava de forma irregular, “fechando outros motoristas”. Após ser abordado, Donizet admitiu ter ingerido bebida alcoólica anteriormente, mas alegou estar em “totais condições de dirigir”. Ele inicialmente aceitou fazer o teste do bafômetro, mas a equipe não estava equipada, e durante a espera o parlamentar tentou usar seu cargo para encerrar o procedimento — numa típica “carteirada”. Em determinado momento, chegou a ligar para o colega Hermeto (MDB), também subtenente da PMDF; a ligação foi repassada a um subtenente no local, que, conforme o registro, afirmou que “a lei é para todos” e que os procedimentos deveriam seguir normalmente. Ainda na blitz, Donizet optou por recusar o bafômetro, resultando em autuação com base no artigo 165-A do Código de Trânsito Brasileiro. A infração é considerada gravíssima e implica multa de R$ 2.934,70, além da suspensão do direito de dirigir por 12 meses. No dia seguinte (27 de junho), o MDB local instaurou uma comissão de ética para apurar o caso. Poucos dias depois, cinco distritais apresentaram à Mesa Diretora da CLDF um pedido de suspensão do mandato de Donizet por 90 dias — medida prevista no regimento interno e no Código de Ética da Casa. Em 1º de setembro de 2025, a Mesa Diretora aprovou o encaminhamento do pedido à Corregedoria da CLDF para análise técnica antes de eventual decisão em plenário.
A abertura do processo considerou a “gravidade, reiteração e repercussão pública” das condutas do deputado, incluindo acusações de assédio sexual, omissão de socorro, extorsão e a tentativa de “carteirada”. O episódio se soma a denúncias anteriores de constrangimento de servidoras, que, em meio a tantas polêmicas, provocaram pedidos de suspensão de seu mandato — finalmente atendidos.
*Paula Belmonte: o contraponto feminino* Enquanto Donizet tenta conter o avanço de investigações e preservar o mandato, sua colega de partido e principal opositora dentro da CLDF, Paula Belmonte (MDB), enfrenta processo de cassação em curso na CLDF, por não provar denúncias contra o parlamentar. Segunda vice-presidente e Procuradora Especial da Mulher da Casa, a deputada nega irregularidades e afirma ter atuado dentro dos limites institucionais de seu cargo.
Em nota, a parlamentar se defende: “Sempre exerci minhas funções com transparência, responsabilidade e respeito às normas e regimentos da Câmara Legislativa. Todas as decisões que tomei foram dentro das minhas atribuições institucionais, tanto como deputada distrital, quanto como segunda vice-presidente da Casa e Procuradora Especial da Mulher. Minha trajetória é marcada pela ética, pela independência e também pela defesa da pauta feminina, com foco na proteção das mulheres e no fortalecimento de políticas públicas que garantam respeito, dignidade e oportunidades.
Continuarei trabalhando com serenidade e compromisso para fortalecer as instituições e representar com dignidade a população do Distrito Federal”, afirma Paula Belmonte, segunda vice-presidente e Procuradora Especial da Mulher da CLDF.
*No Congresso, seletividade e autoproteção* Já na Câmara dos Deputados, quatro casos recentes evidenciam a dificuldade da Casa em enfrentar condutas graves de seus próprios membros — e revelam diferenças de tratamento marcadas por gênero e alinhamento político. Em 2021, a Câmara cassou o mandato da deputada Flordelis (então PSD-RJ), acusada de mandar matar o marido. Já Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, perdeu o mandato apenas por faltas, sem votação política sobre sua conduta.
A deputada Carla Zambelli (PL-SP), mesmo após condenações que somam 15 anos de prisão — incluindo falsidade ideológica e porte ilegal de arma usado para intimidar um eleitor —, segue no cargo. Presa na Itália, ainda não teve a cassação apreciada pela Câmara, embora o pedido de extradição já tenha sido feito pelo STF e aguarde decisão da Justiça italiana.
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), indiciado junto ao pai, Jair Bolsonaro, por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito no Supremo, segue livre, mesmo diante de brando processo político no jogo institucional. Mesmo após pedir para trabalhar remotamente dos Estados Unidos e acumular faltas, a Câmara apenas tenta cobrar R$ 13,9 mil de reembolso, sem discutir eventual quebra de decoro, o que inviabilizaria sua vida política, a exemplo da ação no STF. *Dois pesos, duas medidas*
Os contrastes são nítidos: Flordelis, Zambelli e Paula Belmonte — todas mulheres — enfrentam punições públicas, processos céleres e forte desgaste político. Já os parlamentares homens, mesmo diante de acusações de crimes de alta gravidade, seguem em exercício ou com punições brandas.
Essa disparidade reforça um padrão histórico de proteção institucional entre pares masculinos e a demonização de mulheres em posições de poder. As acusadas são exemplos diante de um sistema complacente aos políticos.