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terça-feira, outubro 22, 2024
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Eixo Monumental

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O silêncio de Deus: inatividade ou reflexo da perfeição?

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A questão da “inatividade” de Deus após a criação do universo, tal como descrita em diversas tradições religiosas, especialmente na Bíblia, é um ponto de reflexão que tem provocado pensadores por séculos. Muitos, como o escritor José Saramago, sugerem que esse “descanso” ou suposta ausência divina depois de seis dias de criação pode soar paradoxal. Afinal, por que Deus, com o poder infinito de criar, interromperia suas atividades e se afastaria do que Ele mesmo formou?

Entretanto, essa linha de raciocínio pode estar enraizada em uma interpretação limitada da ideia de criação e ação divina. Uma perspectiva mais profunda nos leva a uma pergunta intrigante: Se Deus realmente criou o universo com perfeição, não seria sua “inatividade” um reflexo da suficiência dessa criação?

A perfeição, como conceito filosófico e teológico, sugere algo que não precisa de correção ou ajuste. Quando algo é considerado perfeito, sua essência reside na completude e na harmonia de suas partes. Se pensarmos na criação de Deus sob essa ótica, o universo não precisaria de constante intervenção divina porque já funcionaria dentro de uma ordem natural, plena e autoreguladora.

Assim, a “inatividade” de Deus poderia ser interpretada como um sinal de que a obra foi finalizada com tamanha maestria que se sustenta por si mesma. O papel do Criador seria o de estabelecer os fundamentos e leis do universo — como a gravidade, o ciclo da vida, a passagem do tempo — para que esse sistema funcione sem a necessidade de correções contínuas.
É o que vemos na própria natureza: os processos naturais seguem seu curso com precisão e regularidade impressionantes. Das marés oceânicas à órbita dos planetas, tudo parece funcionar de maneira estável e previsível. Essa regularidade poderia ser vista como evidência de um plano divino bem executado, um reflexo da “suficiência” que torna desnecessária a interferência constante de Deus.

O conceito de “descanso” de Deus no sétimo dia, descrito no Gênesis, muitas vezes é interpretado de forma literal, como se Deus tivesse decidido se afastar e deixar o universo ao acaso. No entanto, no contexto bíblico e teológico, o “descanso” pode ser melhor entendido como um estado de satisfação ou completude.

Na tradição judaica, por exemplo, o descanso sabático não significa inatividade total, mas um tempo de contemplação, celebração e apreciação do que foi realizado. Aplicando isso a Deus, o descanso poderia simbolizar a contemplação de uma criação perfeita, onde cada detalhe foi cuidadosamente planejado para funcionar sem a necessidade de intervenções frequentes.
Em vez de ver o descanso de Deus como passividade ou ausência, podemos interpretá-lo como um sinal de que a criação não precisa de mais “retoques”. Um artista que termina uma obra-prima não volta para corrigi-la continuamente — ele se afasta para admirar o resultado, confiante de que sua criação permanecerá bela e autossustentável.

Outro aspecto a ser considerado nessa discussão é a ideia de liberdade. Se Deus criou o universo com leis naturais, livre-arbítrio e autonomia para os seres humanos, a “inatividade” pode ser um sinal de respeito à própria criação. Deus pode ter estabelecido os fundamentos, mas ao não intervir constantemente, Ele permite que as criaturas e o universo evoluam, cresçam e floresçam por conta própria.

Esse “silêncio” divino pode ser visto como uma expressão da confiança de Deus na própria criação e nas criaturas que a habitam. A liberdade de ação dada aos seres humanos, por exemplo, seria um reflexo desse respeito e desse desejo de não controlar cada detalhe de nossa existência.
Porém, quando olhamos para o universo, percebemos também o caos, a dor e o sofrimento. Seria essa desordem uma evidência de que o universo não é tão perfeito assim? Ou isso faz parte de uma ordem maior que nossa visão limitada não consegue captar?

Muitos filósofos e teólogos argumentam que o caos aparente pode ser parte de uma perfeição que está além da nossa compreensão imediata. Assim como uma sinfonia pode ter momentos de tensão que, no contexto da obra como um todo, criam harmonia, o universo pode ter elementos que, isolados, parecem desconcertantes, mas no panorama geral contribuem para a perfeição do todo.
Se considerarmos o cosmos como um sistema em constante evolução, o sofrimento, a mudança e até mesmo a entropia podem ser componentes necessários para o crescimento e a transformação. O que para nós pode parecer desordem, para uma mente infinita como a de Deus pode ser parte de um propósito maior.

A questão da “inatividade” de Deus após a criação do universo nos leva a repensar o que significa perfeição e suficiência. Se o universo é perfeito em sua criação, a ausência de intervenções contínuas por parte de Deus pode ser o maior testemunho de sua confiança na obra realizada. Em vez de ser um sinal de abandono ou indiferença, o descanso de Deus pode simbolizar a harmonia de uma criação que funciona por si só, refletindo a grandeza do Criador.

A reflexão final fica para nós: ao invés de buscarmos provas da presença divina em intervenções miraculosas ou eventos extraordinários, talvez devamos aprender a ver o divino na regularidade e na estabilidade das leis que regem o cosmos. Afinal, a verdadeira perfeição pode residir naquilo que funciona tão bem que sequer percebemos que está funcionando.

E para você? O que é a perfeição na criação divina? Uma obra finalizada ou um processo contínuo de evolução?

José Adenauer Lima
Formado em economia, com pós-graduação em Estratégia pela ADESG. Especialização em filosofia clássica.Trabalha no Poder Legislativo do DF há 32 anos nas áreas de orçamento público e processo legislativo.

Eixo Monumental

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Sofremos pelo que não existe: o peso das nossas próprias criações mentais

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Mark Twain é frequentemente associado à frase “Eu já sofri por muitas coisas na minha vida, a maioria delas nunca aconteceu”.

Essa citação captura de maneira brilhante a forma como, muitas vezes, sofremos desnecessariamente por preocupações e medos que nunca se concretizam. A nossa mente tem um poder enorme de criar cenários, ampliar problemas e nos aprisionar em ciclos de ansiedade sobre situações hipotéticas. Mas por que fazemos isso? E mais importante, como podemos evitar esse sofrimento autoinfligido?

Os filósofos estoicos já falavam sobre esse problema há milhares de anos. Sêneca, um dos grandes nomes do estoicismo, escreveu: “Somos mais frequentemente apavorados do que feridos; sofremos mais na imaginação do que na realidade”.

O que ele quis dizer é que, na maioria das vezes, o que nos assusta e causa sofrimento não são os eventos em si, mas a nossa interpretação deles. Nossa imaginação, sempre ativa, transforma pequenos desafios em montanhas intransponíveis e cria medos desnecessários a partir do nada.
E esse processo mental pode ser desgastante. Ao nos permitirmos ser consumidos por cenários hipotéticos – o famoso “e se?” – acabamos por perder a paz no presente. Quantas vezes você se pegou pensando em possíveis problemas que nunca se materializaram? Às vezes, nos preocupamos tanto com o que poderia acontecer que deixamos de aproveitar o que *está* acontecendo. Isso não é apenas um desperdício de energia mental, mas também uma barreira para a felicidade e a realização pessoal.

Jesus, no Sermão da Montanha, nos deixou uma lição preciosa sobre esse tipo de ansiedade: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6:34). Esse ensinamento simples nos lembra que a preocupação com o futuro não nos ajuda a resolvê-lo. Na verdade, só nos impede de lidar com o presente da maneira mais eficaz e tranquila.

Mas como podemos, na prática, romper com esse ciclo de sofrimento por coisas que não existem? A primeira chave é a consciência. Precisamos ser capazes de identificar quando nossas mentes estão criando cenários hipotéticos que nos causam sofrimento. A meditação e o mindfulness têm sido ferramentas eficazes nesse processo. Eles nos ensinam a estar no momento presente e a observar nossos pensamentos sem nos perdermos neles. Ao cultivarmos essa consciência, podemos, pouco a pouco, aprender a separar o real do imaginário.

Além disso, é importante cultivar uma atitude de aceitação. Nem sempre podemos controlar o que acontece conosco, mas podemos controlar como reagimos a isso. Epicteto, outro filósofo estoico, disse: “Não são os eventos que nos perturbam, mas as nossas opiniões sobre eles”. Essa frase nos lembra que podemos escolher como interpretar e reagir às situações da vida, e essa escolha pode fazer toda a diferença entre o sofrimento e a paz.

No fim das contas, a maioria das coisas que nos preocupam nunca se tornam realidade. E mesmo quando se tornam, somos geralmente mais fortes e capazes de lidar com elas do que imaginamos. Ao nos libertarmos das criações da nossa mente, abrimos espaço para viver com mais leveza, paz e sabedoria.

O sofrimento é parte inevitável da vida, mas o sofrimento que criamos na nossa mente pode ser evitado. Como disse Twain, a maioria das dores que sentimos nunca existiu – e talvez nunca venha a existir. Que possamos, então, viver com mais presença, mais aceitação e menos medo do que poderia ser. Afinal, o que realmente existe é o agora. E nele, encontramos tudo o que precisamos para enfrentar qualquer desafio que o futuro possa nos trazer.

José Adenauer Lima
Formado em economia, com pós-graduação em Estratégia pela ADESG. Especialização em filosofia clássica.Trabalha no Poder Legislativo do DF há 32 anos nas áreas de orçamento público e processo legislativo.

Dia das crianças na Livraria Leitura: Presenteie com Disney, Pixar, Star Wars e Marvel

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O Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, está chegando, e não há presente melhor para os pequenos do que um bom livro. Para comemorar essa data especial, a Livraria Leitura preparou duas campanhas imperdíveis que vão encantar crianças e adultos.

A primeira é a Campanha Nacional da Disney. Nessa promoção, ao comprar R$69,90 em produtos das linhas Disney, Pixar, Marvel ou Star Wars e cadastrar a nota fiscal no site oficial, você concorre a 1 ano de assinatura do Disney+. Uma oportunidade única para mergulhar no universo mágico da Disney e suas franquias.

Além disso, a Livraria Leitura lança uma campanha exclusiva em suas lojas. Na Campanha Compre e Ganhe, ao adquirir 1 livro ou álbum de figurinhas das franquias Disney, Pixar, Marvel ou Star Wars, o cliente recebe 1 card exclusivo do filme Divertidamente 2. Um brinde que certamente vai agradar os fãs de todas as idades.

O universo mágico da Disney, Pixar, Marvel e Star Wars desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da imaginação das crianças, oferecendo histórias cativantes, personagens icônicos e lições valiosas. Essas franquias transportam os pequenos para mundos fantásticos, onde tudo é possível, incentivando a criatividade e ensinando importantes valores como amizade, coragem e perseverança. Ao se conectarem com essas narrativas, as crianças não só se divertem, mas também expandem seus horizontes e aprendem a enxergar a vida de maneira mais lúdica e inspiradora.

Para saber mais sobre preços e outras opções de livros avulsos e boxes, acesse: www.leitura.com.br.

AOS MEMBROS DO LIDE BRASÍLIA, SENADOR IZALCI LUCAS (PL-DF) DEFENDE MAIS TEMPO PARA ANALISAR A REFORMA TRIBUTÁRIA

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Embora seja uma pauta aguardada há décadas no Brasil, a Reforma Tributária precisa de mais tempo para se rmaturada pelo Senado para, posteriormente, poder ser aprovada. A avaliação é do senador Izalci Lucas (PL-DF), palestrante do almoço-debate do Lide Brasília, que reúne os maiores empresários e presidentes de entidades classistas da capital e é presidido por Paulo Octávio.

O encontro, realizado no Lago Sul, teve ainda a presença do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha, de secretários de estado como Ney Ferraz (Economia), Cristiano Araújo (Turismo), José Humberto Pires de Araújo (Governo) e Valter Casimiro Silveira (Obras); do presidente da Cãmara Legislativa, deputado Wellington Luiz, e de parlamentares do DF, como o deputado federal Gilvan Máximo (Republicanos).

Além de fazer estimativas do impacto da atual proposta na economia, o parlamentar voltou a defender a retirada do regime de urgência da tramitação da proposta no Senado. “O governo mandou o projeto em regime de urgência e está trancando a pauta. Queriam que votasse igual à Câmara dos Deputados, sem discutir emendas. A gente vê nessas audiências a importância do debate, porque todos os segmentos estão apresentando reivindicações”, afirmou, na palestra.

O senador acredita que o debate em torno da proposta é fundamental. “É impossível votar essa matéria sem uma ampla discussão. Estamos fazendo reuniões na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), para analisar as demandas. É um projeto que afeta a vida de todo mundo”, afirmou Izalci, que é coordenador do grupo de trabalho na CAE. “É um projeto que afeta todas as atividades, mas que a conta quem paga mesmo é o consumidor. São 1,2 mil emendas apresentadas e nós vamos fazer mais 21 reuniões e audiências públicas para debater o tema”, destacou.

Para o senador Izalci Lucas, o empresariado deve se engajar urgentemente nos debates. “Precisamos alertar os empresários para que eles possam mobilizar, procurar seus senadores e deputados, para fazer as alterações que acharem necessárias”, acrescentou.

GOVERNADOR PREOCUPADO COM A REFORMA
A palestra encontrou eco nas palavras do governador Ibaneis Rocha. “A gente tem comparecido aos eventos que unem o empresariado. A reforma tributária preocupa a todos, até porque as primeiras matérias que têm saído indicam que nós teremos uma das maiores cargas tributárias do mundo. Isso preocupa porque vai diminuir o consumo, vai diminuir a renda da população e vai diminuir também a produção das empresas” avaliou.

A preocupação faz com que a equipe econômica do DF, comandada pelo secretário de Ney Ferraz, venha acompanhando todos os passos, assim como a Procuradoria-geral do Distrito. “Hoje a gente ouviu o senador Izalci, que está participando desse debate. Nós queremos o melhor para a nossa população”, definiu. “Eu tenho acompanhado a área de serviço, pois sou da advocacia. A gente vai ter quase uma dobra no valor da nossa tributação e de vários outros setores, o que tem revelado uma grande preocupação com o que está tramitando no Senado. É um debate muito importante”, disse.

O governador acrescentou ainda que é contrário ao pedido de urgência na tramitação da proposta. “Nós já passamos mais de 30 anos discutindo reforma tributária e conseguimos avançar em alguns pontos. Temos que ter atenção a esse chamado que está sendo feito por todos os setores da economia, para que a gente não tenha uma situação reversa daquilo que foi proposto e que é um avanço para o país”, afirmou.

Também presente ao almoço-debate do Lide Brasília, o presidente da Câmara Legislativa, deputado Wellington Luiz, mostrou-se preocupado com os reflexos para a população do Distrito Federal e para o setor produtivo. “O assunto tem muito interesse para todos nós, brasilienses. Temos um poder aquisitivo que não é o da maioria da Federação. É um Estado que consome bastante. Obviamente temos de estar atentos a todas as mudanças para que essa população, que ajuda a fazer a máquina girar, não seja prejudicada”, afirmou.

Presidente do BRB, Paulo Henrique Costa também encampou o discurso da preocupação. “A regulamentação está se mostrando mais extensa do que o previsto, ainda com uma incerteza muito grande em relação a diversos setores da economia e um certo desequilíbrio em relação a isso. O BRB acompanha de perto com os fatos e impactos que podem trazer nos setores que a gente atua, seja de banco, seja de seguro, mas principalmente com os nossos clientes, e como isso pode interferir principalmente na dinâmica de crédito e na sustentabilidade dos setores”, destacou.

Ele lembrou que segmentos como agronegócio e os setores de serviços e imobiliário merecem especial atenção. “Existe uma discussão importante sobre os impactos, o aumento de carga tributária que está prevista para o ramo imobiliário. Outro setor importante é o de serviços, em que a gente precisa ter uma calibragem mais próxima. O objetivo, claro, é simplificar o processo tributário, mas devemos manter essa carga equilibrada, sem prejudicar nenhum setor especificamente”, avaliou.

PRESIDENTE DO LIDE BRASÍLIA PEDE CAUTELA
Para Paulo Octávio, que comanda o Lide Brasília, a primeira preocupação deve ser com o crescimento econômico do Brasil. “Nós temos a maior carga tributária do mundo. E a reforma que foi votada pela Câmara dos Deputados e está no Senado atualmente é bastante complexa. A grande parte do setor produtivo brasileiro não entendeu ainda como vai funcionar”, destacou.

Defensor da simplificação tributária, ele relembrou seus tempos de parlamento. “Eu fiz um projeto que era uma proposta de imposto único para agregar a todos e incentivar novos empreendedores e jovens empresários. O Brasil precisa de motivação. As pessoas que querem trabalhar, que querem gerar empresas, que querem criar empresas, precisam de serem motivadas. Quando as pessoas encaram a carga tributária brasileira, acabam desistindo de empreendimento, assim como o capital estrangeiro também vem com medo. Essa intranquilidade é muito ruim”, ponderou.

Para ele, o debate em torno do projeto atual é fundamental e urgente. “Por isso, nós convidamos o senador Izalci, que está ouvindo os segmentos econômicos mais diversos possíveis. Não adianta aprovar uma reforma que depois vai desagradar todos. Essa nova reforma tributária precisa ser questionada, discutida e aprimorada, para que todos possam sair satisfeitos, acrescentou.

“Este é um assunto importante e que vai mudar o Brasil. Não adianta pressa para depois criar um monstrengo que ninguém entende e que não vai ajudar, porque o que nós queremos mais é gerar empregos. O Brasil não pode crescer 2% ao ano. O Brasil tem que crescer 5%, 6%, como já cresceu. É inacreditável que nosso crescimento é tão pequeno, comparado a todas as economias do mundo. Eu não aceito um Brasil, com esse potencial, crescer 2% ao ano. Nós temos que mudar esse patamar”, acrescentou.

Anfitrião do almoço-debate, o vice-presidente do Nelson Willians Group, Fernando Cavalcanti, falou da importância de receber o setor produtivo. “A gente está junto aqui, sempre. Para nós, é uma alegria debater temas que tão importantes aos empresários e à sociedade brasiliense como um todo”, discursou.