Escola repaginada para evitar o coronavírus
A escola moderna dos dias atuais tem cheiro de álcool em gel e barreiras físicas que não permitem abraço nem aperto de mão. O soar do apito vindo da quadra de esportes calou. As crianças parecem mais silenciosas. As máscaras dificultam, de um lado. De outro, ajudam a olhar nos olhos, numa aproximação mais profunda que o toque. O Colégio Seriös escreveu um guia sobre os padrões de segurança adotados, um exemplo a ser compartilhado. Pode estar diferente hoje, mas ainda com as vestes do passado, criado para educar e ajudar a contruir conhecimentos.
Por Carolina Cascão
O Colégio Seriös mudou totalmente os padrões. Afastou os alunos uns dos outros por uma boa causa. E para se adaptar à nova situação mundial, adotou padrões de higiene que triplicaram o orçamento dos produtos de higiene e limpeza. Tudo por uma causa nobre. O retorno das crianças ao Colégio gerou polêmica, acordos, reuniões, reflexões e consulta aos pais – uma verdadeira pesquisa de mercado. Como o papel da escola é fundamental na vida da criança, as atividades – em horário reduzido e com adesão de 43% das famílias – começaram em 5 de outubro.
Na última quarta-feira, dia 11 de novembro, o Colégio Seriös, retomou o horário semi-integral, o mesmo adotado antes da pandemia – das 8h15 às 16h – de segunda a quinta-feira, e das 8h30 às 12h30, às sextas-feiras. Nesta nova fase, 70% dos responsáveis concordaram com o retorno dos filhos. A instituição criou um guia próprio com as medidas de segurança que vão além dos documentos estabelecidos pelos sindicatos patronal e dos professores e do Ministério Público do Trabalho – MPT.
Foi feito um teste na primeira quinzena, ao começar a liberar aulas presenciais para as turmas de Educação Infantil e do Ensino Fundamental do 1º ao 5º Ano. Na semana seguinte, do Ensino Fundamental Anos Finais – do 6º ao 9º Ano. E na outra semana, os alunos do Ensino Médio puderam retornar às aulas. “Recriamos uma escola para que seja um ambiente seguro. A adesão dos pais foi acontecendo aos poucos. Toda semana recebemos notificação de famílias informando o retorno dos filhos às aulas presenciais” – disse Vanessa Araújo, diretora pedagógica do Ensino Fundamental – Anos Iniciais.
“Existem três grupos de pais. Os que querem que o filho retorne por razões emocionais; os que precisam, pois já retornaram ao trabalho presencial ou nunca se afastaram; e aqueles que não abrem mão do ensino presencial. ” – disse. “O número de acidentes domésticos envolvendo crianças aumentou muito, assim como casos relacionados a preocupações com a saúde mental em razão do isolamento” – completou Vanessa.
Além do horário retomado, nesta nova fase, o restaurante também será reaberto. “Temos profissionais monitorando as entradas. Pias adicionais para lavar as mãos, álcool em gel em vários pontos e funcionários de olho em todas as etapas de higienização” – disse Keila Melo, enfermeira do Colégio.
“Meus filhos se adaptaram ao aprendizado on-line. E voltaram ao presencial tranquilamente, depois de orientação em casa. A educação acadêmica é fundamental na vida da criança, e elas estão bem-instruídas: não abraçar, manter a distância do coleguinha e não compartilhar o material” – disse Rafael Jácomo, médico, pai de Gabriela, 9 anos e Miguel, 7 anos. A mãe, pediatra, Andrea Jácomo, disse que os filhos foram felizes da vida para a escola. “A escola é importante. Treinamos a Gabi e o Miguel antes de voltarem ao Colégio. Caminhamos com eles perto de casa para testar a máscara. As crianças são muito resilientes. Aceitam melhor que os adultos”- disse.
Andrea perguntou à Gabi se ela sabia o porquê de estar voltando para a escola. E ela soltou a pérola: “Eu sei, mamãe. É porque estamos dando muito trabalho.” Miguel também tem suas pérolas. Ao perguntar sobre o Mandeta, ele respondeu que ele é o mandão, e mandou todo o mundo ficar em casa. Ele comentou com os pais sobre a volta às aulas: “As professoras estavam com roupas de desentupir pia”. Pausa para uma boa gargalhada.
Fernanda Leão, decoradora de festas, mãe de Maria Fernanda, 8 anos, disse que o Colégio estava preparado, e isso passava segurança a ela. “Pedi à minha filha que não abraçasse e evitasse contatos físicos. Ela é inquieta e não se adaptou às aulas on-line. Era preciso voltar. Ela gostou. Mas tive medo de que ela não usasse a máscara” – disse.
Repaginação
O Colégio contratou consultoria e orientação de um serviço de Segurança e Medicina do Trabalho e elaborou o próprio guia, batizado de “Protocolo de Biossegurança de Retorno às aulas presenciais”. A enfermeira Keila Cristina Melo fez a capacitação de todas as equipes e se tornou a pessoa- chave no acompanhamento das medidas profiláticas e dos colaboradores e alunos com sintomas ou indicações.
Os estudantes foram agrupados em colmeias por cores de acordo com as turmas. E só podem circular nos espaços identificados com as mesmas cores. Em caso de contágio, os responsáveis pela colmeia em questão serão acionados. “As colmeias não se misturam” – afirmou Vanessa.
O número de dispênseres de álcool em gel 70% foi reforçado por todo o Colégio, assim como totens. De acordo com Keila, o valor gasto com produtos de limpeza triplicou. Banheiros, salas de aula, corredores e dependências são higienizados com materiais de limpeza sanitizantes, regularizados para a desinfecção de superfícies. Os banhos, se necessários, e as trocas de fralda são feitos por uma monitora que utilizará EPI´s específicos. Os trocadores são sanitizados antes e após o uso.
“Todos os dias, ao final das aulas, a limpeza é geral, mais forte ainda da que é feita de hora em hora. E às sextas-feiras, fazemos a desinfecção geral” – disse Keila.
O acesso às salas da Educação Infantil, por exemplo, é por meio da garagem. Os alunos são recebidos pelos monitores da própria colmeia na porta dos elevadores e das escadas. Antes de entrar, as crianças passam pelas barreiras sanitizantes. Começa-se pela aferição da temperatura corporal. Na sequência, higienizam as mãos com álcool e pisam o tapete sanitizante para desinfecção dos calçados. A saída é por outro portão.
Os que tiverem temperatura acima de 37,5% aguardarão o responsável em uma sala de acolhimento, isolada e monitorada pela enfermeira. Os pais devem informar ao Colégio sobre qualquer manifestação de sintoma.
“Sempre fomos acolhedores e nos mantivemos muito próximos dos alunos e de suas famílias. Agora, para evitar aglomeração nos corredores, tivemos que adotar o sistema drive-thruno horário de saída. É estranho porque gostamos do contato próximo, de abraçar, apertar a mão. Nada disso podemos fazer mais” – disse Vanessa Araújo. “Nesta primeira fase, não tivemos nenhum aluno contaminado” – comemora. Ela emenda que as crianças estão saudáveis e demonstram muita facilidade para a adaptação ao espaço e aos comportamentos recriados.
Salas de aulas bem-arejadas
As portas e janelas permanecem abertas durante as aulas. As lixeiras das salas agora têm pedais e tampas. As carteiras têm distanciamento de 1,5m, e todas são individualizadas com o nome de cada criança, que não pode compartilhar materiais com colegas.
Kitdo aluno
O Colégio pediu que cada aluno leve quatro máscaras de cores lisas e duas embalagens plásticas identificadas com “máscaras usadas” e “máscaras limpas”. Além do álcool em gel, lenços umedecidos de papel, garrafa de água abastecida, um estojo escolar e um brinquedo de plástico de fácil higienização dentro de embalagem individual.
“Nem agenda física estamos usando. Tudo é por meio eletrônico” – disse Vanessa Araújo.
As atividades extras, como vôlei, capoeira e judô, ficaram suspensas, mas algumas modalidades já foram estudadas e oferecidas aos pais, como aula de xadrez e de balé, além de English Campe English Immersion, que consistem em circuito de atividade realizadas em língua inglesa.
Os espaços externos são usados de acordo com os horários e as cores das colmeias. Se o pátio, por exemplo, foi usado hoje por uma colmeia, nenhuma colmeia mais poderá utilizá-lo novamente até que seja feito todo o ciclo de profilaxia do espaço. Também existem demarcações no chão para que os alunos mantenham o distanciamento mesmo fora das salas de aula.
Ainda de acordo com o guia, as recomendações continuam, inclusive, ao chegar a casa. Tirar os sapatos e a mochila e higienizá-los logo em seguida são apenas uns dos pontos. É necessário lavar as mãos, retirar o uniforme, tomar banho e higienizar tudo que foi levado para o Colégio.
Perspectiva para 2021
Keila Melo disse que 2020 servirá de parâmetro para o próximo ano. “Faremos as atualizações necessárias. A utilização de espaços mais abertos e o distanciamento social continuarão fortes. E as novas formas de socialização e de cumprimento estarão mais atreladas à rotina” – disse.
Outro desafio, segundo a enfermeira, é atender os alunos de maneira acolhedora, portando máscaras e protetor facial. “Alguns reconhecem pela voz” – revelou.
De acordo com Keila, as crianças estão muito conscientes e bem receptivas com relação às mudanças. “Reclamaram de dor de cabeça no início. O uso de máscara durante muito tempo provocou essa reação nelas” – disse.
Serviço:
Colégio Seriös
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