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quinta-feira, novembro 21, 2024

Evasivo, general Heleno nega à CPI tentativa de golpe e participação nos atos de 8 de janeiro

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Por Paulo Santos

O depoimento do general Augusto Heleno, foi assunto dia no meio político. Ao comparecer nesta quinta-feira (1) à CPI dos atos antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o ex-chefe do gabinete de segurança institucional da Presidência da República, do governo Bolsonaro, negou ter recebido qualquer informação sobre ameaça de invasão do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal no dia 8 de janeiro de 2023.

No seu depoimento, o militar foi evasivo. Reiterou que continua fiel a Bolsonaro, disse que a minuta de golpe encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres é “um papel sem a menor credibilidade”, e frisou que, a seu ver, os acampamentos bolsonaristas eram “locais sadios”, embora tenha negado ter entrado em algum deles.

Líder sem disposição

O general também disse não ter participado de qualquer planejamento visando um golpe de Estado. “Um golpe de Estado, para ter sucesso, precisa de um líder principal que esteja disposto a liderar. O golpe teria condições de acontecer se tivesse sido planejado. Não é simplesmente sair na rua e dar o golpe”, afirmou Augusto Heleno.

Ao presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), Heleno afirmou ainda que as narrativas [de golpe] são fantasiosas, portanto, nunca participou de reunião com o presidente Bolsonaro para discutir fechamento do Congresso ou do STF.

Reconhecimento da derrota

Já ao relator da CPI dos Atos Antidemocráticos, deputado Hermeto (MDB), que perguntou ao general se na avaliação dele uma ligação de Bolsonaro a Lula reconhecendo a derrota nas eleições teria evitado os acontecimentos do dia 8 de janeiro, o ex-GSI declarou não ter opinião formada. “Não posso avaliar o que aconteceria se houvesse esse reconhecimento”, respondeu Heleno.

Ações planejadas

Augusto Heleno também foi interrogado pelos deputados
Fábio Félix (Psol), que questionou sobre a reunião do general com a ativista de direita Sarah Winter, em 2021; por Max Maciel (Psol), que ressaltou os atos do dia 8 de janeiro como ações não aleatórias, mas planejadas.

Da mesma forma, o deputado Gabriel Magno (PT) afirmou que os responsáveis pelos ataques de 12 de dezembro saíram do acampamento do Exército. “De lá saiu o planejamento do atentado à bomba no aeroporto, no dia 24 de dezembro”, declarou.

Apoiadores do general

Pelo menos, três deputados distritais ficaram do lado do general Heleno. Jaqueline Silva (sem partido) e Paula Belmonte (Cidadania)
parabenizaram o militar “pelos relevantes serviços prestados ao país ao longo dos anos”.

Já Thiago Manzoni (PL) disse que o general Heleno “é um patriota que abriu mão de seus anseios e de sua vida pessoal para servir o Brasil”.

Poder da CPI

Para o presidente da CPI, deputado distrital Chico Vigilante (PT), apesar de escorregadio, o depoimento do general foi importante para mostrar o poder da CPI; como os militares do governo Bolsonaro veem hoje os civis e, principalmente, como os bolsonaristas avaliam pontos que estão sendo investigados desde o dia das depredações.

“Se Bolsonaro tivesse legitimado o resultado das eleições no dia em que foi divulgado e tivesse dito que dali por diante ele e todo o seu grupo iriam partir para a oposição no país, isso não teria influenciado o pessoal que resolveu montar acampamentos e fazer manifestações e atos antidemocráticos para mudar o resultado das urnas”, declarou Chico Vigilante.

Deputados e senadores bolsonaristas pediram a CPMI do 8 de janeiro, agora, querem recuar. Foto/Agência Senado

País acompanha

O deputado ressaltou que os trabalhos da comissão estão sendo acompanhados por todo o país principalmente porque os deputados distritais se movimentaram para dar início à investigação no dia seguinte à realização dos atos, mesmo com a CLDF de recesso.

Vigilante confirmou também que a CPI tem recebido vários documentos solicitados a diversos órgãos e que os que ainda não foram encaminhados são objeto de pedidos que estão sendo reiterados.

CPMI do Congresso

Por outro lado, a comissão mista do Congresso, chamada de CPMI dos Atos Golpistas, mal começou e já dá sinais de fracasso. Isso ocorre porque, após novos fatos que colocam integrantes do antigo governo no centro da conspiração de golpe, entre o final de 2022 e início deste ano, parlamentares bolsonaristas começaram a se arrepender de terem apoiado a criação da comissão parlamentar mista de inquérito.

Freio bolsonarista

Além disso, o freio bolsonarista foi intensificado porque a base do governo, no Congresso, que não queria a CPMI, passou a apoiar a comissão, tanto que conseguiu emplacar a maioria dos membros do colegiado.

gora, os parlamentares que apoiam Jair Bolsonaro e que estavam tentando inverter o corrido, responsabilizando o próprio governo Lula por ter tentado dar um golpe em si mesmo, passaram a se esconder e evitar o assunto.

Investigações da PF

Isso sem contar as investigações da Polícia Federal que revelaram áudios e conversas entre auxiliares próximos de Jair Bolsonaro tramando o golpe de Estado, como o coronel Élcio Franco, ex-número dois do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil do governo Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem do ex-presidente, que está preso.

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