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sábado, novembro 8, 2025

Helder Barbalho e o Brasil da Amazônia na era da COP30

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Em entrevista ao 61Brasília, o governador do Pará fala sobre legado, bioeconomia e o papel do Brasil na liderança climática global.

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) transforma Belém do Pará em vitrine do debate mundial sobre o futuro do planeta. Pela primeira vez, o encontro mais importante do clima é sediado na Amazônia, aproximando ciência, governos e comunidades da região que concentra as maiores reservas naturais e potencial de soluções climáticas do mundo.

O evento reúne chefes de Estado, cientistas, lideranças indígenas e empresários em torno de uma agenda que ultrapassa fronteiras políticas. No centro desse processo está o governador Helder Barbalho (MDB-PA), que conduz o Estado em uma operação inédita de infraestrutura, qualificação e política ambiental. O Pará executa mais de 30 obras estruturantes, com R$ 4,5 bilhões em investimentos, unindo mobilidade, saneamento, turismo e inovação.

O Parque da Cidade, sede da conferência, traduz esse novo modelo de desenvolvimento. Projetado com eficiência energética, reuso de água e ventilação natural, o complexo simboliza a sustentabilidade aplicada à gestão urbana. O projeto integra áreas de convivência, praças e auditórios, criando um legado duradouro para Belém.

“O Parque da Cidade é símbolo daquilo que a COP defende. Desenvolvimento aliado à preservação e à inclusão das pessoas”, afirma o governador.

Às margens da Baía do Guajará, o Complexo Porto Futuro reforça a frente de inovação e cultura. O conjunto abriga o Museu das Amazônias e o Parque de Inovação e Bioeconomia do Pará, que consolida a bioeconomia como eixo de crescimento sustentável. O espaço conecta universidades, startups e investidores a cadeias produtivas de baixo carbono, impulsionando setores como biotecnologia, cosméticos, fármacos e manejo florestal.

“A Amazônia precisa ser entendida como potência de soluções. A bioeconomia garante que a floresta viva gere riqueza, emprego e conhecimento, mantendo-se em pé e produtiva”, destaca Helder.

O impacto social das obras é reforçado pelo Capacita COP30, o maior programa de qualificação profissional do Estado. Mais de 35 mil pessoas já foram formadas em cursos de turismo, idiomas e hospitalidade, integrando a população local à nova economia verde. Em paralelo, o BRT Metropolitano entra em operação, quatro viadutos modernizam a circulação e treze canais passam por obras de macrodrenagem, beneficiando meio milhão de moradores.

Política ambiental e ambição global

O Pará chega à COP30 com uma estrutura consolidada de políticas voltadas à transição ecológica. O Plano Amazônia Agora organiza o combate ao desmatamento e a valorização dos ativos ambientais, enquanto o Plano de Bioeconomia orienta uma nova matriz produtiva baseada na floresta viva. O Sistema Jurisdicional de REDD+ complementa esse conjunto ao criar mecanismos de compensação e rastreabilidade para quem preserva. A Lei de Responsabilidade Ambiental, sancionada em 2025, e o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa asseguram o caráter permanente dessa política, com metas de restauração e uso sustentável do território.

Essas ações consolidam o Estado como referência nacional em governança climática. A COP30 amplia esse papel ao transformar o Pará em plataforma de políticas que unem eficiência econômica e preservação ambiental. Para Helder Barbalho, o desafio é manter coerência entre discurso e prática:

“O Brasil precisa provar que é capaz de liderar com consistência, unindo produção e preservação. No Pará, estamos mostrando que desenvolvimento e floresta viva caminham juntos”.

*61Brasília — A COP30 ocorre em um momento de forte polarização política. Como o senhor interpreta o papel desse evento?*

*Helder Barbalho —* A COP é o maior fórum multilateral da atualidade e representa o esforço coletivo de enfrentar a crise climática. Não é uma conferência da esquerda ou da direita, é um espaço de convergência. A Amazônia precisa ser tratada como tema de Estado e não de governo. A escolha de Belém reafirma que o Brasil volta a liderar o diálogo global com seriedade e compromisso.

*61Brasília — A preparação do Pará chama atenção pelo volume de investimentos. Qual o sentido desse esforço?*

*Helder Barbalho —* O Estado não se prepara apenas para receber visitantes, mas para dar um salto de infraestrutura e planejamento urbano. O que entregamos agora melhora mobilidade, saneamento e turismo, mas também estrutura o futuro. A COP30 é catalisadora de obras e de políticas públicas que permanecerão por décadas.

*61Brasília — O Parque de Inovação e Bioeconomia do Pará é considerado um dos legados mais simbólicos. Como ele se conecta à ideia de floresta viva?*

*Helder Barbalho —* O parque é o coração da bioeconomia. Ele transforma pesquisa e conhecimento em produto e renda. A floresta viva deixa de ser vista como obstáculo e passa a ser a base da nossa economia. Com rastreabilidade e tecnologia, podemos gerar riqueza sem destruir. Esse é o modelo que queremos consolidar.

*61Brasília — A COP30 traz à tona o tema do financiamento climático. O que o senhor defende nesse campo?*

*Helder Barbalho —* Defendemos responsabilidade compartilhada. A Amazônia presta um serviço ambiental ao mundo, mas quem mora aqui arca com o custo da conservação. É essencial que os países desenvolvidos cumpram os compromissos de financiamento e ampliem os instrumentos de crédito para a bioeconomia.

*61Brasília — Há expectativa de que a conferência produza resultados concretos?*

*Helder Barbalho —* Sim. Esperamos acordos sobre descarbonização, cooperação técnica e mecanismos de remuneração pela preservação. Mas o resultado mais importante será político e simbólico. O mundo vai enxergar a Amazônia de dentro dela, entendendo que o futuro do planeta passa pela floresta viva.

*61Brasília — O Pará se projeta como vitrine da liderança brasileira na agenda climática?*

*Helder Barbalho —* O Pará se torna espelho do Brasil. O que acontece aqui traduz o que o país pode oferecer: compromisso, inovação e responsabilidade. A COP30 nos coloca sob os holofotes, mas também sob cobrança. O verdadeiro legado será manter o ritmo de transformação quando as delegações forem embora.

A COP30 insere o Brasil em um novo ciclo da política ambiental global, em que resultados passam a ter peso equivalente à diplomacia.

O encontro em Belém transforma o meio ambiente em campo de decisão econômica e consolida a Amazônia como componente central do equilíbrio climático do planeta. O Pará se afirma nesse contexto como espaço de aplicação de políticas que integram infraestrutura, controle ambiental e bioeconomia.

A conferência representa o momento de transformar essa estrutura em permanência administrativa e consciência compartilhada, mantendo a floresta viva como ativo estratégico e referência de desenvolvimento para o mundo.

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