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quinta-feira, novembro 14, 2024

Jardim Botânico a caminho da festa do Dia do Cerrado

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Jardim Botânico a caminho da festa do Dia do Cerrado

Para evitar aglomeração, o programa, este ano, será um passeio alternativo pela Trilha Krahô, com segurança e algumas restrições

Que tal comemorar o Dia Nacional do Cerrado – 11 de setembro – fazendo uma verdadeira imersão no bioma? A equipe do Jardim Botânico de Brasília (JBB) preparou uma atividade especial para a data, que exalta a importância da preservação do segundo maior ecossistema brasileiro.

Devido à pandemia de Covid-19, a programação será um pouco diferente dos anos anteriores: não haverá nenhum evento no JBB para evitar aglomerações. Mas, como a prática esportiva ao ar livre é recomendada – com uso de máscara e respeito ao distanciamento social –, foi desenvolvido um projeto alternativo para os visitantes.

A partir de segunda-feira (8), será possível fazer uma trilha guiada.  O guia, porém, não será um dos educadores ambientais da unidade, mas a própria natureza. O percurso escolhido para a iniciativa que celebra o Cerrado foi a Trilha Krahô, que tem 1,8 km de extensão e baixo nível de dificuldade, mas percorre diferentes fitofisionomias do bioma, exibindo diferentes espécies da flora e da fauna.

Pontos estratégicos

Uma equipe formada por biólogos do JBB identificou pontos estratégicos e marcantes para ajudar as pessoas a concluírem todo o caminho. Além de incentivar a prática esportiva e facilitar a caminhada pela trilha, a meta é provocar as pessoas a observarem detalhes que costumam passar despercebidos, e, a partir dessa reflexão, promover uma nova relação com o meio ambiente e despertar a consciência sobre a importância da preservação do Cerrado.

“A nossa proposta é que as pessoas abram os olhos para os elementos da natureza e agucem todos os sentidos do corpo durante essa observação”, explica o biólogo Lucas Miranda, educador ambiental do JBB. “Somos muito acostumados a procurar sinais claramente humanos para nos guiar, mas dessa vez a brincadeira é tentar se guiar pelos detalhes marcantes proporcionados pela própria natureza.”

Serão ao todo 11 paradas ao longo da trilha. Pessoas interessadas em participar da atividade poderão pegar o folheto no Centro de Visitantes para ver o mapa, as imagens de cada local e fazer as reflexões propostas pelo JBB.

“Definimos 11 pontos em diferentes paisagens e cenários com indescritíveis belezas do Cerrado”, detalha o educador ambiental. “Quanto mais disponível para observação o visitante estiver, mais transformadora será a experiência. Queremos que as pessoas observem ao longo da trilha desde os elementos maiores, como grandes árvores, até os menores, como flores, insetos ou mesmo marcas deixadas por outros animais.”

Caminhada reflexiva

Entre os elementos de destaque, estão espécies nativas do Cerrado, como o pau-santo (Kielmeyera coriacea), que tem caule grosso e tortuoso. Essas duas características marcantes do bioma são, na verdade, estratégias que a planta desenvolveu ao longo de milhares de anos para sobreviver aos eventos de fogo.

O pau-santo (Kielmeyera coriacea) é uma das espécies nativas do Cerrado: caule grosso foi desenvolvido para sobreviver aos eventos do fogo

Um tronco caído no meio da trilha também pode ser um importante elemento para a reflexão. “Tudo na natureza faz parte de um ciclo”, atenta a diretora de Vegetação e Flora do JBB, Priscila Rosa. “Ao se desprender de uma árvore, um tronco começa seu processo de decomposição, reaproveitamento de nutrientes e os fungos são parte ativa nessa fase. Eles ainda podem servir de abrigo para insetos e até pequenos animais, como serpentes e roedores”.

Outra parada estratégica será a nascente do córrego Cabeça de Veado. “O Cerrado de árvores tortas com raízes profundas facilita a infiltração da água da chuva que aflora formando as nascentes que abastecem córregos e rios”, informa Priscila. “Esse ciclo é de extrema importância, pois, além de filtrar a água, também abastece os reservatórios de onde sai o abastecimento urbano; preserva o bioma garante água limpa na casa de todos os brasileiros”.

Cipó “abraça” todo o tronco: árvores tortas e com raízes profundas compõem o bioma

Biodiversidade e extinção

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. Considerado uma das maiores áreas naturais mundiais de biodiversidade, o bioma apresenta abundância de espécies endêmicas – que só ocorrem nesse tipo de vegetação –, mas sofre uma excepcional perda de habitat devido à expansão das fronteiras agrícolas. Estima-se que existem mais de 12 mil espécies de plantas no Cerrado, sendo pouco mais de 5 mil endêmicas, ou seja, encontradas apenas no bioma.

12 milNúmero estimado de espécies de plantas existentes no Cerrado

Para o diretor de Gestão Integrada da Biodiversidade e Conscientização Pública do JBB, Estevão Fernandes de Souza, as pressões causadas pelos seres humanos podem contribuir para o desaparecimento de muitas dessas espécies.

“Essa perda afeta não apenas as populações de flora e fauna, mas também populações humanas que fazem o uso tradicional de algumas dessas espécies”, ressalta. “A preservação da biodiversidade do Cerrado é, portanto, fundamental, tanto para o futuro do bioma quanto da nossa história.”

 

Orientações para o passeio

  • O uso de máscara é obrigatório durante toda a permanência no JBB.
  • A administração recomenda o uso de roupas leves, sapatos fechados e confortáveis, protetor solar e garrafa para hidratação.
  • “Não tire nada daqui além de fotografias”, reforça Lucas Miranda. “A menor folha seca caída no chão é fundamental para o equilíbrio de todos os processos de vida aqui presentes”.
  • Confira as informações técnicas sobre a Trilha Krahô, escolhida para o passeio.
  • Veja as informações sobre a Semana do Cerrado.
  • Devido à pandemia, os banheiros, bebedouros e restaurantes estão fechados.
  • Consulte as restrições ao programa.

Com informações do JBB

fonte:AGÊNCIA BRASÍLIA 

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