Mostra Olhares Femininos
Cinemas francês e alemão sob as diversas perspectivas da mulher
De 16 a 25 de agosto, a Mostra Olhares Femininos: Cinema Francês e Alemão traz ao público brasiliense um breve panorama do trabalho de cineastas mulheres francesas e alemãs, no Sesc 504 Sul. A iniciativa é resultado da parceria entre o Goethe-Zentrum Brasília e a Aliança Francesa, que a partir dos recursos oferecidos pelo Fundo Cultural Franco-Alemão, buscou o apoio do Serviço Social do Comércio do Distrito Federal (Sesc). A curadoria é da professora Drª. Susana Dobal (UnB) e do professor e crítico de cinema Dr. Pablo Gonçalo (UnB). A entrada é franca.
Na abertura no dia 16 de agosto, às 18h, será exibido o filme Hannah Arendt, da cineasta alemã Margarethe von Trotta. Em seguida haverá debate com os curadores. A programação conta com 18 produções de autoras francesas e belgas como Agnes Varda, Claire Denis e Julie Gayet e diretoras alemãs como Helma Sanders-Brahms, Caroline Link e Valeska Grisebach, sendo seis de cada país em um intervalo histórico que vai dos anos 60 até obras atuais. O Brasil contribui com dois longas e quatro curtas essenciais da cinematografia nacional sobre a condição feminina à margem da nossa sociedade.
“O intuito do projeto é divulgar filmes mais raros de serem encontrados no circuito comercial e trazer ao público a produção de cineastas mulheres de seus países ao mesmo tempo em que reafirmam uma aliança cultural”, comenta Susana Dobal.
De acordo com Pablo Gonçalo, o conjunto dos filmes dessas realizadoras enfatiza temáticas como a sexualidade, uma visão feminina sobre mulheres que obtiveram protagonismos históricos, mas também uma visão de mundo bastante específica sobre acontecimentos dramáticos que circundaram a sua existência, além de abordar relações familiares, em estórias que envolvem mães, maridos, companheiros e filhos.
“De forma diferente, cada uma dessas narrativas enfatiza facetas da chamada ‘jornada da heroína’, que é como são conhecidos os ciclos dramáticos que possuem personagens femininas como protagonistas. Nesse conjunto, os direitos das mulheres apresentam dilemas dramáticos práticos, questões éticas factíveis e compartilham universos genuinamente femininos de forma estética e envolvente”, afirma.
A pergunta sobre se seria possível identificar um olhar genuinamente feminino não é fácil de ser respondida, a começar pelo fato de que cineastas homens podem ter uma sensibilidade que se aproxima do olhar feminino, assim como cineastas mulheres podem ter uma perspectiva mais masculina do mundo. “A mostra não busca uma resposta definitiva para essa questão e sim as possibilidades de olhares que têm em comum: não só uma maneira de abordar o mundo de forma menos espetacular, como uma temática que destaca questões que dizem respeito principalmente às mulheres, vistas por elas mesmas”, conclui Dobal.
De personagens históricas que ocuparam um espaço predominantemente masculino às mulheres que buscavam, diariamente, serem elas mesmas em uma condição meio banal e meio marginal, a mostra traz um panorama de vidas apreendidas por olhares que decifram o mundo com uma percepção singular e o espectador é convidado a lançar-se junto nessa descoberta.
Debate
Além do debate na abertura da mostra, haverá outro no dia 23 de agosto, às 20h, com as críticas de cinema doverberenas.com, projeto independente que, desde 2015, reúne mulheres pesquisadoras e atuantes no cinema brasileiro. Em sua trajetória, o Verberenas publicou textos, resenhas, críticas, vídeos, participou de debates e realizou curadorias com foco na temática feminina.
Workshop de roteiro
Nos dias 17, 18 e 24 de agosto acontece o workshop “A jornada da heroína – Narrativas para o protagonismo feminino”, das 9h às 12h, na videoteca do Sesc 504 Sul. A inscrição é gratuita e limitada a 20 pessoas. O curso pretende debater as ferramentas de escrita de roteiros cinematográficos com o objetivo de aprimorar as escolhas da construção de arcos narrativos para personagens femininas.
A partir da jornada do herói, consolidada por Joseph Campbell e disseminada no cinema por Christopher Vogler, será avaliado de que forma a protagonista feminina precisa romper com as estruturas da história e será proposto a jornada da heroína. Por meio dos estudos de Maureen Murdock, filmografia de diretoras e de narrativas orais, fábulas e histórias de matriz matriarcal, o curso apresenta orientações para uma estrutura do roteiro cinematográfico de protagonismo feminino.
Sobre os curadores
Pablo Gonçalo, UnB.
É professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, UnB e autor do livro O cinema como refúgio da escrita: roteiros e paisagens em Peter Handke e Wim Wenders (Annablume, 2016). Tem doutorado pela UFRJ, com passagem pela Universidade Livre de Berlim, como bolsista do DAAD. Seus ensaios focam nas trajetórias históricas de roteiristas assim como nos seus diálogos intermediáticos. Atualmente realiza pesquisa de pós-doutorado sobre roteiros não filmados na USP e como Fulbright Visiting Scholar da University of Chicago. Escreve críticas e ensaios para a Revista Cinética.
Susana Dobal, UnB.
É professora associada da Universidade de Brasília (UnB), graduada em Jornalismo, Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pela UnB. Tem especialização em Teoria da Literatura (UnB), mestrado em Fotografia (New York University/International Center of Photography), doutorado em História da Arte (City University of New York/Graduate Center) e pós-doutorado na Université Paris 8 e na Aix-Marseille Université. Foi professora convidada na École des Hautes Études en Sciences Sociales entre 1999 e 2001 (três meses por ano). Participou de mais de trinta exposições (fotografia instalação e vídeo). Tem experiência na área de Comunicação e Artes. Publicou o livro Peter Greenway and the Baroque: writing puzzles with images (Lambert, 2010) e artigos sobre fotografia, cinema, arte contemporânea. Desenvolve um blog dedicado a narrativas com fotografia e texto: www.fotoescritas.blogspot.com.
Confira a programação completa:
16/08
- 18h Hannah Arendt – Margarethe von Trotta
Alemanha, 2012 ? Drama ? 1h 53min
A filósofa Hannah Arendt e o marido fogem de campo de concentração nazista e se refugiam na América. Anos mais tarde, ela é convidada para cobrir o julgamento de Adolf Eichmann e escreve reportagens sobre o envolvimento de alemães e judeus na guerra.
Classificação indicativa: 12 anos
- 20h Debate com curadores
- 21h Coquetel de abertura
17/08
- 9h às 12h Workshop na Videoteca do Sesc
Os fundamentos da jornada da heroína
18/08
- 9h às 12h Workshop na Videoteca do Sesc
Laboratório criativo: que histórias você tem para contar
- 17h30 Rosa Luxemburgo – Margarethe von Trotta
Alemanha, 1986 – Drama/Filme policial ? 2h03min
Biografia da militante, oradora e teórica marxista Rosa Luxemburgo (1871-1919), representante do pensamento e da ação social-democrata na Europa. Rosa, a Vermelha, como era conhecida, visceralmente internacionalista e antibelicista, ao lado de Karl Liebknecht e outros colegas, funda a Liga Spartakus, embrião do futuro Partido Comunista Alemão e tenta arduamente impedir a 1ª Guerra Mundial.
Classificação indicativa: 12 anos
- 20h Noites Sem Dormir – Claire Denis
França, 1962 ? Drama/Música ? 1h30min
Em Paris, a cantora Cléo faz um exame para descobrir se está com câncer. O resultado sai em duas horas, então ela decide andar pelas ruas da cidade enquanto aguarda. Cheia de dúvidas sobre como deve agir diante da doença, acaba cruzando com Antoine, um jovem militar que está prestes a partir.
Classificação indicativa: 12 anos
19/08
- 17h30 Toni Erdmann – Maren Ade
Alemanha, 2016? Drama/Comédia ? 2h 42min
Os esforços de um pai de 68 anos para que sua filha, uma ambiciosa empresária, saia dos caminhos que estagnaram sua vida. O homem tenta alcançar um senso de humor e amor paterno.
Classificação indicativa: 16 anos
20/08
- 19h30 A Vida Doméstica – Isabelle Czajka
França, 2013 ? Drama ? 1h 33min
Um subúrbio residencial onde todas as mulheres são quarentonas, têm filhos para criar, casas para manter, maridos que chegam tarde em casa. Se Juliette já antes hesitava em ir morar ali, hoje ela tem certeza de não querer aquela vida. Um cargo importante na editoria pode mudar tudo para ela.
Classificação indicativa: livre
21/08
- 19h30 Western -Valeska Grisebach
Alemanha, 2017 ? Drama ? 2h 1min
Um grupo de operários alemães vai trabalhar em uma construção na fronteira entre a Bulgária e a Grécia. Esta terra estrangeira e sua bela paisagem despertam o espírito de aventura dos homens; porém, eles também precisam encarar seus próprios preconceitos e desconfianças devido à barreira do idioma e às diferenças culturais. O cenário torna-se rapidamente propício ao confronto quando os homens começam a competir pelo reconhecimento e favorecimento dos habitantes locais.
Classificação indicativa: 14 anos
22/08
- 17h30 Das Raízes às Pontas – Flora Egécia
Brasília, 2015 – curta-metragem/documentário – 20 min
Luiza tem 12 anos e fala com orgulho de seu cabelo crespo e sua ancestralidade. A história de Luiza é uma exceção. O cabelo crespo como elemento do tornar-se negro e ato político.
Os entrevistados, dos mais diversos perfis falam sobre o papel do cabelo crespo como elemento do tornar-se negro e como ato político contra imposições estéticas. Questionar os padrões de beleza, que são impostos cada vez mais cedo, além de tratar a afirmação do cabelo crespo como um dos elementos fundamentais da identidade negra são a principal temática do filme, que também avalia a aplicação da Lei 10.639/03 que regulamenta o ensino da História Afro-Brasileira e Africana nas escolas brasileiras.
Classificação indicativa: livre
- 17h50 Françoise Héritier e as Leis do Gênero – Anne-France Sion
França, 2009 ? Documentário ? 48 min
Héritier, antropóloga, desenvolveu suas ideias sobre a organização da relação hierárquica entre gêneros e suas origens. De sua pesquisa sobre parentesco, ela também destacou as várias regras de alianças e de filiação inventadas pelas sociedades. Filmado no Museu de História Natural e em sua casa na Grã-Bretanha, o documentário sobre Heritier pinta uma história de sua pesquisa desde seus primeiros terrenos na África até o Collège de France. Ela explica os métodos que desenvolveu para estabelecer registros de parentesco entre os Samo em Haute Volta, mostrando a sua complexidade. Ela fala de mitos de origem e, em particular, do papel das mulheres na procriação, evoca o interesse que teve em presidir o Conselho Nacional de AIDS e alerta a geração mais jovem, chamando-os a permanecer vigilantes sobre os modos de representação do masculino / feminino.
Classificação indicativa: 12 anos
- 19h30 Café com Canela – Glenda Nicacio, Ary Rosa
Brasil, 2017 ? Drama ? 1h 42m
Após perder o filho, Margarida vive isolada da sociedade. Ela se separa do marido Paulo e perde o contato com os amigos e pessoas próximas, até Violeta bater na sua porta. Trata-se de uma ex-aluna de Margarida, que assume a missão de devolver um pouco de luz àquela pessoa que havia sido importante para ela na juventude.
Classificação indicativa: livre
23/08
- 16h30 A Música e o Silêncio – Caroline Link
Alemanha, 1996 – Drama/Musical – 109 min
Os pais de Lara são surdos-mudos. Em consequência, ela teve de assumir responsabilidades desde muito cedo. Depois de concluir o ensino médio, Lara quer deixar a pequena cidade bávara para estudar música em Berlim. Isso acarreta consideráveis problemas na relação com o pai, problemas que são ainda acirradas com a morte da mãe.
Classificação indicativa: 11 anos
- 18h30 Sessão de curtas brasileiros:
– Meio Fio, da Denise Vieira, 20 min
– Peripatetico, 15 min de Jéssica Queiroz;
– Travessia, 5 mins, de Safira Moreira;
– O Mistério da Carne, 18 min, Rafaela Camelo.
- 20h Debate com realizadoras de Brasília e com críticas Verbernas.
24/08
- 9h às 12h Workshop na Videoteca do Sesc:
Apresentação dos resultados – composição de roteiros cinematográficos com protagonismo feminino.
- 15h Cléo de 5 a 7 – Agnès Varda
França, 1994 ? Drama/Mistério ? 1h 52m
Em Paris, a cantora Cléo faz um exame para descobrir se está com câncer. O resultado sai em duas horas, então ela decide andar pelas ruas da cidade enquanto aguarda. Cheia de dúvidas sobre como deve agir diante da doença, acaba cruzando com Antoine, um jovem militar que está prestes a partir.
Classificação indicativa: 12 anos
- 18h Alemanha, Pálida Mãe – Helma Sanders-Brahms
Alemanha, 1980 ? Drama/História ? 2h 10m
Durante o período nazista na Alemanha, Lene e Hans se casam. O marido é convocado para lutar na 2a. Guerra e Lene entra em trabalho de parto durante um ataque aéreo. Agora, ela e a pequena Anna lutam pela vida.
Classificação indicativa: 12 anos
- 20h30 Odisseia de Alice – Lucie Borleteau
França, 2014 ? Drama/Romance ? 1h 37m
Alice é engenheira especializada em cargueiros e tem um namorado que a espera em solo. Durante as viagens, ela reencontra um antigo amor e pensa que esta pode ser a oportunidade de reatar com um dos únicos homens que realmente amou.
Classificação indicativa: 12 anos
25/08
- 16h30 Jeanne B par Agnes V – Agnès Varda
França, 1988 ? Fantasia/Fantasia ? 1h 37m
Jane B. par Agnès V. é um docudrama francês de 1988, dirigido por Agnès Varda e estrelado pela atriz franco-inglesa Jane Birkin.
Classificação indicativa: 12 anos
- 18h30 Que Horas Ela Volta? – Anna Muylaert
Brasil, 2015 ? Drama/Comédia ? 1h 54m
A pernambucana Val se mudou para São Paulo com o intuito de proporcionar melhores condições de vida para a filha, Jéssica. Anos depois, a garota lhe telefona, dizendo que quer ir para a cidade prestar vestibular. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, porém o seu comportamento complica as relações na casa.
Classificação indicativa: 12 anos
SERVIÇO:
Mostra Olhares Femininos: Cinema Francês e Alemão
Data: 16 a 25 de agosto
Horário: confira a programação no site
Local: Sesc 504 Sul
Entrada franca
Inscrições workshop: bit.ly/ajornadadaheroina
Informações: 3244-6776 ou cultura@goethebrasilia.org.br
Página do evento: https://bit.ly/2MOwNZ6