Paula Belmonte surge como opção para o GDF em 2022.
A deputada federal se destacou como uma das principais críticas à atual gestão
Depois de dois anos de mandato, a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) se consolidou como uma das principais vozes de oposição ao governador Ibaneis Rocha (MDB). “A impressão que eu tenho é que ele largou a cidade à própria sorte. Nós assistimos a prisão de toda a cúpula da Secretaria de Saúde e nenhuma palavra ou ação do governador sobre isso”, disparou.
Fortalecida pela atuação de destaque no Congresso Nacional – figura entre as parlamentares mais atuantes da bancada do Distrito Federal – Paula Belmonte é nome certo para uma disputa majoritária em 2022. Ela já iniciou conversas com lideranças e grupos políticos que tenham propostas mais conectadas aos reais problemas dos cidadãos.
Qual é avaliação que você faz do Governo do Distrito Federal?
É um governo desconectado da realidade da população. A impressão que se dá é que a prioridade é dar publicidade aos feitos e não resolver os problemas. A saúde já estava caótica e a pandemia só sobrecarregou mais ainda os hospitais. A Operação Falso Negativo deixou bem claro que, aos olhos de alguns mal-intencionados, a Secretaria de Saúde é só uma mina de ouro. O governador passa mais tempo viajando no avião particular do que em Brasília, resolvendo os problemas da cidade. É um descaso.
Como você vê a atuação do governador Ibaneis Rocha durante a pandemia?
A impressão que eu tenho é que ele largou a cidade à própria sorte. Nós assistimos a prisão de toda a cúpula da Secretaria de Saúde e nenhuma palavra ou ação do governador sobre isso. Demorou uma eternidade para substituir servidores da confiança dele que estavam presos na Papuda. Durante a Comissão Especial da Covid-19 no Distrito Federal nós tentamos esclarecer e ajudar o governo em relação ao que estava acontecendo, mas esbarramos na falta de transparência e muitas vezes de competência. É por isso que nós defendemos um Estado mais eficiente e profissional, para que os cidadãos percebam as políticas públicas de qualidade.
Quais os principais destaques do seu mandato até agora?
Sou autora do projeto que criou o Biênio da Primeira Infância. Defender as crianças é minha principal bandeira e, justamente por isso, ingressei na política. O projeto instituiu o período de 2020 a 2021 como o “Biênio da Primeira Infância do Brasil”. A lei prevê a realização de atividades para informar a sociedade e os governos da importância de promover o desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida. Também tive a honra de articular a aprovação do projeto de lei que prorroga a licença maternidade para mães de bebês prematuros. Assim, o período de afastamento do trabalho só começa a contar após a alta médica. O Brasil só será uma nação desenvolvida quando as crianças forem prioridade. Elas são o nosso futuro, o nosso investimento certeiro.
Foi complicado no último ano apresentar resultados com as atividades presenciais suspensas?
Em 2020, em coautoria com outros deputados, consegui aprovar quatro projetos, mesmo com a Câmara dos Deputados em funcionamento remoto por conta da pandemia. Acho que ser eficiente não depende só de trabalho presencial. Meu gabinete seguiu trabalhando até mais do que antes. Participei da Comissão Externa do Coronavírus na Câmara e pude contribuir para ações de combate à pandemia. Esse período difícil que estamos vivendo não pode ser desculpa para nos escondermos e criarmos dificuldades além das que já existem.
Você pensa em se candidatar a algum cargo majoritário ou vai tentar a reeleição?
Meu objetivo é fazer um mandato que atenda verdadeiramente a população do Distrito Federal. Em 2019, fui eleita a melhor parlamentar do Distrito Federal e uma das 20 melhores do Brasil pelo Ranking dos Políticos. Em 2020, entrei para o ranking dos parlamentares mais produtivos sem utilizar dinheiro público, sem gastar cota parlamentar. Abri mão de todos os privilégios, como auxílio-moradia, aposentadoria especial, plano de saúde e apartamento funcional. Estou focada em fazer um bom trabalho. Por enquanto, estou apenas conversando com lideranças dispostas a construir um governo sério e competente.
Para você, quais devem ser as características do próximo governador do DF?
Deve ser alguém que pense em gerar emprego e oportunidades para a cidade. Os programas sociais são importantes, mas o maior serviço que se pode prestar a alguém é dar um trabalho. A partir do momento em que conseguem uma renda, as famílias se afastam de problemas que a pobreza gera. Precisamos capacitar os jovens, dar condições para o empreendedorismo, atrair grandes empresas e criar um ambiente saudável para os pequenos empresários. Por outro lado, é necessário profissionalizar o governo. Uma gestão eficiente vai trazer muitos benefícios ao cidadão. Eliminar a burocracia, ter pró-atividade para enfrentar os desafios. O governo não pode agir somente quando acionado. Estamos cansados de governadores que só mostram serviço perto das eleições.
No campo da educação, o que é possível fazer?
Em primeiro lugar, universalizar as vagas de creche. Todas as mães precisam ter acesso aos centros de primeira infância. Temos uma fila de 20 mil famílias esperando para serem atendidas. A mãe precisa voltar a trabalhar e a criança pode receber estímulos importantes nos primeiros anos de vida. Daí em diante, as escolas têm que ter uma infraestrutura de qualidade, utilizando recursos tecnológicos e sendo mais atrativas para evitar a evasão escolar. Precisamos apostar em um ensino que seja profissionalizante e se estimule o empreendedorismo. As boas ideias precisam ser valorizadas. A educação precisa entrar no Século 21.
E como estimular esse ensino voltado ao empreendedorismo?
As escolas técnicas são muito importantes nesse processo. Durante muito tempo, o ensino técnico foi deixado de lado, valorizado e até estigmatizado. Muita gente não queria fazer por causa do preconceito. Mas são funções de suma importância e vários setores têm carência de profissionais por falta de qualificação. Sobre estimular o empreendedorismo, eu sou autora de um projeto de lei que cria a empresa jovem, a exemplo das empresas juniores. Essas são empresas que funcionam dentro das universidades e fazem os alunos aprenderem na prática. Hoje em dia, os estudantes do ensino técnico não podem fazer parte dessas empresas, então por isso sugerimos a criação das empresas jovens. O Instituto Federal de Brasília tem projetos fantásticos, comandados por alunos do ensino técnico, que muitas vezes atendem a outras empresas e à comunidade. É esse espírito que precisamos estimular.
Você se destacou na CPI do BNDES. Como vice-presidente da comissão, qual foi o maior desafio que enfrentou?
Foi um trabalho de muita dedicação e o meu maior desafio na comissão foi reunir informações qualificadas e confiáveis sobre o sofisticado esquema de corrupção que envolveu o BNDES, o grupo JBS, irmãos Batista e diversos integrantes do primeiro escalão das gestões anteriores. Na minha atuação na CPI, trabalhei para que os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff fossem indiciados, o que não se concretizou na etapa final da comissão. Apesar disso, foi uma prestação de serviço importante à sociedade com indiciamento de 52 pessoas. Os resultados finais foram entregues ao procurador-geral da República, Augusto Aras, e a representantes de diversos órgãos de controle.
