Segundo matérias e estudos divulgados recentemente, cerca de 80% das empresas familiares não se sustentam no controle após a terceira geração; ou estes negócios são vendidos ou deixam de existir.
O desafio está na transmissão do conjunto de valores, regras, princípios e rituais para as gerações futuras, garantindo a coesão e a manutenção da cultura familiar.
A medida que cresce a família e os negócios, outro desafio aparece, garantir que todos se sintam incluídos de forma respeitosa, colaborativa e efetiva.
Para auxiliar no crescimento sustentável dos negócios e nas boas relações humandas, muitas familias vêm realizando investimentos em governança, planejamento estrégico, gestão, melhoria e automação de processos, tecnologia, desenvolvimento de pessoas, adequações patrimoniais e tributárias e estratégias de marketing.
Segundo John Davis, considerado a maior autoridade mundial em gestão de empresas familiares, Presidente do Owner Managed Business Institute, líder do programa de educação executiva Families in Business: from Generation to Generation na Harvard Business School, “Se você quiser sobreviver em uma empresa familiar, você precisa organizar a família.”
Seguindo essa referência, quando se deseja desenvolver profissionalismo em uma sociedade familiar é fundamental definir alguns pontos:
• as questões da família devem ser tratadas na esfera da família;
• as questões da empresa na esfera da empresa;
• as questões do patrimônio na esfera do patrimônio.
Isso parece fácil, mas lembre-se que é dificil separar as ações e as discussões no dia-a-dia. Essa é uma tarefa que requer foco e pragmatismo por parte dos sócios, mas o resultado evita conflitos, melhora a relação familiar, reduz riscos e desperdícios, bem como proporciona controles efetivos.
Contudo, realizar a profissionalização da gestão familiar também se refere a tratar com responsabilidade, o futuro da empresa, proteger a saúde, a relação familiar e a sobrevivência da sociedade.
Nesse sentido profissionalizar a gestão significa criar regras gerais a que se subordinem sócios, herdeiros, gestores e colaboradores, mantendo como foco principal, o atendimento da visão empresarial e a perpetuação do negócio.
Sugere-se então, que seja instituido um modelo de governança profissional, onde usos e costumes estabelecidos desde o início da operação, devem ser repensados e, ou eliminados.
As relações familiares devem continuar mesmo dentro do ambiente do negócio, mas a relação de trabalho e de carreira destes e dos demais colaboradores devem ser baseadas em comprometimento e em resultado.
Para se atribuir profissionalização na gestão familiar, deve-se:
• Separar as questões pessoais as da empresa, por intermédio da definição do acordo entre os sócios, que após aprovado, passe a reger as relações entre sócios, familiares e gestores.
• Definição do plano de seleção e de carreira para os sócios, os familiares e os funcionários.
• Definição de um modelo efetivo de sucessão e encarreiramento dos sócios e membros das famílias envolvidas.
• Redefinir a estrutura organizacional possibilitando o desenvolvimento da governança e a separação dos assuntos a serem tratados em cada forum, como por exemplo: conselho de família, conselho de sócios, adminstração etc.;
• Definir a função e as autonomias de cada nível hierárquico;
• Manter o foco das decisões aos resultados;
• Preparar a organização para um outro tipo de relacionamento baseado em mérito, desempenho e compromisso;
• Manter o programa de gestão do desempenho, desenvolvendo indicadores de performance efetivo para cada nível hieraquico da empresa;
• Desenvolver e manter formas de recompensa ou encarreiramento;
• Definir, acordar e divulgar as diretrizes, objetivos e metas da atual gestão;
• Desenvolver e cumprir agenda de compromissos de governança com os sócios e com os principais profissionais da empresa.
O foco dos atuais gestores também deve estar no desenvolvimento de competências e na formação dos familiares que vão exercer funções na operação, gestão ou direção da empresa, entretanto deve-se investir em formação de conselheiros para aqueles que não estarão no dia a dia do negócio, mas que por interesse societário devem compreender sobre a governança do negócio.
É necessário entendimento do que se espera do negócio como um todo, suas perspectivas, objetivos de crescimento e, em especial, é preciso conseguir equilibrar as necessidades dos familiares, dos sócios e das demandas do mercado.
Compartilhar a visão do negócio de forma inspiradora e criativa, sobre o futuro da empresa é a base para criar, entre os sócios e os gestores, o alinhamento necessário para que se compartilhe e se trabalhe em conjunto em prol de objetivos comuns.
Esse modelo possibilita que os gestores possam cumprir com suas responsabilidades, perpetuando o negócio.