Rogério Tokarski, o agricultor da saúde preventiva por meio de alquimia.
Dono da Farmacotécnica, rede de farmácias de manipulação, em Brasília, Tokarski atua no mercado da capital desde 1976. Os medicamentos alopáticos são resultados de um lindo cultivo de plantas e flores numa aromatizada chácara no Vargem Bonita.
Viagem no tempo
“Quando saímos do asfalto na Vargem Bonita, uma região arborizada do Park way, bairro diferente de Brasília com suas imensas propriedades, acessamos a estrada de terra, e me veio a lembrança do presidente Juscelino Kubitschek e Uema San, japonês vindo de São Paulo que aqui estava para conhecer um projeto que Nonô (apelido de JK) gostaria que ele o conduzisse”.
Em diálogo franco, Uema diz a JK “terra é muito ruim”. Na ‘bucha’, Kubitschek com igual sinceridade responde: “se a terra fosse boa eu não precisaria de você, aqui”.
Convite aceito, missão cumprida. E a partir daí a vargem bonita, localizada entre as quadras 16,17 e 18 do bairro Park way, a fazenda da Universidade de Brasília e a área de segurança da aeronáutica (aeroporto) virou um grande Cinturão Verde. E tudo está lá até os dias atuais. E o melhor: altamente produtivo.
Em algum lugar além do verde
No percurso até a chácara da Farmacotécnica, grupo de farmácias de manipulação, atuante no mercado do DF desde 1976, tem se a impressão que na cartela de cores da natureza o verde tem mais do que 50 tons. É bucólico!
Enquanto aguardo a chegada de Rogério Tokarski, proprietário, administrador dos negócios -, chegar cedo, pouco antes do horário marcado, é hábito de jornalista. Ao meu lado, a repórter fotográfica, Núbia Paula, não se conteve ao registrar tudo com uma ansiedade verde contagiante. Eu dizia: “espere o Rogério chegar”. Ela responde: “depois eu fotografo novamente”, e sai metendo o pé na terra molhada.
Estamos há 90 dias sem uma gota d’água na capital, mas a chácara, onde eu aguardava, estava linda e bem cuidada: recebe irrigação contínua para manter a produção. Explico: para não perder o costume, Brasília continua com clima seco todos os anos. Parece chegar mais cedo a cada virada, mas sempre com ápice em agosto -, quando para se proteger, os ipês se enchem de cor e nos presenteia com um amarelo para ninguém botar defeito.
A espera poderia ter sido eterna. Reclamar nem passou pela cabeça se a minha frente estava um pé de cajá manga, forrado de fruto, e galhos alcançáveis com facilidade. E outra: havia tempo de sombra. Pontualmente, Rogério chega sorridente e me pega no flagra, literalmente já degustando do segundo fruto. Neste momento ou você perde a piada ou perde a entrevista, perguntei a ele: “o que faço agora? Fui pego em flagrante com o fruto do roubo nas mãos”. Ele responde: “coloque no seu carro. Vamos conhecer a propriedade e trabalhar”. Trabalhar é a marca registrada dele.
Trabalho aromático
Esse Farmacêutico catarinense inaugurou a primeira loja em 1976. Dotado de perfil inquieto, ele é daqueles que aposta no melhor. Neste mesmo ano, eu, Edson, conheci uma loja que funcionava no edifício das pioneiras sócias, no setor hospitalar sul. O estabelecimento era aromático, cheirava a raízes, folhas, um bálsamo inebriante de natureza. Na farmácia alopática, como é o caso da Farmacotécnica, 60% dos remédios industrializados tem a flora como insumo principal.
Tokarski é um pioneiro que atua em vários segmentos empresariais e ainda contribui fortemente nas entidades de classe do setor de comércio e pecuária.
Em meio a mais de 40 variedades de plantas e centenas de canteiros fica nítido no brilho dos olhos do nosso entrevistado que estamos diante de um agricultor de saúde, entre uma plantação de um canteiro e outro, vai falando de coisas que fazem lembrar bons tempos, quando mãe, avó, e tias diziam “vou fazer um chá, já já isso passa”. E passava! Alquimia de vó é batata.
Como uma coisa leva a outra, lá fomos nos beneficiar da planta de Aloe Vera, “popular babosa”. Com um pequeno corte, um gel que serve como shampoo, curar machucados, fortalecer os fios e promover um poderoso antídoto antiqueda.
Amigo de Abelhas e de Gente
Esse encantamento que Rogério vai causando entre um canteiro e outro se prova por onde passa. Em cada rico espaço há uma placa com o nome cientifico popular e a indicação medicinal de cada planta. Diante do experiente farmacêutico, chego a conclusão que os tratamentos de saúde têm alternativa natural -, contraria a alopatia e pode apresentar o mesmo resultado, só que de maneira menos agressiva.
Ele pede desculpa e atende uma ligação: “é importante”. Do outro lado, um político tradicional, liga para agradecer a medicação que recebeu. Estava no modo viva voz, então, fatalmente eu escutei a conversa.
Continuamos nossa caminhada até chegar num local cheio de abelhas simpáticas que parecem amigas do Tokarski. Fico meio apreensivo, mas ao lado dele parece tudo vai bem. Neste canteiro de camomila florido, ele me pergunta “sabe por que as abelhas estão aqui? “. Parecendo óbvio, respondo, “pelas flores … “. Ouço a negativa: “elas estão aqui porque não tem defensivo agrícola.
Mastigando uma folhinha aqui, outra ali, no canteiro adiante, provei uma daquelas que literalmente parece remédio. Não estava ruim não, mas de imediato de outro canteiro, ele me presenteia com a folhinha Stevia in natura, supreendentemente 400 vezes mais doce que o açúcar de cana. Acho que foi tática feliz: primeiro o amargo, depois o melodioso.
O pote de mel no fim do arco-íris
Nossa visita chegando ao fim, e eu me sentindo como aqueles meninos de escola em dia de passeio no campo com o professor.
Voltava feliz da vida. Carro lotado de folhas, mudas e plantas, e lógico, meus 10 cajá manga. Despedimo-nos com vontade de voltar.
No caminho para o plano piloto, começo talvez a entender porque os clientes de Farmacotécnica parecem estar todos zens, aquela imagem de quem tem a prevenção, o cuidado e o zelo pelo seu corpo e naturalmente e pela natureza.
E por estar com sentimento aflorado com lembranças afetivas dos cuidados de minha mãe. Para matar as saudades, já antecipei que chegaria em casa e faria um chá! Agora, tenho a certeza de que saúde é um patrimônio. Devemos zelar e tratar de forma preventiva. As plantas seguramente é a resposta para isso.
Serviço:
receitas@farmacotecnica.com.br
Seg. a Sex.: 8h às 20h / Sábados: 8h às 14h (feriados e datas comemorativas esse horário pode ser alterado).