“SALVADOR AVERSA- O OLHAR DE UM COLECIONADOR”

Neto presta uma homenagem e remonta a história do avô através de uma exposição no MAB-Museu de Arte de Brasília

O gosto pela arte atravessa gerações na família Aversa. O avô Salvador foi um grande colecionador, o filho Paulino artista plástico e o neto Antonio marchand e galerista. Mesmo sem ter conhecido o avô, ele sempre foi uma fonte de inspiração para o neto, que cresceu ouvindo histórias sobre esse homem que veio para Brasília em 1958 ajudar na construção da capital a convite de Juscelino Kubitschek. Aqui, o engenheiro civil paulista, formado em Minas Gerais assumiu várias posições de destaque e em 1970 foi presidente da Novacap. A construção da cidade modernista de Oscar Niemeyer, com traçado de Lúcio Costa era notícia no mundo inteiro como uma grande epopeia.

Salvador vivia o auge do modernismo, quando conheceu Oscar Seraphico, grande galerista da época, e com quem começou a se interessar cada vez mais pelo mundo das artes e a adquirir pinturas e peças de grandes nomes como Inimá De Paula, Alberto Guignard, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Arcangelo Ianelli, Rubem Valentim, Farnese de Andrade, Milton da Costa, Ismael Nery e Carlos Scliar, entre outros.

“Fazer uma exposição com as obras de arte que fizeram parte da coleção do meu avô foi à forma que encontrei de prestar minha homenagem a esse homem com quem, apesar de não ter conhecido, me identifico e sinto uma ligação muito forte”, afirma o neto Antonio, que também assina a curadoria da mostra. “Salvador Aversa- o Olhar de um Colecionador” terá cerca de 60 obras expostas no MAB-Museu de Arte de Brasília- de 27 de julho a 27 de agosto-, que vai levar o visitante a percorrer o caminho das artes plásticas brasileira do século XX, sob o olhar de alguém que conviveu com artistas como Athos Bulcão e Burle Marx, dos quais se tornou amigo durante a construção da cidade. “Suas escolhas passavam mais por um critério emocional do que pela valorização das obras. Ele comprava o que tocava seu coração”, faz questão de afirmar o neto, que acredita que o gosto do avô pela pintura começou com os artistas mineiros que tão bem retratavam as paisagens de Minas Gerais, quando ele ainda era estudante.

A exposição é um resgate de uma coleção compostas por obras que fazem ou fizeram parte do acervo da família Aversa. Um legado de um avô que é retribuído, em forma de exposição, pelo seu neto para manter eterno e forte o laço que os une.