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sexta-feira, junho 20, 2025

AFINAL, DINHEIRO TRAZ FELICIDADE?

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Não. E sim. A resposta conflitante dessa pergunta envolve economia, psicologia e até a nossa visão de mundo. O dinheiro, por si só, não compra felicidade, mas a falta dele pode causar sofrimento. É impossível ignorar que uma vida sem preocupações financeiras proporciona segurança, conforto e liberdade para fazer escolhas. No entanto, estudos mostram que, depois de um certo nível de renda, o impacto do dinheiro na felicidade começa a diminuir.
Daniel Kahneman, psicólogo vencedor do Prêmio Nobel de Economia, conduziu uma pesquisa reveladora sobre o tema. Segundo seu estudo, publicado em 2010, a felicidade emocional aumenta com a renda, mas apenas até um certo ponto – aproximadamente 75 mil dólares anuais nos Estados Unidos (valor ajustado com a inflação). Após esse patamar, ganhar mais dinheiro não impacta significativamente o bem-estar diário. O motivo? Quando as necessidades básicas são atendidas – alimentação, moradia, saúde e um pouco de lazer – o excesso de dinheiro não altera a qualidade das emoções cotidianas.

Isso explica por que milionários nem sempre são mais felizes do que pessoas de classe média. O sociólogo Richard Easterlin já havia apontado esse fenômeno em sua famosa “Paradoxo da Felicidade”: países mais ricos, apesar de terem melhor qualidade de vida, não necessariamente possuem habitantes mais felizes. A razão disso está na adaptação hedônica – a capacidade humana de se acostumar rapidamente a novos padrões de vida. A princípio, um carro de luxo ou uma casa enorme podem trazer alegria, mas, com o tempo, tornam-se normais, e a busca por mais nunca acaba.
Além disso, dinheiro pode gerar problemas inesperados. Pessoas que herdam fortunas ou ganham na loteria frequentemente enfrentam depressão e ansiedade. O caso de Jack Whittaker, vencedor de 315 milhões de dólares na loteria americana, ilustra bem isso. Após a vitória, sua vida se tornou um caos, com problemas familiares, perda de amigos e até crimes envolvendo sua fortuna. Isso prova que dinheiro, sem um propósito ou equilíbrio emocional, pode ser uma armadilha.

Mas, então, qual é o segredo? A resposta parece estar no modo como usamos o dinheiro. O psicólogo Michael Norton, de Harvard, descobriu que gastar dinheiro com experiências e com outras pessoas aumenta a felicidade mais do que gastá-lo apenas consigo mesmo. Viagens, jantares com amigos e até doações para causas importantes geram um bem-estar mais duradouro do que a compra de bens materiais.

Isso não significa que o dinheiro seja irrelevante – longe disso. Ele é um facilitador, mas não um fim em si mesmo. A verdadeira felicidade está na forma como lidamos com ele. Se usado para proporcionar tempo de qualidade, segurança e propósito, o dinheiro pode, sim, contribuir para uma vida mais feliz. Mas se for apenas uma obsessão, pode levar a um ciclo infinito de insatisfação. Como dizia Epicuro, filósofo grego: “Nada é suficiente para quem considera pouco o suficiente.”

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