Allan Watts, filósofo e escritor britânico, tem uma frase poderosa que nos convida a refletir:
“Nenhuma quantidade de ansiedade faz qualquer diferença para qualquer coisa que vai acontecer”.
Essa afirmação desmistifica um dos hábitos mais destrutivos da nossa mente: preocupar-se excessivamente. Afinal, quem nunca passou noites em claro pensando em problemas que, no final, resolveram-se sozinhos ou sequer se materializaram?
Ansiedade, muitas vezes, é uma projeção do futuro. Watts acreditava que nossa sociedade tem a tendência de se desconectar do presente, alimentando cenários hipotéticos que nunca se concretizam. Ele dizia que a ansiedade é como tentar resolver equações de um problema que nem existe ainda. Isso nos desgasta emocionalmente e, ironicamente, não nos prepara melhor para enfrentar o que está por vir.
A Bíblia, em Mateus 6:34, ecoa essa ideia: “Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados. Basta a cada dia o seu mal.” Essa passagem nos lembra que a ansiedade rouba o foco e a energia do presente, que é o único tempo que realmente temos controle.
Viver no presente é, portanto, tanto um ato de fé quanto de sabedoria prática.
Para exemplificar, imagine um estudante antes de uma prova importante. Ele passa dias atormentado por pensamentos de fracasso, revisando na mente os piores cenários. Mas quando o grande dia chega, ele percebe que o estudo já feito e a concentração durante o exame foram o que realmente importaram. A ansiedade, embora parecesse inevitável, não fez absolutamente nada para melhorar seu desempenho. Watts argumentava que a mente humana, ao permitir essa preocupação constante, cria uma “ilusão de controle”, algo que é, na verdade, impossível.
Psicólogos modernos também corroboram essa visão. Carl Rogers, um dos grandes nomes da psicologia humanista, afirmou que o crescimento pessoal e a paz interior só são alcançados quando aceitamos a vida como ela é, em vez de nos fixarmos em um futuro imprevisível. Ele defendia que a ansiedade é um reflexo de nossa resistência em aceitar a incerteza.
E como combater esse hábito? Allan Watts sugeria práticas simples, mas profundas, como a meditação e a atenção plena. Ele acreditava que estar presente, consciente de cada respiração e momento, era o antídoto para a ansiedade. É como se dissesse: “Confie no fluxo natural da vida.” Essa filosofia pode ser difícil de adotar em um mundo acelerado, mas pequenos passos podem transformar essa relação com o tempo e o futuro.
É importante lembrar que a ansiedade é, em última análise, um hábito mental aprendido. Aristóteles dizia que “somos aquilo que fazemos repetidamente”, e isso inclui nossos padrões de pensamento. Assim, escolher conscientemente redirecionar nossos pensamentos para o agora é um ato de virtude e crescimento pessoal.
Watts não negava que nos prepararmos para o futuro é necessário, mas insistia que não devemos permitir que nossa paz seja roubada por cenários que, na maioria das vezes, nunca acontecerão. A verdadeira sabedoria está em agir no presente com serenidade, reconhecendo que nenhuma quantidade de ansiedade mudará o que o futuro reserva. Afinal, viver plenamente significa aceitar a incerteza e confiar no momento presente como o único espaço onde podemos realmente fazer a diferença.