Brasil dá passos para alcançar a igualdade de gênero no meio esportivo
Por Gabriel Torres
com supervisão de Raquel Paternostro
Projeto de Lei 3637/19 é aprovado e proíbe a desigualdade na premiação entre homens e mulheres, desde que a renda seja fruto de dinheiro público ou de entidades que recebem essa verba. Relembre como e quando essa briga foi, de fato, comprada pela população brasileira
De uns tempos pra cá a igualdade entre gêneros é uma pauta que está sendo bastante falada nas rodas de conversas entre amigos até as discussões mais acaloradas nas redes sociais. Os acontecimentos em alguns eventos que o Brasil recebeu a nível mundial, principalmente a Copa do Mundo FIFA 2014 e Olimpíadas Rio 2016, abriram uma brecha para contextualizar os debates relacionados ao assunto com o esporte. Não lembra muito bem quais foram os fatos? A 61 Brasília vai refrescar a sua memória!
O estopim para o levante
Apesar de ter conquistado o último título que restava na categoria, a Seleção Masculina de Futebol teve uma sequência de más atuações na primeira fase das Olímpiadas Rio 2016, empatando por 0x0 com o Iraque e com a África do Sul nos dois primeiros jogos. Já a seleção comandada por Marta e Cristiane deram aula de futebol e aplicaram dois “chocolates”, um de 3×0 e outro de 5×1, na China e na Suécia, respectivamente. O que levou os torcedores a questionarem a qualidade dos jogadores canarinhos.
Um dos momentos de mais destaque neste ponto da competição foi quando a radialista Bruna Muraro encontrou uma criança que tinha riscado o nome de Neymar da própria camisa e escreveu o de Marta. Após tirar uma foto do garotinho de costas e publicar nas redes sociais, o post viralizou e apareceu em diversos programas esportivos do Brasil. Depois disso, a procura pela camisa da cinco vezes melhor jogadora do ano pela FIFA aumentou e foi descoberto que a Nike, fornecedora de material esportivo, não tinha a camisa para vender. O que causou revolta nos internautas que subiram hashtag: #saineymarENTRAMARTA.
A partir daí surgiu uma onda de questionamentos e comparações sobre a inferioridade dos valores pagos às categorias femininas, tanto em salário como patrocínios. No mesmo evento, o ticket para final feminina de vôlei custava 33% a menos em relação ao masculino, segundo levantamento da Agência Lupa na época. Para dar o exemplo de outra competição, a Seleção Feminina de Vôlei do Brasil venceu o Gran Prix e recebeu um prêmio de apenas US$ 200 mil, 60% a menos do que os homens. O vencedor da Liga Mundial, torneio equivalente na categoria oposta, ganhou US$ 1 milhão, ou seja, 5 vezes mais.
Assim caminha a igualdade
Segundo o estudo do Fórum Econômico Mundial, a igualdade de gêneros só será possível em 2095 – quem viver verá. Contudo, o Brasil já está dando alguns passos para que isso aconteça. O Projeto de Lei 3637/19, foi aprovado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados. O PL proíbe a desigualdade de valores dos prêmios pagos a atletas de ambos os gêneros quando efetuados com dinheiro público ou se for pago por entidades beneficiadas por esses recursos.
Com isso, a proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões do Esporte; e de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara. Caso seja aprovada, a Lei Pelé, cujo texto já foi passado no Senado, será alterada. O relator, deputado Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT), foi conivente com a aceitação do projeto, que tem autoria da senadora Rose de Freitas (Podemos-ES). Ele afirma que a medida pode ajudar corrigir uma injustiça em relação à atuação das atletas mulheres nas competições esportivas do País.