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quinta-feira, novembro 21, 2024

Coletivo Instrumento de Ver volta ao Brasil para última turnê do espetáculo circense ’23 fragmentos desses últimos dias

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Após três anos de temporadas de sucesso na Europa, o coletivo se despede do espetáculo com apresentações em Brasília e São Paulo

Depois de percorrer 5 países, 35 cidades e lotar dezenas de teatros mundo afora, com cerca de 30 mil espectadores, o espetáculo circense “23 fragmentos desses últimos dias” volta ao seu país de origem para se despedir do palco, ou melhor, do picadeiro. As últimas apresentações da obra franco-brasileira, idealizada pelas artistas circenses do coletivo Instrumento de Ver e pela circógrafa francesa Maroussia Diaz Verbèke, acontecem em Brasília, cidade natal do coletivo, nas datas 1 e 2 de junho e em São Paulo, de 14 a 30 de junho.

Desde que chegou ao país, em abril deste ano, o espetáculo percorreu importantes festivais de circo de cidades icônicas: Recife, no Festival de Circo do Brasil, e Rio de Janeiro no Festival do Teatro Brasileiro. Em Brasília, as apresentações acontecem no âmbito do 3º Arranha-Céu – Festival de Circo Atual.

A boa notícia para os candangos é que a compra será liberada, em breve, pelo Sympla.

O espetáculo

Em cena, o circo, os ritmos e as expressões culturais como o forró, o maracatu, o frevo e até o passinho carioca se unem a temáticas relevantes como a democracia, a demarcação de terras indígenas e o racismo. Tudo acontece em meio ao impressionante manejo de objetos não descartáveis. E, para completar a mistura, a trilha sonora, composta apenas por músicas nacionais, foi cuidadosamente pensada para compor com os fragmentos, criando ritmo e envolvendo a plateia. A playlist, resultado da curadoria cuidadosa do brasiliense Cícero Fraga e do francês Loïc Diaz Ronda, celebra a música brasileira e contagia gringos e brasileiros em cada apresentação.

No picadeiro, as artistas Beatrice Martins, Julia Henning e Maíra Moraes, integrantes do coletivo Instrumento de Ver, compartilham a cena com um trio brasileiro e bem variado: o dançarino carioca André Oliveira, o frevista e contorcionista pernambucano Lucas Maciel e Marco Motta, circense baiano radicado na Espanha.

“Tudo começou com essa vontade de falar com o corpo, com garrafas, com vidro, lâmpadas e o plástico bolha. É impossível identificar de onde vem esse desejo que tanto movimenta. Mas, olhando para trás, podemos ver as montanhas que ele moveu e as pontes que construímos para atravessar mundos”, relembra Maíra.

Após uma circulação de três anos, realizada em parceria com a companhia francesa Le Troisième Cirque, que resultou em um grande sucesso de público, de críticas e uma pertinente repercussão na imprensa internacional, o espetáculo segue provocando reflexões sobre temas agudos. E, como não poderia ser diferente, em se tratando do time de artistas que compõe a obra, “23 fragmentos desses últimos dias” continua impressionando a plateia com apresentações ousadas e performances circenses arriscadas como o equilibrismo, o faquirismo, o contorcionismo e a acrobacia.

“Vivemos uma grande aventura circulando o nosso espetáculo entre o Brasil, a França, a Bélgica e a Suíça. De 2021 pra cá, vivemos toda a intensidade possível de uma vida itinerante, muito bem acompanhadas de nosso trio de amigos. Voamos de lá pra cá, de cá pra lá, de olhos fechados, sorriso no rosto e com muito sangue nos olhos”, comenta Beatrice, com um quê de saudade.

Despedida em casa

Para a alegria dos candangos, Brasília,  cidade natal do coletivo, está entre as cidades do Brasil que recebem as últimas apresentações do espetáculo.  De acordo com Julia Henning, o esforço para encerrar o espetáculo no Brasil foi coletivo.

“Estar fora nos trouxe questionamentos profundos sobre o nosso fazer e nossa identidade artística. Agora voltamos pra casa para nos ver a partir dos olhos dos brasileiros. Fizemos de tudo para encerrar este projeto no Brasil. Estamos em um misto de emoção que só as despedidas podem provocar. Por aqui, estamos felizes em contar com a nossa equipe brasileira: Cícero Fraga, Euler Oliveira e Gabi Onanga, parceiros de longa data, abrilhantando a nossa técnica. Olhando assim, até parece o fim do caminho, mas sabemos que é daí que surge essa habilidade em construir pontes, que insiste em nos movimentar”, finaliza Julia.

Sobre o coletivo

O coletivo Instrumento de Ver, grupo circense com 22 anos de circo, já circulou com seus espetáculos por mais de 70 cidades brasileiras, em 4 países diferentes. O grupo, que já teve diversas formações ao longo desses anos, é encabeçado por Beatrice Martins, Julia Henning e Maíra Moraes. Os parceiros e parceiras que criaram em coletivo constituíram a identidade artística do grupo que tem uma atuação eclética e está sempre surpreendendo o público. São acrobatas, técnicos, produtores, realizadores, diretores, criadores, vendedores de pipoca, fotógrafos e artistas de diferentes áreas. Inventam e reinventam jeitos de criar, reconfigurando-se o tempo todo e lidando com as mais diversas facetas da produção cultural e da criação artística. Têm o processo de criação como fonte de inspiração, como caminho e como fim.

O grupo tem uma contribuição ímpar para o circo. Já se apresentaram na rua, no teatro, em cervejarias, em festas, nas periferias e nos centros de pequenas e grandes cidades. Criaram filmes, espetáculos online, performances, discutindo e propondo formas variadas de fazer circo, numa linguagem autoral e cheia de pesquisa.  Além de “23 fragmentos desses últimos dias”, elaboraram os espetáculos circenses “Porumtriz”, “O Que Me Toca é Meu Também”, direção de Raquel Karro e “Meu Chapéu é o Céu”, direção de Leo Sykes, aplaudidos por um público de mais de 50 mil pessoas por todo o Brasil. Também fizeram espetáculos em parceria com outros grupos, como o “Bubuia”, para bebês, e “Vinco”, de dança contemporânea. Fundaram o espaço cultural Galpoa e o festival Arranha-Céu. São conhecidas pelas criações em diferentes formatos como a festa-espetáculo “Pão e Circo” e “Encontro de Bastidor”, além dos ensaios abertos do projeto “Geringonça” em espaços alternativos. Criaram o espetáculo virtual “Estudos de Aproximação”, em parceria com João Saenger e Caetano Maia. Com o cineasta Cícero Fraga, realizaram os curtas-metragens: “O Homem Banco”, “Exufrida”, “Assum Preto” e “Ruína”, premiados em festivais do mundo inteiro. Como artistas produtivas e produtoras criativas, defendem a gestão inovadora em rede, sob o prisma de não dissociar o fazer artístico da gestão cultural.

Serviço – “23 fragmentos desses últimos dias” no Brasil

Junho – Brasília

Junho – São Paulo

  • Datas: 14 a 30 de junho (nas sextas, sábados e domingos)

  • Local: SESC Belenzinho

  • Ingressos: em breve

Classificação Indicativa: Livre

Página Oficial: @instrumentodever 

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