24.5 C
Brasília
sexta-feira, maio 10, 2024

Empresas lideradas por mulheres geram mais de US$ 2,7 trilhões em receita

Date:

Share post:

Pesquisas revelam que empreendimentos femininos empregam mais de 12,3 milhões de trabalhadores

O empreendedorismo feminino tem emergido como um fenômeno significativo nas últimas décadas, refletindo uma mudança profunda nas dinâmicas socioeconômicas e culturais em todo o mundo. Mulheres estão cada vez mais desafiando as barreiras tradicionais e assumindo papéis proeminentes como líderes de negócios e inovadoras em uma ampla gama de setores.

De acordo com dados da pesquisa 2024 Wells Fargo Impact of Women-Owned Business Report, o número de empresas pertencentes a mulheres entre 2019 e 2023 aumentou quase o dobro da taxa das pertencentes a homens. O dado ganha mais relevância no período de 2022 a 2023, em que o aumento corresponde a 4,5 vezes.

Esse crescimento é impulsionado por uma série de fatores, incluindo avanços na educação, mudanças nas atitudes sociais em relação ao papel das mulheres no mercado de trabalho e o advento de tecnologias que facilitam o acesso ao empreendedorismo. Este enriquece a diversidade e a inovação nos mercados, gerando impactos positivos tanto para as empreendedoras quanto para a sociedade como um todo.

Empregabilidade e aumento na receita

Para além das causas sociais, essa expansão de mercado também confere impactos sólidos na economia. Ainda segundo a pesquisa mencionada, os negócios de liderança feminina representam 39,1% de todas as empresas. No intervalo de 2019 a 2023, a taxa de crescimento das empresas de propriedade de mulheres ultrapassou a taxa dos homens em 94,3% para o número de empresas, 252,8% para o emprego e 82,0% para a receita.

“À medida que mais mulheres optam por iniciar e gerenciar seus próprios negócios, estão redefinindo o panorama empresarial com abordagens inovadoras, produtos e serviços diferenciados e uma ênfase renovada na sustentabilidade e na responsabilidade social corporativa”, conta Jessica Ramalho, Diretora de Operações (COO) e cofundadora da Acuidar, maior rede de cuidadores especializados do país. Ela conta que, apenas em 2023, houve um crescimento de 145% no número de unidades da franquia, muitas delas com liderança feminina.

O cenário se repete no setor de beauty & wellness. A marca Unhas Cariocas, por exemplo, fundada por Marina Groke, encerrou o ano com um faturamento superior a R$42,4 milhões, valor recorde para a rede. “É uma satisfação ver que a presença feminina no mercado, vai além do negócio em si. Temos franqueadas, designers, alonguistas e mulheres em toda a equipe, o que só corrobora com o fortalecimento da causa”, esclarece Marina.

Essa pluralidade de ocupações não é exclusiva do nicho. Aline Jácomo, responsável pela Marketing Bag, franquia especializada em publicidade em saquinhos de pão, conta que essa proatividade é essencial para o sucesso. “Trabalho em conjunto com os franqueados, supervisiono a administração da franquia e ainda produzo vídeos para as redes sociais. Aqui, coloco um pouco de mim em tudo. Atribuo o sucesso da marca aos nossos esforços”, afirma.

Altos e baixos

Embora o empreendedorismo feminino tenha experimentado um crescimento notável, não se pode ignorar as inúmeras dificuldades enfrentadas nas jornadas de ascensão. Desde desafios estruturais, como o acesso desigual a financiamento e recursos, até questões culturais e sociais, como estereótipos de gênero arraigados e expectativas familiares, as empreendedoras muitas vezes enfrentam obstáculos adicionais em comparação com seus colegas masculinos. A falta de representatividade em cargos de liderança, a desigualdade salarial e as barreiras à conciliação entre trabalho e vida pessoal também persistem como obstáculos significativos.

“Um dos desafios que senti, principalmente no começo, é abrir mão um pouquinho do lado pessoal, do lado mãe, para administrar uma empresa. Todos os dias era um obstáculo e ainda hoje é assim, porque têm muitas pessoas que dependem de você, muitas empresas, muitas famílias. Logo, você tem que tomar a decisão correta e saber agir na hora certa”, aponta Angelica Leising, sócia proprietária da empresa Prioridade 10.

A profissional aponta que o grande segredo é buscar a melhor forma de contornar os problemas, olhando a frente e buscando soluções. “A gente não pode deixar o lado mulher, o lado feminino de lado. Podemos ser esposa, ser mãe e saber separar todos os lados”, conclui.

Realizações pessoais

“Foi de uma inquietação pessoal que surgiu a empresa. Sempre estive atenta a inovações, visando permanecer na vanguarda da criatividade e do progresso” – a visão de Sonidelany Cassianos, cofundadora da Viva Móveis.com, é sinônimo do início da trajetória de diversas empreendedoras.

Em diversos casos, havia o desejo em transformar uma paixão ou ambição em realidade, ação que se torna realidade no meio dos negócios. Um exemplo é o caso de Debora Alberti, advogada, mãe de três filhos, esposa e empreendedora, uniu seu amor à gastronomia a criação da Itália no Box, rede de comida italiana vendida em caixinhas.

O panorama se repete na trajetória de Lucilaine Lima, que enxergou, em meio a uma dificuldade, a oportunidade que mudaria o curso de sua vida para sempre. Ela estava prestes a realizar o sonho de se casar e foi para a sua festa que ela, mesmo sem experiência, preparou os bem-casados para os seus convidados e marido. Em pouco tempo, se tornou era referência em sua cidade – Serra, no Espírito Santo, dando início em 2014, ao Instituto Gourmet, maior rede nacional de franquias especializadas em cursos profissionalizantes na área de gastronomia, que só no ano passado faturou mais de R$100 milhões.

Empreendedorismo como salvação

Um negócio de sucesso pode ir além de uma realização financeira, e simbolizar uma mudança significativa na vida de suas fundadoras. No caso de Kelly Nogueira, a criação da Espaço Make, franquia de maquiagens multimarcas a preços acessíveis, atuou como um novo começo. A ex-policial militar acabava de sair de um relacionamento abusivo, e viu no empreendedorismo uma oportunidade dar um novo curso a sua vida. O sucesso foi tanto que, desde 2020, sua marca segue presente em shoppings de todo o país.

O mesmo posicionamento de resolução ocorreu com a fundação da Alergoshop. A marca é pioneira na comercialização de produtos hipoalergênicos, e nasceu como uma resposta às alergias da filha da enfermeira obstétrica Sarah Lazaretti. Ela percebeu uma carência nacional no fornecimento de produtos que atendessem às necessidades de sua pequena, o que motivou a união a sua irmã, Julinha Lazaretti, na fundação de uma marca própria, que segue ativa há 30 anos no mercado.

A partir dessas experiências, comprova-se que o crescimento do empreendedorismo feminino é um fenômeno multifacetado que não apenas impulsiona a economia, mas também promove a igualdade de gênero e fortalece as comunidades. Apesar das dificuldades enfrentadas pelas mulheres empreendedoras, seu impacto positivo é inegável, pois elas trazem perspectivas únicas, inovação e liderança transformadora para o mundo dos negócios.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

publicidade

Related articles

Chef do Royal Tulip Brasília Alvorada brilha em encontro na China

Elizio Correa foi um dos destaques do Louvre Hotels Group Chefs' Club_ A gastronomia da capital brilhou em Xangai....

MAPA DESIGN BRASÍLIA ESTÁ COM INSCRIÇÕES ABERTAS ATÉ O DIA 20 DE JUNHO

O projeto apresenta trabalhos de designers brasilienses em uma amostragem diversa sobre os profissionais do setor no Distrito...

Mulheres na Saúde – Histórias Inspiradoras – Edição Poder de Uma História”, livro do Selo Editorial Série Mulheres, da Editora Leader, será lançado no...

A compilação traz histórias inspiradoras que destacam as conquistas notáveis de médicas, enfermeiras e outras profissionais da Saúde...

Ajuda humanitária para o Rio Grande do Sul; saiba como contribuir

O estado do Rio Grande do Sul sofre com fortes chuvas que iniciaram no dia 27 de abril,...