Por Paulo Santos.
Foto: Ricardo Stuckert (PR)
Ao encerrar a reunião de cúpula do G7 – o grupo dos sete países mais ricos do mundo – no Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convidado do encontro, deu entrevista coletiva, neste domingo (21). E, entre os assuntos do balanço, tratou do impasse entre o Ibama e a Petrobrás no caso da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas.
Na semana passada, o Ibama negou o licenciamento ambiental para a exploração da área que fica na Margem Equatorial, que se estende do Oiapoque, no Amapá, até o litoral do Rio Grande do Norte. A área é chamada de novo pré-sal. A Petrobrás disse que vai recorrer da decisão do Instituto brasileiro do Meio Ambiente.
Problema para Amazônia
Aos jornalistas, Lula disse que irá refletir e resolver o impasse dentro do governo sobre a possibilidade de a Petrobras explorar petróleo a 160 km da costa do Oiapoque/Amapá e aproximadamente 500 km da foz do Rio Amazonas.
“Se extrair petróleo na foz do Amazonas, que é a 530 quilômetros, em alto-mar, se explorar esse petróleo tiver problema para a Amazônia, certamente não será explorado. Mas eu acho difícil porque é a 530 quilômetros de distância da Amazônia, sabe?”, disse o presidente durante coletiva de imprensa neste domingo (21), na Cúpula do G7, em Hiroshima, no Japão.
Baixa política
A verdade é que a campanha de exploração de petróleo, pela Petrobrás, em águas profundas na bacia da foz do rio Amazonas pode ser o primeiro atrito no seio do governo do presidente Lula.
Após o parecer negativo do Ibama, contrário à exploração de petróleo na região, o líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues, do Amapá, desfiliou-se da Rede Sustentabilidade, o mesmo da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A responsável pelo órgão ambiental apoiou a decisão de brecar, por hora, a campanha exploratória na chamada margem equatorial.
Retorno ao PT
Nesta sexta-feira (19), diretamente de Macapá, em entrevista à revista Veja, o senador Ranolfo Rodrigues disse que Marina Silva sempre terá o respeito dele, pela sua história e trajetória política. “Mas, chegou a um ponto impossível [de convivência dentro do partido]”, principalmente por conta da disputa pela exploração do petróleo em seu estado.
Questionado se vai retornar ao PT, já que é líder de Lula no Senado, Rodrigues desconversou. Disse apenas que vai esperar uns dois ou três para decidir a qual partido vai se filiar. No entanto, sua volta no PT é dada como certa. Ele entrou no partido em 1998 e lá ficou até 2005. Entrou no Psol, quando saiu em 2015 e de lá para cá esteve na Rede.
Peso do Amapá
Além do descontentamento do líder do governo Ranolfe Rodrigues, outros políticos do Amapá seguem buscando uma intermediação do Planalto para reverter o entendimento do Ibama sobre a viabilidade da campanha exploratório da Petrobras em águas profundas da bacia da foz do Amazonas.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Davi Alcolumbre (União-AP) é um dos articuladores em favor do projeto. Na formação do governo, Lula optou por dar espaço e construir uma base mais sólida no Senado. Alcolumbre teve parte nisso.
Ministro e governador
Para engrossar ainda mais o coro em defesa do projeto de exploração de petróleo no Amapá e em toda a margem equatorial da bacia da foz do rio Amazonas, tem o ministro de Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, ex-governador do Amapá, que foi indicado por Alcolumbre.
O governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade), afirmou que a decisão do Ibama foi “absurda”, tomada enquanto busca-se um acordo político com a área ambiental para dar continuidade ao projeto.
Agora, é esperar para ver o desfecho dessa disputa entre o Estado do Amapá e seus políticos, Ibama/Marina Silva e a decisão do presidente Lula. De que lado ele vai ficar