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quarta-feira, dezembro 11, 2024

Exposição ’Ni Ukemerâ – Floresta Adentro’’ de Simone Fontana Reis

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A Galeria Karla Osorio apresenta a exposição ‘’Ni Ukemerâ – Floresta Adentro’’ da artista Simone Fontana Reis, cuja abertura será dia 14 de março, terça, entre 17h-21h. A mostra reunirá mais de 30 obras da artista, em técnicas como pintura, desenho, objetos e esculturas, produzidas entre 2017 e 2022. Será a primeira mostra individual da artista em galeria comercial.

Como afirma o texto curatorial de Mariana Leme, a artista ‘’nos convida a trazer a floresta para dentro, num movimento de afeto e afeição do qual não se sai incólume. A partir de sua própria experiência transformada em pinturas, desenhos e esculturas, a floresta se transforma. Floresta que, à ignorância do “povo vestido”, raku nawá, parecia um mundo exótico ou misterioso, passa a ser incorporada — tornada corpo — como fonte de criação e de vida pulsante. […]

Em Túnel cósmico Ni Ukemerãpintura que nomeia a exposição, aquela espécie de cipó mole que estava ao lado da grande árvore engoliu o planeta, como uma serpente mítica. Transformadora. Engoliu Tarsila do Amaral e deu um nó no ovo de Urutu, pintura da artista modernista que se relaciona diretamente com o Manifesto antropófago, lançado naquele mesmo ano de 1928 e inspirado pelo antigo ritual Tupinambá. A jiboia de Reis engoliu também o famoso Abaporu — inclusive o sol — e, quem sabe, as boas intenções dos paulistas de um século atrás, que pretendiam fazer sentido do “Brasil” valendo-se de culturas que lhes pareciam pitorescas. […]

Diferentemente de Tarsila do Amaral e de outros artistas que se “encantaram” pelos mitos e lendas amazônicas, sem saber o exato significado de “encantamento”, Reis conhece o território, que visita e vivencia há décadas. Nas palavras da jornalista Eliane Brum, “Quando um napë entra na Amazônia, no sentido mais profundo, há que saber que nunca mais caberá no próprio corpo, mas também não será capaz de assumir inteiramente um outro.”1 Simone-raku nawá-napë já não cabe no próprio corpo; foi transformada pela floresta, engolida pela jiboia que povoa sua obra. […]’’

Para melhor contextualizar a produção de Fontana Reis, destacamos breve trecho curatorial de Icaro Ferraz Vidal Junior sobre sua. Segundo ele “a gestualidade com que a artista cria suas imagens e esculturas espelha outros gestos realizados por ela, como revirar a terra e plantar em seu exuberante jardim. Esta observação, inicialmente intuitiva, foi se transformando em uma via de acesso ao modo de estar no mundo de Simone, aprendido na floresta e alheio à separação e hierarquização entre natureza e cultura….

O convívio e a colaboração da artista com o povo Huni Kuin reverberam em sua produção para além de um nível mais superficial, que somos capazes de reconhecer nos seres da floresta que povoam suas obras. Mais profundamente, o modo como Fontana Reis manipula os materiais e signos com que constrói seu universo pode ser pensado analogamente ao trânsito xamânico entre mundos. Estes mundos são a floresta e a cidade […]”

Simone Fontana Reis Mora e trabalha em São Paulo. Em 1995, iniciou suas atividades em artes com tutoria de Leda Catunda e Sergio Romagnolo. Bacharel e mestre pela Central Saint Martins College of Art and Design (2002 e 2014). Participou de diversas exposições em São Paulo, Nova Iorque e na Suécia, onde morour 8 anos.

Dentre suas exposições, destacam-se: Foreign Bodies, 2001, colaboração de cientistas da London School of Tropical Medicine, onde recebeu o primeiro prêmio da exposição. The Seeds Dance, 2004 – British Cultural Festival no Centro Cultural Britânico, São Paulo, onde também recebeu o primeiro prêmio. HOT ONE HUNDRED, 2013 na Schwartz Gallery, Londres. New Sensation, 2014, na Saatchi Art, Londres. Nem tudo que reluz é ouro, 2017, no Paiol da Cultura, Manaus. Pele D’Água, 2017, na Galeria Qualcasa, São Paulo. Participou dos salões Paranaense, de Ribeirão Preto, Vinhedo, Londrina e duas vezes do Salão de Santo André. Participou ainda da exposição coletiva Novos Viajantes, 2018, no MUBE, Museu da Brasileiro da Escultura e Ecologia, São Paulo. Também recebeu o primeiro prêmio no 25o Salão de Artes Plásticas de Praia Grande/SP. Seus trabalhos exploram fronteiras entre pintura, escultura, instalação e vídeo.

Sua pesquisa resgata elementos da história ameríndia, com foco no feminino, e enfatiza a maneira como estas culturas mantinham relações com a natureza. Ao longo de duas décadas pesquisou orquídeas e florestas. A partir desta investigação, visitou três vezes a aldeia Kadiweu no Brasil Central, onde confrontou a teoria e a prática da pintura corporal com grafismos praticados exclusivamente por mulheres. Recentemente inaugurou o Projeto Maloca-Escola e Floresta junto com os índios Huni Kuins no Acre, cujo projeto visa melhorar as condições de vida desta população, o seu fortalecimento cultural, a proteção da floresta e o reflorestamento. No momento, realiza uma pesquisa que relaciona a sua produção, a inteligência da floresta e o mistério da Ayahuasca, sagrada para povos indígenas.

Serviço:
Exposição ‘’Ni Ukemerâ – Floresta Adentro’’ de Simone Fontana Reis 

Abertura: Terça-feira, 14 de março,

entre 17-21h Visitação até 11 de abril.

Segunda à sexta, 09-18h30 | Sábado 09-14h,

sempre mediante agendamento prévio por telefone, DM no Instagram ou WhatsApp.

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