A mulher que transforma o Plano Piloto é jovem, têm belos cabelos e, como as heroínas, é forte e corajosa. Acorda cedo, bem cedo, leva os filhos para a escola, fortalece o corpo, faz pilates, pratica tênis. Sintoniza o canal de notícias no rádio do carro. Revitaliza a capital do Brasil. Diz que é bem diferente administrar a cidade, a casa que nasceu. Pelas lentes do trabalho, e por trás dos bastidores, a mente da brasiliense Ilka Teodoro não descansa. Pelas ruas da cidade, nada passa despercebido por ela. É preciso carinho, afinal, administrar o Plano Piloto, por quem nasceu na cidade é duplamente uma prova de amor. As habilidades super humanas das super heroínas são “fichinhas” perto do que já foi feito. E pelos braceletes da vitória (aqueles que toda personagem têm), muitas revitalizações estão por vir. Leve a cadeira para a varanda e assista de camarote as melhorias da cidade.
Em janeiro de 2019, pouco tempo antes, do período fatídico de pandemia, Ilka assumia a Administração do Plano Piloto a convite do governador de Brasília, Ibaneis Rocha, que já conhecia desde a época das eleições pela OAB, em 2012. Na época, ela estava com apenas 40 anos, e acabara de concluir um intenso trabalho de campanha para deputada distrital.
Em três anos e dois meses na Administração, ela afirma que o desafio é mais que sair da zona de conforto. “Aprendo todos os dias por meio da convivência com as pessoas. É gratificante, me enriquece”, disse. Apesar da rotina sem hora para acabar, Ilka não reclama. Afinal, vêm de uma “categoria” de matriarcado, somando ambos os lados, o da mãe Auricélia Caldeira e o do pai José Teodoro, as 16 tias são a inspiração da força da jovem administradora.
Mas a história de liderança começou cedo, bem antes da formação em Direito, em 1999. Ilka sabia desde menina que dentro do seu peito e alma existia a intenção de fazer algo diferente para transformar. Ela lembra que fora representante de classe na escola. Estudou em várias na cidade, como o Marista e a Escola Santa Doroteia. A proximidade com o público começou no 3º semestre de Direito, quando começou a trabalhar com pessoas carentes no Núcleo de Prática Jurídica do UniCEUB , em 1996. E neste ambiente, fixou-se como orientadora e professora, por dez anos. Estudou também Relações Internacionais e Filosofia na Universidade de Brasília – UnB. Ama estudar e é mestranda de Direitos Humanos pela Universidade.
As inspirações são muitas, e, ao falar sobre a candidatura a deputada, ela lembra alguns fatos marcantes que a colocaram no caminho da defesa e garantia dos direitos das mulheres e das causas sociais. Um deles foi aos 13 anos ao assistir ao filme Ilha das Flores, numa sessão de cinema da escola. E o outro foi a morte prematura da vereadora carioca Marielle Franco. Na época, Ilka não venceu as eleições. Perguntada sobre uma nova candidatura, ela ainda não sabe sobre o assunto. Podem vir surpresas por aí.
Otimização do Plano Piloto
Ao assumir a Administração do Plano Piloto, Ilka estabeleceu o mote: otimização do TEMPO, ESPAÇO e RECURSO da cidade. “Foram uns seis meses de diagnóstico, compreendendo o fluxo dos processos, criando formulários, organizando pessoas, orçamentos e espaço. O contrato do aluguel da administração era inviável. Estávamos num espaço grande de sete mil m². Era preciso redimensionar e ficar mais enxutos”, disse.
O amor e o vínculo à cidade facilitaram tantas realizações. Hoje, a administração tem 68 funcionários no quadro. Ilka gostaria que a equipe tivesse o dobro de pessoas. “Os trabalhos são intensos”, afirma. Durante a pandemia, os serviços essenciais foram mantidos, e os ajustes dos atendimentos on-line aumentaram muito a demanda do trabalho. “A pandemia complicou um pouco. Aumentou a demanda. Foi um desafio e tanto”, disse.
Trabalhos intensificados em 2022
Em 2021, algumas obras voltaram a funcionar. Agora, em 2022, estão a todo vapor. Os projetos de restauração de espaços públicos já mostram resultados. Um exemplo disso é a Galeria dos Estados que está totalmente reformada. “Após desabamento do viaduto em 2018, muito próxima à Galeria, a reconstrução foi árdua. Foi como trocar pneu com o carro em movimento. Os comerciantes continuaram com as lojas funcionando na Galeria enquanto a obra estava em andamento. O principal objetivo era ter a segurança de volta e isso nós conseguimos”, disse. O reforço da estrutura do viaduto e a reforma da passagem para a Galeria dos Estados, além da Praça da Galeria (onde antigamente funcionava uma churrascaria), foram concluídos com sucesso. “Durante duas semanas, numa parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Distrito Federal, após edital que recebeu mais de 100 artistas inscritos, fizemos arte com grafite na praça. Ficou lindo”, disse Ilka. Aos domingos, o espaço recebe uma feira.
O Setor Hospitalar Sul também foi revitalizado por meio de parceria público-privada e da Campanha Adote uma Praça. “A iluminação foi revitalizada, o asfalto, e uma praça da alimentação foi organizada”, disse. Cliquem aqui para saber sobre a Campanha.
O Setor de Rádio e TV Sul e a w3 sul também foram revitalizados. A lista das próximas obras é grande. A W3 norte, a Concha Acústica na beira do Lago Paranoá e a Praça dos Orixás, ao lado da Ponte Costa e Silva, fazem parte desta lista.
Neste ano, o atendimento presencial voltou à ativa. E os serviços online, instituídos durante a pandemia, continuam funcionando.
A JOVEM ILKA
Ilka Teodoro nasceu no dia 9 de maio de 1978 em Brasília. Cresceu na capital, estudou, casou. Ao lado do marido, o empresário e economista, André Venâncio, eles têm dois filhos, a Valentina, 14 anos, e o Antônio, 12 anos.
Ama artes, arquitetura e uma vida discreta. Este tripé fez com que ela realizasse há sete anos o sonho de construir uma casa para os dias de descanso num área rural próxima a Brasília. O projeto de paisagismo da casa com expectativa de ficar pronto em dez anos foi motivo de reportagem do jornal The New York Times. Desse tempo, falta pouco: mais três anos e o paisagismo que desenvolve o projeto de restauração do bioma cerrado estará completamente pronto. Este paisagismo está sendo realizado por Mariana Siqueira, que incialmente, pediu pelo menos de 3 a 5 anos para pensar no projeto. “Eu dei 10 anos para ela. Queria algo muito especial, de valorização do Cerrado”, disse Ilka.
“Já tínhamos esse terreno há muito tempo e em 2014, decidi que queria construir uma casa de final de semana, um refúgio. O projeto foi inspirado numa viagem ao Uruguai. O hotel Fasano Las Piedras era exatamente do jeito que queria, com a arquitetura brutalista, que mescla o concreto pesado integrado à natureza. É menos rebuscado, mais frio e minimalista”, disse.
O projeto da casa, executado pelo Bloco Arquitetura, formado por Daniel Mangabeira, Mateus Seco e Henrique Coutinho, foi construído em um ano. O primeiro projeto fora rejeitado por Ilka. “A minha referência era o hotel no Uruguai. Coincidência que fora projetado pelo brasileiro Isay Weinfeld, o mesmo do B Hotel, aqui em Brasília”, disse.
Durante a pandemia, a casa foi o refúgio para a família e os três gatos: o Pequeno, o El Loco e a Nevasca. Os filhos dizem que Ilka é exemplo de mãe. “Foram as minhas crianças que mostraram que a gente educa muito mais pelo exemplo do que pelas palavras”, diz Ilka. “Algumas frases me marcaram. Uma vez, Antônio disse: mamãe, você não consegue brigar com a gente, nem adianta. E a Valentina, disse, que inspiro ela. Então esses 14 anos de maternidade me ensinam, vem me moldando”.