Por: Elaine Souza
O lipedema é uma doença crônica e progressiva que impacta a saúde física, emocional e metabólica de milhares de mulheres, pois afeta principalmente mulheres, mas não é exclusivo delas. Muitas das mulheres portadores da doença não possuem um diagnósticoadequado ou compreensão do que realmente vivem em seus corpos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância da nutrição no manejo de condições crônicas, incluindo o lipedema, que foi reconhecido pela OMS como doença somente em 2022.
O reconhecimento do Lipedema como uma doença e não como um problema estético possibilita as mulheres que sofrem dessa condição, melhores condições de sucesso na busca por tratamentos especializados.
Caracterizado pelo acúmulo anormal e simétrico de gordura, especialmente em pernas e braços, o lipedema é frequentemente confundido com obesidade ou retenção hídrica. No entanto, sua natureza é distinta: envolve inflamação crônica, dor, hematomas espontâneos e uma desproporção corporal que, muitas vezes, não responde às dietas convencionais.
Mais do que tratar, precisamos prevenir. E o olhar nutricional é uma ferramenta poderosa nesse processo.
A base inflamatória do lipedema exige uma abordagem nutricional específica, que respeite as individualidades da paciente e vá além das calorias. O foco está no controle da inflamação, na modulação hormonal, no suporte intestinal e no cuidado do corpo como um todo.
Entre as estratégias nutricionais mais relevantes estão:
✓ Eliminação de alimentos pró-inflamatórios: açúcares simples, farináceos refinados, embutidos, alimentos ultraprocessados e óleos vegetais refinados.
✓ Inclusão de alimentos com ação antioxidante e anti-inflamatória, como peixes ricos em ômega-3, azeite de oliva extra virgem, frutas vermelhas, cúrcuma, gengibre, vegetais verde-escuros e sementes.
✓ Cuidado com a microbiota intestinal, como a ingestãoadequada de fibras, prebióticos e probióticos naturais.
✓ Hidratação eficaz para auxiliar a circulação e a drenagem linfática.
✓ Planejamento de refeições equilibradas, respeitando o ciclo da fome e da saciedade e promovendo estabilidade glicêmica e hormonal.
Mais do que aplicar condutas, o papel do nutricionista é acolher essa mulher. É oferecer escuta ativa, traduzir os sinais do corpo em estratégias práticas e individualizadas, e mostrar que ela não está sozinha — e que existe caminho.
O lipedema não tem cura, mas tem controle. E quanto mais cedo iniciamos o cuidado, mais eficaz é a resposta.
O diagnóstico ainda pode demorar, mas o corpo já sinaliza antes disso: dores nas pernas, sensação de peso ao final do dia, hematomas espontâneos, gordura localizada que não cede mesmo com alimentação e atividade física. Esses sinais devem ser levados a sério — e o nutricionista é um dos profissionais aptos a reconhecê-los precocemente.
Como nutricionista clínica, acredito no cuidado como ferramenta de transformação. Minha missão é aliar ciência e sensibilidade para orientar, fortalecer e nutrir mulheres que convivem com o lipedema — diagnosticadas ou não.
Se você se reconhece neste texto, ou conhece alguém que pode estar passando por isso, não espere o quadro evoluir. O cuidado pode — e deve — começar agora.
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