Por Ana Volpe
Em uma pequena casa no interior de Goiás, uma adolescente enfrentava a dura rotina da roça com os pais em Niquelândia, depois de ver seu pai perder as terras da família. Ainda assim, já sonhava com algo diferente.
Hoje, Rosilene Corrêa Lima, nascida em Petrolina de Goiás, é uma das principais lideranças sindicais e políticas do Distrito Federal, conhecida por sua militância incansável em defesa da educação pública e dos direitos dos trabalhadores.
Aos 61 anos, Rosilene carrega no currículo décadas de atuação como professora, dirigente sindical e candidata ao Senado. Ela também é vice-presidenta do Partido dos Trabalhadores no Distrito Federal (PT/DF) e diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), além de ter sido por muitos anos dirigente do influente Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro/DF).
Segundo ela, desde jovem nunca aceitou calada as injustiças — foi isso que a levou ao movimento sindical. Sua infância foi marcada por muitas dificuldades, mas jamais deixou de lutar pelos seus sonhos. Rosilene trabalhou por 11 anos como professora em Goiás e, com muito esforço, conquistou uma vaga no magistério do Distrito Federal e lecionou nas escolas públicas da região administrativa de Samambaia. Foi a única de sua família a se formar, e essa conquista a impulsionou ainda mais a lutar por educação de qualidade e por dignidade para os trabalhadores.
Ascensão no movimento sindical
A experiência como professora evidenciou as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da educação: salários baixos, falta de estrutura e pouco reconhecimento. Foi esse cenário que motivou Rosilene a ingressar no movimento sindical. Sua atuação logo chamou atenção, e ela assumiu cargos de liderança no Sinpro/DF, onde coordenou greves, negociações e campanhas pela valorização dos professores.
Na sala de aula, ela percebeu que não bastava apenas ensinar — era preciso lutar por melhores condições de ensino. Para Rosilene, lutar significava organizar e conscientizar os trabalhadores, reivindicar direitos e enfrentar governos em defesa da educação.





















No Sinpro/DF, teve papel central em campanhas históricas, como as mobilizações que garantiram reajustes salariais e planos de carreira para os professores da rede pública do DF. Sua atuação nacional também ganhou força com sua entrada na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), onde participa ativamente do debate sobre políticas públicas educacionais.
Participação política e candidatura ao Senado
A atuação sindical naturalmente a levou à política partidária. Filiada ao PT desde a década de 1990, Rosilene passou a integrar as direções do partido no Distrito Federal e, em 2022, lançou-se como candidata ao Senado Federal. Sua campanha teve como eixos principais a defesa da educação pública, dos direitos das mulheres, o combate às desigualdades e o fortalecimento da democracia.

Ela afirma que a política institucional também precisa ser ocupada por quem conhece a realidade do povo. Por vir da base, da escola, entende quais são as mudanças necessárias para transformar a vida das pessoas.
Embora não tenha sido eleita, sua candidatura teve grande repercussão entre professores, movimentos sociais e militantes. Suas propostas incluíam investimentos contínuos em educação básica, valorização dos profissionais da educação, e programas de acesso à universidade para jovens de baixa renda.
Presença nas redes e reconhecimento
Rosilene também é presença ativa nas redes sociais, onde compartilha reflexões e denúncias sobre os desafios enfrentados pela educação pública no país. Participa de entrevistas, debates e projetos como o Museu da Pessoa, onde narra em detalhes sua história de vida e militância.

Sua trajetória inspira profissionais da educação e militantes, que a veem como exemplo de resistência, coragem e comprometimento com a transformação social. Para muitos, Rosilene representa a força da mulher trabalhadora que não se cala diante das injustiças. Sua luta é também a luta de milhares de professores e trabalhadores que enxergam na organização coletiva a única saída para conquistar direitos.
Futuro e legado
Apesar de não ocupar um cargo eletivo, Rosilene segue atuando intensamente na política sindical e partidária. Seu compromisso permanece inalterado: lutar por um Brasil onde a educação seja, de fato, prioridade.
Enquanto houver desigualdade, falta de escola, violência contra as mulheres e ataques aos direitos dos trabalhadores, ela pretende continuar na linha de frente, como sempre esteve.