Por Paulo Santos
Foto/Cimi
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou nesta terça-feira (16) que a Polícia Federal abriu inquérito para apurar o desvio de 19 toneladas de bistecas compradas no governo de Jair Bolsonaro para alimentar indígenas no Vale do Javari, no Amazonas.
A denúncia foi feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, no último domingo – 14 de maio – que investigou 5,5 mil compras de alimentos para terras indígenas em todo o país. A pretexto da pandemia de covid-19, metade das compras foi feita sem licitação.
“Toneladas de bistecas desaparecidas: a Policia Federal instaurou Inquérito Policial para investigar a compra e o destino da carne supostamente direcionada aos indígenas no Amazonas, adquirida em anos pretéritos”, declarou Flávio Dino.
Pescoço de galinha
De acordo com a reportagem, as 19 toneladas de bistecas foram adquiridas por meio de um contrato de R$ 568,5 mil, que visava garantir a alimentação dos indígenas entre 2020 e 2022.
Outra denúncia do Estadão apontou que o governo Bolsonaro pagou R$ 260 por quilo de pescoço de galinha para indígenas da Amazônia. Isso tudo aconteceu enquanto crianças morriam por desnutrição, sobretudo na terra indígena Yanomami.
Funai manda investigar
A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, também determinou que órgão investigue o desvio da alimentação. Também determinou que a área técnica do órgão faça apuração sobre o contrato para saber o que aconteceu.
De acordo com especialistas,o governo Bolsonaro ignorou também hábitos alimentares dos Yanomani e gastou R$ 4,4 milhões com sardinha e linguiça.
Inconsistências de informações
Em nota, a Funai fez esclarecimentos sobre o envio de alimentos ao Vale do Javari, no Estado do Amazonas, publicado na reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, nos primeiros meses da gestão atual identificou possíveis inconsistências no Relatório de Gestão anterior, o qual fora submetido para apuração por parte dos órgãos de controle e auditoria interna.
Todos os contratos vigentes tanto nas 40 unidades descentralizadas, quanto na sede da Funai, em Brasília, estão sendo analisados pelas áreas técnicas e, caso identificadas inconsistências técnicas ou jurídicas, as medidas cabíveis serão tomadas por esse órgão.
A gestão atual identificou ainda a ausência de qualificação de itens das cestas de alimentos distribuídos aos povos indígenas na ação de enfrentamento à Covid-19 por parte da gestão anterior, que não teve o devido cuidado prévio em respeitar e melhor atender as especificidades culturais e hábitos alimentares dos diferentes povos.
Registro de preços
As contratações mencionadas na reportagem do Estadão decorrem de licitação pelo Sistema de Registro de Preços. Para a obtenção de mais informações sobre o item bisteca efetivamente contratado pela Funai, sugere-se o acesso ao link abaixo: