Paula Belmonte, estrela ascendente no cenário político de Brasília
Em dois anos de política, a parlamentar já é apontada como uma das postulante ao governo do DF
Ao completar dois anos de mandato, a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) é uma das poucas parlamentares em todo o Congresso Nacional e a única entre os colegas novatos da bancada do Distrito Federal a ter aprovado projetos de lei importantes. Com origem no mundo empresarial, a deputada conseguiu em pouco tempo de destacar no Congresso e se tornar uma das principais vozes da oposição ao governador Ibaneis Rocha (MDB).
Críticas ao chefe do Executivo local não faltam. Para Paula, a pandemia expôs a fragilidade da rede de saúde do DF, assim como colocou membros da Secretaria de Saúde na prisão, acusados de corrupção na compra de testes de detecção da covid-19. O compromisso com o uso correto dos recursos públicos faz Paula Belmonte ser constantemente lembrada em pesquisas eleitorais para o Palácio do Buriti. Pelo mesmo motivo, as sondagens de grupos políticos também são frequentes. Ela garante: “ainda não há nada decidido até agora, mas estamos conversando e unindo esforços para mudar os rumos de Brasília em 2022”.
“Falta transparência”
Paula foi a relatora da Comissão Especial da Covid-19 no Distrito Federal, que passou a limpo as ações do GDF para o combate da pandemia. Ela criticou a divulgação desencontrada da disponibilidade de leitos de UTI, assim como os gastos com hospitais de campanha. “Ficou muito claro para nós que investigamos que houve falta de transparência do governo. As unidades provisórias foram construídas com contratos e licitações suspeitas e algumas delas sequer chegaram a receber pacientes”, critica.
A Operação Falso Negativo, que prendeu o secretário Francisco Araújo e todos os subsecretários da Saúde também expôs um grave problema no governo. “A saúde no DF já tinha problemas, mas, com a pandemia, as fragilidades ficaram evidentes. Recebemos informações de que havia unidades cheias e pacientes sem covid-19 em contato com infectados. A gestão precisa melhorar e muito”, disse.
Futuro
A deputada federal admite conversas com lideranças da cidade visando 2022. Entretanto, ela acredita que não é possível definir quem será o candidato ao governo a mais de um ano das eleições. “Não é possível saber a essa altura. Estamos tentando unir forças para construir um governo que Brasília merece. Fico lisonjeada por ser lembrada pelas pesquisas, mas, por enquanto, não há definição”, afirmou.
Paula acredita que é possível construir um governo mais eficiente e ético. A geração de emprego e atração de empresas para a cidade estão na lista de prioridade, assim como a educação e a infância. Para ela, é fundamental acabar com o ‘rouba, mas faz’.
“Vejo muita gente falando que sente falta de determinado político que foi condenado por corrupção. É um absurdo que o governante seja endeusado por fazer o próprio trabalho, mesmo roubando milhões e prejudicando a população. É preciso pensar em uma política do bem, sem priorizar projetos individuais”.
Educação e criança
O motivo que fez Paula Belmonte ingressar na política foi a morte de um filho de dois anos, em um acidente doméstico. Ela e o marido, Felipe Belmonte, encontraram conforto no projeto de dar uma infância digna aos pequenos brasileiros. Quando decidiu que seria candidata, às vésperas do limite de filiação partidária, em 2018, ela já havia traçado que seria uma defensora da primeira infância, o período que vai até os seis anos de idade. Essa é considerada por estudiosos como o período onde o ser humano recebe os estímulos mais importantes e determinantes para a idade adulta. Para ela, o Estado precisa assumir essa luta.
“O Brasil será um país melhor para todos se dermos a atenção necessária às crianças. Uma assistência de saúde de qualidade às gestantes garante uma qualidade de vida e um desenvolvimento pleno aos filhos. A partir daí, serão necessárias creches e escolas em condições de estimular os estudantes da forma correta. Hoje, esse ciclo não passa nem perto do ideal para os mais pobres”, lamenta.
Como deputada federal, Paula Belmonte conseguiu aprovar a lei que criou o Biênio da Primeira Infância, uma iniciativa para lembrar a importância das políticas públicas para os primeiros anos de vida dos brasileiros. Além disso, Paula articulou a aprovação do projeto de lei que prorroga a licença maternidade para mães de bebês prematuros. Essas são conquistas raras para parlamentares em início de mandato.
Emprego
“Desde sempre, minha intenção era lutar pela infância, mas percebi que uma família funcional depende de uma renda que seja minimamente suficiente para o sustento da casa”, explica. Para isso, Paula resolveu pensar em formas de gerar empregos e dar condições mais dignas para que as crianças se desenvolvam. “Só será possível ter um ambiente saudável para uma criança se os pais estiverem empregados e tiverem instrução para poderem educar seus filhos”, completou.
A intenção é estimular o espírito empreendedor nos brasileiros. A deputada defende que esse assunto esteja no currículo escolar desde as séries iniciais. Assim, qualquer cidadão se sentirá encorajado a usar a criatividade para abrir o próprio negócio e gerar empregos.
Paula mantém contato direto com o Instituto Federal de Brasília e apoia os cursos técnicos. Uma das iniciativas que ela teve para estimular o espírito empreendedor foi o projeto de lei que cria a empresa jovem, a exemplo das empresas juniores que já existem nas universidades. “Hoje em dia, o aluno do ensino técnico não pode participar de uma empresa para praticar a profissão que está aprendendo. Quando nosso projeto for aprovado, mais pessoas poderão fazer a conexão da teoria com a prática”, projetou.
Combate à corrupção
Foi na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou as operações suspeitas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social que Paula Belmonte teve projeção nacional. A deputada do DF participou ativamente e viralizou na internet ao confrontar figuras como Antônio Palocci, Eike Batista e outras pessoas que enriqueceram durante os governos do PT.
Como a ética na política é uma das bandeiras prioritárias, Paula Belmonte continua defendendo a prisão em segunda instância e o fim do foro privilegiado. “O cidadão não aguenta mais a impunidade daqueles que assaltam os cofres públicos. Enquanto tivermos essa dificuldade de colocar corruptos na cadeia vai ser como se déssemos carta branca para que os cofres públicos sejam assaltados”, critica.
Paula também é autora de projetos de lei para contribuir com o combate à impunidade. Um deles torna hediondos os crimes contra a saúde pública, como desvios de dinheiro. A parlamentar se posiciona contra o Fundo Eleitoral e tem uma proposta para extingui-lo. Ela é a favor de mais controle sobre os recursos públicos repassados aos partidos políticos, de maneira que os dirigentes partidários sejam responsabilizados em caso de atos de improbidade dentro das legendas.
