O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, do governo Lula, recebeu uma enxurrada de críticas após declarações no mínimo infelizes que fez na última sexta-feira (2) contra Brasília e o Distrito Federal.
Ao participar de evento na Bahia, Costa disse que Brasília é uma “ilha da fantasia” e criticou a instalação da capital no Distrito Federal. “Eu chamo aquilo de ilha da fantasia. Aquele negócio de colocar a capital longe da vida das pessoas, na minha opinião, fez muito mal ao Brasil”, disse.
Fala preconceituosa
E prosseguiu o ministro com sua fala preconceituosa:
“Era melhor ter ficado no Rio de Janeiro ou ter ido para São Paulo, Minas ou para a Bahia. Para que quem fosse entrar num prédio daquele ou na Câmara dos Deputados ou no Senado, passasse antes de chegar no seu local de trabalho, numa favela, debaixo de um viaduto, com gente pedindo comida, com gente desempregada porque ali as pessoas vivem numa ilha ilusória, numa bolha de fantasia”, discursou.
O primeiro a vir a público contra as declarações foi o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Ao jornal Correio Braziliense, chamou o ministro da Casa Civil de “idiota completo”.
“Agora sabemos de onde partiu o ataque ao Fundo Constitucional”, afirmou Ibaneis, em entrevista ao jornal Correio Braziliense. Disse ainda que o presidente Lula nunca demonstrou pensar como o ministro”, declarou o governador do DF
Noção de responsabilidade
Em nota, a OAB do Distrito Federal disse que o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, deveria ter a exata noção da responsabilidade que o alto cargo público para o qual foi nomeado exige.
“O respeito à dignidade de todos os cidadãos de Brasília e daqueles que são recebidos de braços abertos na nossa Capital é missão institucional daqueles que foram eleitos pelo povo do país. Digamos não a discursos desalinhados com o que Brasília representa para o país. O DF é da gente, de toda a gente trabalhadora e honesta que está por aqui”, diz a nota da OAB-DF.
Memória dos antepassados
De acordo com Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Distrito Federal, os dizeres do ministro ofendem a memória dos antepassados, daqueles que acreditam no projeto de um Brasil para todos que Brasília representa.
“Assim, a Diretoria da OAB/DF vem, firmemente, repudiar suas declarações, tal como publicadas neste domingo pelo jornal Correio Braziliense, e convidar a todas e todos que participem da nossa campanha “O DF é da Gente”, encerra o documento da entidade.
Campanha DF é da Gente
Nesta segunda-feira (5/), a vice-presidente da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), Lenda Tariana, foi a entrevistada da rádio CBN. Ao falar sobre o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), que está no projeto do arcabouço fiscal em tramitação no Senado, Tariana convocou a sociedade civil para participar da campanha “O DF é da gente”.
O evento está agendado para amanhã, dia 6 de junho, a partir das 19h, na sede da OAB/DF. “Seu propósito central é proporcionar um espaço de debate e participação ativa da sociedade civil, abordando a destinação dos recursos do Fundo Constitucional, a fiscalização de sua aplicação e os desafios enfrentados na gestão desses recursos”, explicou a vice-presidente da OAB-DF.
“Precisamos conscientizar a população do Distrito Federal e de outros estados sobre isso, para que possamos realmente lutar contra a alteração desse fundo. Mais uma vez, convido empresas, associações e sociedade civil a estarem presentes amanhã em nosso evento, para podermos discutir,” concluiu.
Bancada no Senado
Ainda nesta terça-feira (6), o presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), receberá a bancada do Distrito Federal no Congresso Nacional e os ex-governadores do DF para tratar sobre as mudanças no cálculo do principal fundo de investimento na segurança pública da capital.
O encontro, articulado pela senadora Leila Barros (PDT-DF), acontece às vésperas da votação do projeto que institui o novo arcabouço fiscal do Brasil. A reunião com Rodrigo Pacheco está marcada para as 15h na sala de audiências da presidência do Senado