Um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar
O fenômeno do El Niño tem provocado muitas tempestades no Brasil, e com estas tempestades normalmente ocorrem os raios. Mas o que está por trás deste fenômeno e o que o torna mais comum em algumas localidades?
O Brasil é um dos países com a maior incidência de raios, assim como ocorre em outros países equatoriais, como Congo, Malásia e Nigéria. No Brasil temos essa grande incidência de raios, primeiro devido a extensão territorial e por sermos um país tropical. Outro fator que influência na maior incidência de raios é local com grandes quantidades de minérios, como ocorre no Pará, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, campeões brasileiros no fenômeno. Outro fator que ainda pode influenciar é a emissão de poluentes que pode deixar o ar mais condutivo.
Para formar os raios precisamos de calor e umidade. Com o calor ocorre a evaporação da água que vai se acumulando e formando as nuvens. Conforme a nuvem aumenta de tamanho, as partículas de água, cristais de gelo ou granizo, em seu interior, colidem entre si fazendo com que ocorra transferência de carga elétrica entre elas.
Por sua vez, a gravidade atua dentro da nuvem, fazendo com que as partículas mais leves, como cristais de gelo, acumulem-se no topo da nuvem, e as partículas mais pesadas, como as gotas de água e o granizo, na parte inferior da nuvem.
Assim, nossa nuvem se torna uma bateria, com seus polos positivos e negativos. Quando uma nuvem toca, ou mesmo se aproxima de outra, com as cargas invertidas, temos um raio entre as nuvens. Ou, quando a nuvem se torna muito carregada, a descarga pode ocorrer em direção à Terra, pois apesar do ar ser um isolante elétrico, a chamada diferença de potencial pode ser tão grande que rompe este isolamento, ocorrendo a descarga.
Você sabia que se observar o relâmpago e o trovão éNo raio vemos o relâmpago e escutamos o trovão. O primeiro, fruto da emissão luminosa da radiação eletromagnética, e o segundo, o deslocamento do ar que o relâmpago provoca. Como a velocidade da luz é quase instantânea, e a velocidade do som em média 340m/s, basta contarmos os segundos entre vermos o relâmpago e escutarmos o trovão e multiplicarmos por três para sabermos a distância em metros onde o raio caiu.
Cuidado com os raios
Um raio pode atingir milhares de amperes e por isso pode ser fatal. Por isso, durante as tempestades, evite ficar em locais abertos e principalmente, debaixo de árvores, porque o raio procura sempre a menor distância para chegar à terra.
Dados no Brasil mostram que 25% dos acidentes acontecem na zona rural. Assim, durante uma tempestade, procure abrigo em alguma construção, e evite usar telefone, chuveiro, ou qualquer outro aparelho conectado à rede elétrica, pois a descarga pode atingir a rede elétrica local e chegar até à residência pela fiação.
Estima-se que cerca de três bilhões de relâmpagos atingem a Terra por ano, considerando a área da superfície terrestre de 510.100.000 km², teremos quase 6 raios por km²/ano. As estatísticas mostram ainda que apenas 10% destes ocorrem no mar o que eleva o número, em terra, para 18 raios por km²/ ano.
Então lembre-se: um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar.
(*) Álvaro Crovador, Mestre em Educação e graduado em Física. Professor no Centro Universitário Internacional Uninter