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quinta-feira, abril 18, 2024

61 Brasília

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61 Brasília

Meia um – já virou nome de restaurante, de loja, empresa e até de portal de notícias.

Ninguém por aí usa o CEP como codinome. Mas uma cidade inteira assumiu seu DDD carinhosamente como apelido.

Brasília é meia um.

Brasília, hoje, é 61 anos.

São daquelas coincidências que não significam nada, mas que era bonito de colocar no cabeçalho do caderno na terceira série. Tipo 21 de abril de 2021. Tipo Brasília meia um, 61 anos.

Parece que o número foi talhado especialmente para a cidade. Como se alguém, antevendo a alma da nova capital, olhasse e dissesse… hum… tem a cara exata de meia um.

Pense, por exemplo, em São Paulo, a maior cidade do país. Lá o DDD é onze. Um número sem graça, meio ranzinza, atarefado. Ninguém teria um bar chamado zero onze, ou um carinho especial por esse número. Ou no Rio de Janeiro, com seu zero vinte e um. Admitamos, é até um número moderno, e não sei por que me faz lembrar da Ana Paula Arósio. Mas é um moderno vulgar.

Outros números então, nem se fala. O meia dois, de Goiás, já é um número esquecível, com cara de ligação de telemarketing. Outros números no final, como 4 ou 9, e aí a gente nem atende mesmo, com a certeza que vem trote do presídio ou algo do tipo.

Brasília não. Aqui não só a cidade é apelidada pelo número do DDD, como trata-se de um número com apelido: meia. Seis é o algarismo oficial, meia para os íntimos. E assim se forma o meia um, um misto de modernidade e elegância, como Brasília. Combina o número com a cidade.

Aliás, algumas coisas são marcantes justamente por essa composição harmônica.

Nada combina mais com tetra do que 94. É por isso que o tetra nunca poderia ter ocorrido em 82. Não ia ficar legal. Agora 94 e tetra tem o match perfeito, veja a sonoridade de quatro e tetra, dissílabos, paroxítonas, ambas com o fonema “tr”. Veja, também, o ano do nosso descobrimento: 1500, número arredondado, um milênio e meio. Chega a gente enche a boca para falar que o Brasil foi descoberto em 1500, não tanto por orgulho de termos sido descobertos pelos portugueses, mas pela exatidão da data: mil e quinhentos.

Brasília meia um é mais um caso dessa simbiose entre número e significado. Deu liga.

Tanto que ninguém ligaria para um aniversário de 61 anos. Ora, 60 anos a gente comemora porque é o começo de uma nova década e também a porta de entrada para a fila preferencial. Os 61 a gente faz só aquele bolinho com a família para não passar em branco.

Mas com Brasília não. Porque Brasília tem a cara do 61.

Então vai aí um parabéns especial de 61 anos para essa cidade!

Rodrigo Bedritichuk é brasiliense, servidor público, pai de duas meninas e autor do livro de crônicas Não Ditos Populares

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