A ALMA IMORAL
Clarice Niskier reestreia, em Brasília, espetáculo assistido por 450 mil espectadores
Sozinha no palco, Clarice Niskier desconstrói e reconstrói conceitos milenares da história da civilização – corpo e alma, certo e errado, traidor e traído, obediência e desobediência. Em A Alma Imoral, a atriz estabelece contato direto com a plateia para contar histórias e parábolas da tradição judaica.
Em cena, uma cadeira e um tecido preto que, concebido pela figurinista Kika Lopes, transforma-se em mantos, vestidos, burcas, véus. O espaço cênico, trabalho de Luís Martins, é limpo e remete a um longo corredor em perspectiva. Mais de 450 mil espectadores em teatros das principais cidades brasileiras assistiram A Alma Imoral desde o ano da estreia, em 2006. Ao comentar sobre o desafio de estar em cartaz por 13 anos consecutivos, Niskier pondera que no teatro é sempre a primeira vez. “Assim como é possível amar tanto tempo a mesma pessoa sem se cansar, é possível fazer uma peça tanto tempo sem se cansar. O tempo é algo muito subjetivo. Se a relação está viva, está viva. Dá trabalho, mas não cansa. Assim é com A Alma Imoral”, reflete ela, que afirma amar o trabalho e o texto. “Que vocês se sintam vivos diante de mim. Assim como tenho vontade de me sentir diante de vocês: viva”, acrescenta. AAlma Imoral faz curtíssima temporada no Teatro Brasília Shopping, de 9 a 25 de agosto, sextas-feiras e sábados às 21h, e domingo às 19h.
Clarice Niskier optou por não trabalhar com uma direção teatral, no sentido tradicional, mas com a supervisão de Amir Haddad, que já vem seguindo a mesma trilha com alguns atores. Para ele, “super-visão” pode significar uma visão maior ou superior, capaz de desvendar aspectos que outros olhos mortais não conseguiriam. “Também pode significar uma sobre-visão, uma visão de cima, das coisas que estão acontecendo. O que eu faço com a Clarice é tentar dar a ela um olhar de quem está de fora, e às vezes de cima, para melhor poder entendê-la e orientá-la”, comenta Haddad. “Tenho mais prazer em observar e ajudar um ator no divino exercício do seu ofício do que inventar efeitos de som e luz e algumas marcações e depois anunciar: ‘o diretor’. Sonho com um ator dono do seu próprio texto e dessa maneira, capaz de iluminar o texto de outrem pelo embate de suas ideias”, propõe.
O texto de A Alma Imoral é uma adaptação de Clarice Niskier para o teatro, a partir do livro homônimo do rabino Nilton Bonder. “Quando comecei a trabalhar nessa adaptação pensava em mobilizar o pensamento e a emoção do espectador contemporâneo. Mais de uma década depois, continuo com o mesmo objetivo”, revela a atriz que fez a primeira temporada do espetáculo no Rio de Janeiro. A obra esteve nos palcos de Brasília em 2010, e retorna à cidade mais uma vez.
A Alma Imoral fechou seu primeiro ano em cena (2006) com três indicações ao Prêmio Eletrobrás de Teatro (melhor atriz, melhor peça e melhor figurino) e chegou ao segundo com duas indicações ao Prêmio Shell (melhor atriz e melhor figurino), tendo vencido na categoria de Melhor Atriz. Foi ainda contemplada em 2007 pelos Prêmios Caixa Cultural e Caravana Funarte de Circulação Nacional de Teatro, e em 2008 pelo Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Atriz.
FICHA TÉCNICA – A ALMA IMORAL:
TEXTO E DIREÇÃO: Adaptação/concepção cênica/interpretação e direção de Clarice Niskier, do Livro A Alma Imoral, de Nilton Bonder
PRODUTOR/PRODUÇÃO: José Maria Braga
ELENCO: Clarice Niskier
CENOGRAFIA: Luiz Martins
ILUMINAÇÃO: Aurélio de Simone
CENOTÉCNICO, OPERADOR DE LUZ, E SOM: Carlos Pereira
FIGURINO: Kika Lopes
TRILHA SONORA: José Maria Braga
FOTOGRAFIA: Dalton Valério
REALIZAÇÃO: Niska Produções Culturais
IMAGENS DE VIDEO DO ESPETÁCULO: https://www.youtube.com/watch?v=g_DlUHSSvjw&feature=youtu.be
https://www.youtube.com/watch?v=xPeOH2r5110&feature=youtu.be
Programe-se:
A ALMA IMORAL
Local: Teatro Brasília Shopping
Data: 9 a 25 de agosto, sextas-feiras e sábados às 21h, e domingo às 19h.
Ingressos: R$100 (Inteira) R$50 (Meia)
Venda em: https://bileto.sympla.com.br/event/61858
Classificação indicativa: 18 anos
Mais informações para o público: (61) 2109-2122 e www.brasiliashopping.com.br
CLARICE NISKIER
Clarice Niskier estreou no Teatro Tablado em 1981, com a peça “Tambores na Noite”, de Bertold Brecht, sob a direção de Dina Moscovitch, no Rio de Janeiro. Em seguida, foi convidada a participar da peça “Porcos Com Asas”, de Mauro Rádice e Lidia Ravera, sob a direção de Mario Sérgio Medeiros, interpretando a sua primeira protagonista, em 1982, no Teatro Cacilda Becker.
Trabalhou na Companhia “Tem Folga na Direção”, sob a direção de Antônio Pedro nas peças “Cabra Marcado Pra Correr”, de Martins Pena, e “Tá Ruço no Açougue”, de Brecht. Ainda nos anos 80, trabalhou com o grupo Pessoal do Despertar, no Parque Lage, atuando na peça “O Círculo de Giz Caucasiano”, também de Brecht, sob a direção de Paulo Reis; com a premiada diretora do Grupo Navegando, Lucia Coelho, em diversas peças infantis; com Bia Lessa, na peça “Os Possessos”, de Dostoievski, e com Amir Haddad, em “Faces, o Musical”.
Nos anos 90 atuou na peça “Bonitinha, mas Ordinária”, de Nelson Rodrigues, sob a direção de Eduardo Wotzik e, em seguida, em “Con?ssões das Mulheres de Trinta”, texto coletivo, sob a direção de Domingos Oliveira. Com estes dois diretores desenvolveu uma longa parceria. No Centro de Investigação Teatral, dirigido por Eduardo Wotzik, fez “Yerma”, de Federico Garcia Lorca; “Tróia”, de Eurípedes, que lhe valeu as indicações para os Prêmios Shell e Mambembe de Melhor Atriz em 1993. E atuou em seu primeiro monólogo: “Um Ato Para Clarice”, coletânea de textos de Clarice Lispector, roteiro de Eduardo Wotzik e Bianca Ramodena, além de atuar também na peça “Equilíbrio Delicado”, de Edward Albee.
Com Domingos Oliveira encenou seu segundo monólogo, “Buda”, de autoria própria, e nas peças “Con?ssões das Mulheres de Quarenta”, texto idealizado e escrito pela atriz sob a orientação dramatúrgica de Domingos Oliveira e colaboração das atrizes Priscilla Rozenbaum, Dedina Bernardelli e Cacá Mourthé; Fez também a peça “Isabel”, de Aderbal Freire Filho, com Maitê Proença e Aderbal como atores, “Amores” e “Primeira Valsa”, ambas de autoria do próprio Domingos Oliveira. Clarice participou de diversos ?lmes dirigidos por Domingos, entre eles, Amores e Feminices.
Depois do ano 2000, trabalhou em “A Memória da Água”, de Shelagh Stephenson, sob a direção de Felipe Hirsh; “O Caso da Rua ao Lado”, de Eugène Labiche, sob a direção de Alberto Renault; “Antônio e Cleópatra”, de Shakespeare, sob a direção de Paulo José; “Tudo Sobre Mulheres”, de Miro Gavran, sob a direção de Ticiana Studart, que lhe rendeu a segunda indicação para o Prêmio Shell de Melhor Atriz, em 2006; na peça “A Alma Imoral”, adaptação da própria do livro “A Alma Imoral”, de Nilton Bonder, sob a supervisão de Amir Haddad, que estreou no Espaço Sesc-Copacabana, em junho de 2006.
Sem interromper o espetáculo A Alma Imoral, Clarice Niskier atuou em 2009 na peça “Maria Stuart”, no CCBB de Brasília e do Rio de Janeiro, sob a direção de Antônio Gilberto, ao lado de Julia Lemmertz. Atuou também, em 2012 e 2014, na peça “O Lugar Escuro”, de Heloisa Seixas, ao lado de Camila Amado; em 2015 estreou seu quarto monólogo “A Lista”, de Jenni?er Tremblay, que lhe valeu nova indicação para o Prêmio Shell de Melhor Atriz de SP .
Clarice tem ainda em seu currículo várias participações em programas de TV, como a personagem Alzira da novela “Ciranda de Pedra”, de Alcides Nogueira, na TV Globo, sob a direção de Denise Saraceni, em 2009; e em 2011 uma participação especial na novela “Araguaia”, de Walther Negrão, também na TV Globo, interpretando a divertida Irmã Dulce. Clarice fez ainda uma participação especial num dos episódios da série “Macho Man”, na TV Globo, interpretando uma terapeuta corporal alternativa ao lado de Marisa Orth e Jorge Fernando; e também na série “As Brasileiras”, de Daniel Filho, ao lado do casal Malvino Salvador e Sophie Charloe. Protagonizou o ?lme “A Viagem de Volta”, direção de Emiliano Ribeiro.