Quem terá o melhor destino? Não sei, mas será mais feliz aquele que souber apreciar a viagem
A jornada da vida é frequentemente vista como um caminho em direção a um destino específico, um ponto de chegada onde esperamos encontrar realização, sucesso ou felicidade. Esta visão, contudo, pode nos levar a negligenciar a importância do próprio processo, da viagem em si. A sabedoria de apreciar a viagem reside na compreensão de que a vida não é apenas sobre onde chegamos, mas sobre como vivemos e experienciamos cada passo do caminho.
Essa perspectiva encontra eco em várias tradições espirituais e filosóficas. No Taoísmo, por exemplo, há uma ênfase na ideia de “Wu Wei”, que pode ser traduzida como “ação sem esforço” ou “ação através da não-ação”. Esta filosofia sugere que devemos fluir com a vida, apreciando cada momento e experiência sem resistência excessiva ou esforço forçado para moldar cada detalhe do futuro.
Na literatura bíblica, encontramos reflexões similares. O Salmo 23, por exemplo, fala de caminhar por vales e ainda assim não temer o mal, pois a presença divina conforta e guia. Aqui, a ênfase está na confiança e na apreciação da presença e do apoio em cada etapa da jornada, e não apenas no destino final.
Filósofos como Sêneca, um dos mais célebres estoicos, também refletiram sobre a importância de valorizar a jornada. Para Sêneca, a felicidade não se encontra na conquista de objetivos externos, mas na paz interior e na harmonia com a natureza e com o fluxo da vida. Ele aconselhava que deveríamos desfrutar cada dia como se fosse um todo completo em si mesmo, não apenas como um meio para alcançar um fim.
Apreciar a viagem implica em estar presente, reconhecendo e valorizando cada momento, cada encontro, cada desafio e cada alegria pelo que eles são. Implica entender que, embora os destinos possam ser importantes, é na jornada que passamos a maior parte de nossas vidas. Aquele que aprende a apreciar a viagem descobre uma fonte mais profunda e constante de felicidade, pois não está condicionada apenas aos resultados ou aos destinos alcançados, mas está enraizada na própria experiência de viver.
Por: José Adenauer Lima