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segunda-feira, abril 28, 2025

A injustiça em um lugar é a semente do caos em todo lugar

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A frase de Martin Luther King Jr., “A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar”, é um alerta atemporal sobre como as desigualdades e a falta de equidade podem corroer a base da convivência humana. Essa reflexão, tirada de sua famosa “Carta da Prisão de Birmingham” (1963), vai muito além de um chamado para a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos – ela é um grito universal em prol da justiça coletiva. Afinal, como viver em um mundo justo quando permitimos que a injustiça se normalize em qualquer canto?

Pense no exemplo de um pequeno ato de corrupção numa empresa. Uma pessoa suborna um funcionário para ganhar vantagem. Esse ato, aparentemente isolado, pode se espalhar como um vírus, incentivando outros a fazerem o mesmo. Em pouco tempo, o que era uma infração singular se torna um sistema enraizado, prejudicando quem trabalha com honestidade.

Assim, uma injustiça localizada gera consequências em cadeia, afetando o equilíbrio da justiça para todos os envolvidos.
Aristóteles, na sua “Ética a Nicômaco”, dizia que a justiça é a virtude por excelência porque regula todas as outras virtudes. Para ele, ser justo não é apenas evitar o erro, mas também agir ativamente para corrigir as desigualdades. Quando alguém fecha os olhos para a opressão, torna-se cúmplice dela. Isso é especialmente relevante no mundo globalizado de hoje, onde problemas como a fome, a discriminação e as mudanças climáticas não respeitam fronteiras. Ignorar a miséria alheia é semear as bases para o nosso próprio sofrimento futuro.

A Bíblia também reforça essa ideia em Provérbios 31:8-9: “Defenda os direitos de todos os desamparados. Fale em favor dos pobres e necessitados.” Essa orientação, muitas vezes negligenciada, mostra que é responsabilidade de todos erguerem a voz contra as injustiças, independentemente de onde elas ocorram. Quando negligenciamos essa responsabilidade, perpetuamos um ciclo de desigualdade que pode se voltar contra nós em algum momento.

Um exemplo histórico marcante é o apartheid na África do Sul. Durante décadas, o mundo observou a segregação racial no país sem agir de forma decisiva. Porém, quando líderes e cidadãos globais começaram a pressionar o governo sul-africano, unindo forças com Nelson Mandela e outros ativistas, a mudança começou a acontecer. Isso demonstra que a solidariedade global é essencial para combater sistemas de opressão. Não basta nos preocuparmos apenas com o que acontece no nosso quintal; precisamos nos posicionar contra toda forma de tirania.

A lição é clara: a justiça é interdependente. Como um tecido, cada fio precisa estar forte para sustentar o todo. Quando negligenciamos a injustiça em algum lugar, permitimos que as estruturas de opressão se fortaleçam, criando um mundo menos seguro e menos equilibrado para todos. Somos todos responsáveis por denunciar, educar e agir. Afinal, como disse Edmund Burke: “Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.”

A verdadeira justiça começa quando entendemos que nossa luta individual está conectada ao bem-estar coletivo. Portanto, a pergunta que fica é: o que você pode fazer hoje, no seu círculo de influência, para não apenas evitar a injustiça, mas também para combatê-la onde ela surgir?

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