O título acima dá nome à publicação do Sindicato das Industrias do Vestuário do Distrito Federal – SINDIVESTE-DF, que teve a curadoria do produtor de moda e jornalista Fernando Lackman e é uma das muitas ações comemorativas dos 50 anos do Sindicato que representa mais de 7 mil empresas de confecção no DF, presidido pela obstinada Walquíria Aires.
Recebi a publicação que me chamou atenção, não apenas pela beleza da edição, que surpreende, mas principalmente pelas histórias relatadas, inclusive a dessa colunista que vos fala, quando permaneci à frente do setor da moda do Senac DF por 5 anos, o que me deixou muito orgulhosa em estar lado à lado com os “criadores de moda de Brasília”.
Desde que cheguei, em 2016, vinda do Rio de Janeiro, onde fui professora do Senac e do Instituto Europeu de Design, com o desafio de fomentar o setor da moda no Senac-DF, me chamou a atenção perceber que embora existissem muitas multimarcas revendendo marcas do eixo Rio-São Paulo, existia um público, principalmente de jovens, muito orgulhosos da sua cultura e ávidos em se sentirem representados por marcas locais. Embora eu tenha escutado muitas e muitas vezes, que não existia moda em Brasília, que ao lado, em Goiânia, era possível comprar produtos muito baratos, e blá, blá, blá… aquilo não fechava com o que eu percebia nas minhas andanças pela cidade.
Recordava-me do Capital Fashion Week, que foi o terceiro evento de moda mais importante do país, pensava que estava na capital da República, na maior renda per capita do Brasil e a conta simplesmente, não fechava…
Pesquisei por meses o mercado local, tive ajudas valiosas do Sindicato das Industrias do Vestuário do DF – SINDIVESTE-DF, da Associação Comercial de Taguatinga, assisti a inúmeros desfiles de alunos formandos do IESB, visitei todos os shoppings da cidade e suas associações como as do Gama, do Alameda Shopping, do Pátio Brasil, do Conjunto Nacional, entre outros e percebia um comércio pujante. Pensava comigo: – Se tem comércio forte, no mínimo temos três profissões da cadeia produtiva da moda: a costureira( para consertos e reformas do vestuário), o vitrinista e visual merchandisier e o vendedor de moda, que é hoje o consultor de estilo. E assim mapeando o mercado fiz uma proposta de um plano de trabalho ao Senac DF que começou a ser implantado em 2016, quando a Instituição tinha 68 alunos matriculados e que com o desenvolvimento das atividades, chegou em 2019 a 1.289 alunos.
Muito me orgulho de ver atualmente esses ex alunos empreendendo e trabalhando no mercado de moda brasiliense, como estilistas, costureiras, professores de moda, especialistas em coloração pessoal, consultores de imagem, visagistas, vitrinistas e tantas outras profissões possíveis dentro dessa enorme cadeia produtiva da moda
Sinto que ainda há muito o que fazer pelo mercado de moda do DF. Percebo que é um desejo dos empresários locais, do maior ao menor, que necessitam de mão de obra qualificada de um lado e que, do outro lado, há uma vontade enorme de muitos jovens viverem de moda, trabalharem nesse segmento desafiador e fascinante, porque trabalhar com criação é mágico!
Que em 2022, possamos unir forças, empresários, funcionários, setores privados e principalmente o setor público, para que vislumbrem, definitivamente, o quanto a cadeia produtiva do vestuário pode fazer, desde transformar a vida de uma costureira, até ser uma mola propulsora da economia criativa local. Que finalmente sejamos vistos como uma política de governo, que gera emprego, renda e oportunidades, porque existe e como existe, moda em Brasília, a capital dos criadores!
Por: Verônica Goulart