CAJÓN – um instrumento de percussão que está na moda.
A maioria dos nossos leitores provavelmente desconhece a palavra e mais ainda sua função. Existem muitos instrumentos musicais que têm tradição secular: harpa, que o rei Davi tocava; trombones, que davam o ar solene nas catedrais medievais; e por ai seguem violinos, trompas de caçadores e outros. Dos três grupos básicos dos instrumentos, cordas, sopros e percussão, este último é o que faz mais barulho – desculpe! Produz sons mais fortes. Veja o volume da bateria nas casas de shows, insuportável! Mas nem todos os instrumentos do grupo ferem nossos ouvidos. O Naipe da percussão se divide em instrumentos que produzem som regular e tocam notas musicais, como o vibrafone, a marimba, o xilofone e os tímpanos modernos que, com um sistema de pedais, são capazes de emitir todas as notas de uma escala musical, e o outro grupo que produz sons de altura indefinida, ou barulhos musicais, representado pela família de tambores, pratos e similares. Quem já assistiu à execução do Bolero de Ravel deve se lembrar daquela figura rítmica, repetida durante a peça inteira pela caixa clara, cujo intérprete, promovido a solista, toca em frente à orquestra, no espaço privilegiado ao lado do maestro.
Uma das características do manuseio dos instrumentos musicais é o posicionamento com relação ao executante. O violinista segura o violino ao seu lado com a mão esquerda e flexiona o arco com a direita. O trompetista segura trompete na sua frente. O pianista senta-se na frente do teclado e o manuseia com as mãos. E assim é a totalidade dos instrumentos. Porem existe um instrumento que, para tocá-lo, o músico fica numa posição atípica. Este é exatamente o tema do nosso artigo:
O cajón é um instrumento de percussão relativamente novo, cujo nome nem consta nos dicionários musicais tradicionais. Sua origem se situa no período colonial das Américas, quando os negros escravizados vindos da África faziam das caixas de alimentos e frutas seus tambores. Tecnicamente ele pertence ao grupo de instrumentos de percussão chamados idiofones, aqueles que produzem som pela vibração do próprio corpo (do instrumento). Para criar o som, o músico dispensa baquetas, um assessório típico da percussão. Ele usa as mãos para bater no corpo do instrumento. A maior diferença entre o cajón e quase todos os demais instrumentos é a maneira aparentemente desrespeitosa de tratá-lo. Em vez de segurá-lo com a mão, ficar do lado, o instrumentista senta-se nele, literalmente.
O cajón tem a forma de uma caixa de madeira (necessariamente reforçada para aguentar o peso de um percussionista menos magro) de 50 cm de altura e o assento, devidamente acolchoado, de 30 cm x 30 cm. A madeira usada é geralmente compensado de sumaúma, paricá , mogno, imbúia ou ipê. O instrumento parece simples, mas não é. Tem várias posições para sentar-se, o local da batida proporciona sons de timbres diferenciados. O som do cajón é diferente do das tumbadoras, é mais arredondado, tem mais harmônicos, é mais camerístico. Além do timbre variado, o ritmo das batidas também varia, diferenciando samba, rock, forró, baião e outros. Para aprender a tocá-lo, existem cursos especializados e até métodos impressos com a grafia musical criada especialmente para o instrumento. Porém, sem querer desprestigiar-lhe, aprender a tocar cajón é um pouco mais fácil do que aprender a tocar um violino.