Cuidar do amor de alguém, enquanto está longe do seu é um verdadeiro gesto de empatia. E essa tem sido a escolha diária dos profissionais de saúde na linha de frente da covid-19 durante mais de um ano de pandemia, em especial daquelas que são mães, e trocam o tempo de estar com os filhos para salvar vidas. No segundo Dias das Mães frente a covid-19, comemorado neste domingo (9), essas guerreiras compartilham quais são os desafios e sentimentos enfrentados na maternidade em meio à crise sanitária
A enfermeira Luciana Cardoso, de 43 anos, é uma delas. No início da pandemia, ela estava gestante e teve a oportunidade de ficar em casa de teletrabalho por sete meses. Mas após a licença maternidade, ela precisou retornar ao trabalho, em 19 de fevereiro, para atuar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Covid-19 do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).
Além da redução do tempo de contato entre mãe e filha imposta pela pandemia, outros fatores que aumentam ainda mais a distância é a carga horária intensa de trabalho de Luciana e os afazeres em casa. “Dói bastante não conseguir me dedicar totalmente a ela, porque a rotina é muito cansativa e pesada. O que compensa é ver que meu trabalho tem resultado e que junto com a equipe consigo restabelecer vidas, em um cenário de pandemia tão difícil”.
Transformação
Ivone ainda teve que deixar de visitar o filho de 23 anos, Wesley Dias, da nora e do neto, de 7 anos, que moram em outra residência. “Foi preciso muita resiliência para aguentar a distância e a saudade da família”, relembra. O contato inicialmente era virtual, mas com o passar do tempo e mais conhecimento da doença a família voltou a se ver, seguindo todos os protocolos sanitários. “Mesmo assim, todo o cuidado é pouco e, por isso, vamos comemorar o segundo Dia das Mães na pandemia por chamada de vídeo”, decidiu.
A pandemia também tem sido um desafio para a gerente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sobradinho, Janaína Vieira Almeida, de 35 anos. A rotina puxada a deixou longe das filhas Lívia Almeida, 3 anos, e Laura Almeida, 5 anos. “O fato de ocupar um cargo de gestão e me expor ao vírus cotidianamente é bem difícil. Durante o dia, elas ficam com minha mãe. Saio cedo e deixo-as lá. Depois, busco, mas sem um horário exato”, contou.
Para ela, apesar do pouco tempo com as filhas e da necessidade de evitar a proximidade, o período de enfrentamento da covid trouxe muitos aprendizados. “Mostrou-me a importância de acompanhar a alfabetização das crianças e dar todo carinho e amor que posso. Assim como eu sou apaixonada pela minha profissão, sou apaixonada por ser mãe e tento dividir ao máximo a atenção nos dois âmbitos”, declara, ao dizer que matem uso contínuo de máscara mesmo dentro de casa.