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quinta-feira, abril 25, 2024

Deputado Wellington Luiz fala de planos para reeleição e avalia a atual gestão do DF

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Deputado Wellington Luiz fala de planos para reeleição e avalia a atual gestão do DF

Por Catarina Barroso

O deputado Wellington Luiz, 51 anos, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), é o atual vice-presidente da Câmara Legislativa e iniciou sua carreira profissional como bancário, foi servidor público no Corpo de Bombeiros e em 1991 ingressou na Polícia Civil, e foi ainda, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol) por quase 12 anos.

A 61 Brasília conversou com ele sobre: planos para a reeleição na Câmara Legislativa do Distrito Federal, segurança pública, mobilidade urbana e avaliação da atual forma de gestão do governo de Brasília

 

Pretende concorrer à reeleição ou tem algum plano que não seja para a CLDF?

Tenho trabalhado para permanecer na Câmara Legislativa e dar continuidade a alguns projetos que necessitam de representante na esfera do legislativo local. Alguns desses projetos estão ligados à defesa sistemática dos servidores públicos e do direito e acesso de todo cidadão à saúde, segurança e educação de alto nível.  Ainda tenho buscado legislar com a visão focada na sustentabilidade do meio ambiente, proteção à mulher, mobilidade e garantia de direitos aos portadores de necessidades especiais. Assim, creio que minha missão, pelo menos por enquanto, ainda é disputar mais uma eleição para deputado distrital.

 

Quais propostas para reeleição?

Dizer de uma proposta seria fechar possibilidades. Sou aberto e muito sensível ao que diz o cidadão no tocante ao que deseja de nossa representatividade na Câmara Legislativa. Por outro lado, quero continuar trabalhando para que nosso povo possa ter orgulho de Brasília e, principalmente saber que o voto não se perde nas urnas. Caso assim eu consiga mobilizar e fazer acreditar quem nos escuta, certo que não precisamos de propostas, necessitamos apenas de confiança. E confiança não se vende ou se troca. É um processo de construção demorada e de mão dupla.

 

O servidor público tem sido valorizado, na atual conjuntura governamental?

Infelizmente não houve a mínima valorização de qualquer servidor público no âmbito do Distrito Federal. Sofro quando vejo carreiras de servidores do DF em luta contínua, seja fazendo greves ou manifestações em frente ao Palácio do Buriti. E o que mais nos sensibiliza é ver que todos esses servidores não defendem apenas salários justos, falam o quanto sofrem por terem que trabalhar em órgãos públicos sucateados, sem efetivo e mínima condição de prestar serviços à população. E tudo isso parece não tocar o governo que segue em festa como se aos seus pés houvesse um tapete de flores.

Nossos servidores públicos não merecem tanto descaso, e acredito que sonham para que esse governo tirano tenha logo um fim.

 

Tem alguma proposta voltada para área da segurança pública?

Não se pode falar em segurança pública sem citar seus operadores. Qualquer proposta tem que ser antecedida por uma ampla consulta aos policiais que estão nas ruas e sentindo onde e como esse caldeirão ferve. Temos antes de tudo lançar olhar diferenciado para toda estrutura que vai às ruas num enfrentamento sem paridade nessa guerra urbana. De um lado os criminosos cada dia mais equipados com armas de grosso calibre, dispostos a todo tipo de violência, enquanto do outro, nossos policiais e a população devem seguir regras de segurança pessoal e reação mínima. Sou a favor de um Estado forte e contentor da violência e do crime com uso de meios tão severos e em pé de igualdade quanto o que bandidos utilizam contra pessoas de bem. Quem atira em trabalhador ou policial para matar, não pode ter direitos humanos ao seu lado. Minha proposta é fortalecer e valorizar o policial com bons equipamentos, excelentes viaturas, proteção de suas ações quando em consonância com o direito de revide e, acima de tudo, salários justos.

 

Por quais motivos acha que Brasília tem tido um aumento no índice de violência?

Brasília tem refletido o que o Brasil já se tornou: Um lugar perigoso para se viver. Essa violência não nasce e morre ali onde o crime acontece. Toda dinâmica, cultura de violência e crime, teve origem no abandono das obrigações dos núcleos familiares, das escolas onde professores são impedidos de exercer a tutela da autoridade sobre o aluno, da complacência e quase conivência das autoridades em não se criminalizar pequenos delitos e por aí vai. Mesmo nossas religiões têm se ausentado do lugar onde poderiam influir na construção de seres humanos voltados para o cerne de suas crenças, sejam elas cristãs ou não. São muitos fatores, mas a maior parcela de culpa repousa na apatia. Tornamos-nos apáticos, e aos poucos vamos nos distanciando do dever de se indignar com tanta violência.

Somos todos responsáveis pelo resgate de uma sociedade pacifica e garantidora de direitos, vidas e patrimônios.

 

Quais ideias que, desde que implementadas, iriam melhorar a segurança pública?

Precisamos reeducar nossa gente e valorizar quem nos protege. É muito ruim você saber que a violência faz parte de um circulo vicioso que se realimenta na cultura do jeitinho brasileiro, ou no ditado popular que “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Temos crenças que precisam ser destruídas ainda no berço, num processo inverso a tudo que experimentamos até aqui, e que geram ou fomentam a violência. Por enquanto, o mais urgente ainda é reprimir e não deixar que o estado encolha frente a tanta criminalidade. Políticas voltadas apenas para a repressão também não parecem surtir efeito a curto prazo. Temos que convocar uma grande discussão para criação de protocolo que envolva todos os segmentos do estado e da sociedade civil organizada, para que, juntos possamos construir metas que sejam realizáveis e testadas ao longo do tempo. Se deixar como está, pior vai ficar.

 

Há uma proposta principal para reeleição?

Não. Um político não pode, pelo menos na minha opinião, ter uma única bandeira, principalmente depois que nós tratamos de tantas matérias. A reeleição será a confirmação e o reconhecimento de nosso trabalho ao longo desses dois mandatos. Quero continuar debatendo políticas públicas, o direito do servidor público, mobilidade, meio ambiente. Proteger também o setor produtivo – indústria e comércio, quem de fato gera empregos e retorna aos cofres públicos o dinheiro que deverá ser revertido em saúde, segurança, educação e infraestrutura.

Por fim, diria que não tenho bandeira, tenho iniciativas respeitosas e protetivas dos direitos e garantias de nossa população.

 

O que o governo poderia ter feito para impedir a greve dos policiais civis?

Respeito. Botar em prática o que prometeu aos policiais civis durante a campanha para governo. Basta apenas restituir a paridade de salários com os servidores da Polícia Federal. Dizer que não tem dinheiro, é no mínimo uma afronta. O Fundo Constitucional, só em 2018, vai disponibilizar aos cofres do GDF algo em torno de 13 bilhões como verba carimbada da União, primordialmente destinada à manutenção da segurança pública. O valor do reajuste dos salários dos policiais civis sequer arranha esse montante.

 

Qual sua avaliação da segurança pública nesse governo? É necessária uma reformulação dessa área para que a população se sinta protegida?

Tem que reformular completamente. Vivemos hoje um fenômeno que jamais tínhamos visto na história da segurança pública. Fiquei 28 anos da minha vida na segurança pública, e você imagina que na primeira vez na história, nós temos delegacias fechadas, num total de 16 unidades. Vivemos o caos social provocado por um governo que parece ser dormente a tudo isso. Não vejo outra saída que não seja o enfrentamento qualificado com policiais nas ruas, em todos os locais, sejam eles nos bairros mais no centro de Brasília, ou naqueles mais distantes, nas bordas das cidades satélites. Sem polícia prevenindo de um lado e do outro ocorrendo a investigação com repressão sistemática e de inteligência, dificilmente reconquistaremos um sociedade com sensação de segurança. Isso só é possível com força policial presente, seja prevenindo, seja investigando.

 

Qual sua avaliação do discurso do governo sobre não ter dinheiro para pagar servidores e investir na cidade?

É um discurso enganoso e beira o mau caratismo. Sabemos que o que tem faltado a esse governo é vergonha, coragem e gestão. Basta ver que todo ano se bate recorde de arrecadação, enquanto ainda o fundo constitucional derrama bilhões nos cofres do GDF. Era só usar a mesma habilidade de uma dona de casa ou trabalhador que se vê obrigado a manter um lar. Economizar onde precisa e estabelecer prioridades, seja na melhoria de serviços públicos ou na valorização dos servidores como um todo. O que não se admite é essa apatia como se nada fosse de sua responsabilidade e também sem a necessidade da ousadia em se criar soluções. Isso é obrigação de quem  possui governança. Nesses quase quatro anos de governo não sentimos a presença do Estado nas ruas, na mobilidade, nos serviços essenciais que deveriam estar ao alcance da população de modo amplo.

 

Qual a sua avaliação desse governo?

Péssimo. Se equivale a um cadáver mal informado sobre sua própria morte. E não sou eu quem diz isso, são os números das pesquisas que hoje reprovam o governo Rollemberg em cerca de 74%. Não tenho mais a dizer. O povo nas ruas já fala por nós, as pesquisas também.

 

Sobre a votação do fim da verba indenizatória, que economizaria dinheiro aos cofres públicos, qual sua opinião?

Sou a favor, até porque é de nossa autoria  essa iniciativa. Somos  eleitos para  responder as necessidades da população. Não tenho reservas em extinguir a verba indenizatória em respeito ao povo que não aceita essa situação e  precisa ser convencido pelo exemplo.

 

Acha possível haver uma unificação partidária para lançar um forte candidato ao governo do DF para concorrer com a atual gestão? Quem seria esse candidato?

Eu acho que essa unificação é fundamental, mas particularmente não acredito mais. Não acredito que consigamos ter esse consenso para lançar um candidato que certamente teria uma eleição garantida no primeiro turno. Falta talvez um diálogo maior e um pouco mais de juízo de todos os pretensos candidatos, para que a gente possa ter o melhor nome à disposição da sociedade. Também acredito que o povo é quem vai dizer o caminho e a quem confiar o próximo governo. Qualquer unificação de forças, se não refletir a vontade do povo, cai no vazio, não se sustenta.

 

Acha que hoje tem alguém preparado para assumir o governo e trazer benefícios para sociedade?

Nós não temos um salvador da pátria. É necessário fugir desse sonho que poderá conduzir ao Buriti alguém que apenas incorpora a vontade de uma mudança que, ao fim, nada muda. O governo de uma cidade é mais que preparo, é diálogo e proximidade com a população. A questão do preparo está mais voltada para um grupo extremamente qualificado que assume o governo, do que o candidato em si, pois são as alianças ao redor do governante que lhe darão sustentação e equilíbrio para governar ou de fato aniquilá-lo. Lógico que nomes bons sempre surgirão, mas sem um grupo determinado somando forças e,  do outro lado com o apoio popular, muito pouco poderá ser feito.

Bom governo se faz ouvindo o povo, sem vaidades e disposto a corrigir erros quando eles por ventura ocorrerem, lançando mão de pessoas qualificadas para assumir pastas importantes como saúde, segurança, educação, mobilidade e desenvolvimento do setor produtivo.

 

Como acha que casos como o desabamento do viaduto do eixão poderiam ser evitados e a população poupada?

O desabamento do viaduto era questão de tempo e, as causas de sua queda, de conhecimento do Governador Rollemberg. Dois órgãos do governo que cuidam de vistorias e manutenção das vias – Novacap e DER, já sabiam que ali havia uma tragédia em andamento e anunciada por meio de relatórios que o governo desconsiderou e pagou pra ver. Por muito pouco não houve perdas humanas. Agora, o governo quer fazer um arrumadinho, e apenas reconstruir a área desabada, ao invés de considerar o posicionamento dos engenheiros da UnB que recomendam a demolição do viaduto, para no local se construir nova estrutura com materiais compatíveis com a carga exercida pelo grande fluxo de veículos sobre a via. Espero que outros viadutos e pontes sejam vistoriados e recuperados a tempo de não se produzir novas tragédias.

 

As panes no metrô vem prejudicando a população. Quais atitudes deveriam ser tomadas para oferecer um serviço de qualidade e com segurança aos cidadãos?

Primeiro lembrar que o trem já descarrilou, e Deus botou a mão para que não houvesse uma grande tragédia. Todos os dias o gerenciamento do metrô registra algum tipo de pane no sistema. Seja ela falha mecânica, elétrica ou mesmo quebra de peças por falta de reposição ou manutenção. Sabemos que algumas dessas peças de reposição não existem em estoque devido ao seu alto valor e, quando falham precisam ser trocadas. Ocorre que grande parte dessas peças vem de fora de Brasilia e do exterior, o que leva até três meses pra serem substituídas. O problema é que falta gestão: Espera-se primeiro a peça quebrar, ao invés de prever sua próxima reposição. Isso gera  adaptações  do tipo “gato” num sistema muito sensível que transporta vidas. Falta gestão e respeito com o povo que precisa utilizar de um transporte que de fato não seja um risco de acidente ou mesmo não chegar ao seu destino.

 

O que pode ser feito para melhorar a vida da população do DF?

Primeiro é não perder a esperança. Temos experimentado uma sucessão de enganos e erros propositais por parte de inúmeros governos que levou a população a uma apatia e descrença nos seus representantes em sentido amplo. Mas isso tem que mudar. O povo tem que tomar posse do destino e da governança de nossa capital.  Acompanhar cada ato de governo e do poder público. Ir para as ruas, exigir que abusos sejam freados e não deixar espaço aos candidatos de má fé, quando das escolhas nas urnas. A escolha é livre, mas o resultado dela é obrigatório no decorrer de quatro anos de mandato, seja para governo ou para legislar em nome do eleitor. Voto vale muito, mas não vale dinheiro. É de grande absurdo um candidato gastar 5 ou 6 milhões por via para ser eleito, quando a soma de seus vencimentos no decorrer de um mandato não alcançam tamanho investimentos. É preciso pensar sobre esses aspectos.

Para melhorar a vida da população se faz necessário melhorar na escolha de quem vai representar essa mesma população. Ao contrário, nada muda.

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