Nesta quarta-feira (20/3), celebramos o Dia Internacional da Felicidade, mas o que é felicidade? É importante refletir sobre o que constitui a verdadeira felicidade e como a sociedade pode promover o bem-estar de seus cidadãos, visto que a felicidade tem um significado pessoal. A Assembleia Geral das Nações Unidas escolheu a data em 2012, reconhecendo a importância da felicidade e do bem-estar como metas e desejos universais nas vidas das pessoas.
A felicidade é subjetiva e frequentemente está associada às realizações e satisfações de um indivíduo com a vida. Estudos indicam que fatores como saúde, educação, relações sociais e acesso a serviços básicos são fundamentais para o bem-estar individual e coletivo. Segundo Cloninger (2004), os psiquiatras têm um amplo conhecimento das características biomédicas das pessoas infelizes, mas sabem muito pouco sobre as pessoas felizes.
Para Cássia Tavares, Psicóloga e Terapeuta, a felicidade é mais complexa do que imaginamos. “Um dos objetivos é estar satisfeito com o que se faz, então a felicidade pode e tem suas variantes. As pessoas devem e buscam no cotidiano realizações pessoais que, em tese, trazem o que chamamos de felicidade momentânea”. A especialista ainda afirma que a felicidade não é algo que se conquista de uma vez, mas sim um estado que se constrói e se cultiva diariamente, através de escolhas.
A felicidade não deve ser vista como um “fato” individual; ela também depende de outros fatores, aponta a psicóloga. Por isso, temos países que adotam medidas para avaliar e promover o bem-estar de seus cidadãos, além de indicadores econômicos e tradicionais. No Butão, país asiático, foi criado o conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB), que segue um conjunto de critérios que incorporam aspectos relacionados à sustentabilidade, saúde mental, cultura, educação e meio ambiente. Outro exemplo é a Finlândia, eleita como o país mais feliz do mundo, segundo o Relatório Mundial da Felicidade de 2020, elaborado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. O relatório leva em conta fatores como nível de renda, apoio social, expectativa de vida saudável, liberdade, generosidade e ausência de corrupção.
Mas o que faz um país ser considerado mais “feliz” que o outro? Segundo o relatório de pesquisa da FIB, alguns dos motivos são a alta qualidade de vida, a igualdade social, a confiança nas instituições, a valorização da educação e a proximidade com a natureza. Além disso, países como Finlândia não buscam a felicidade como um sentimento individual, mas como uma conquista coletiva.
A psicóloga menciona que trazemos uma bagagem de sentimentos e experiências envolventes e buscamos saciar nossas necessidades mais básicas. “Esses fatores se relacionam com a interação social e o sentido que encontramos na vida” aponta.
“Todo ser humano deseja a felicidade, escolhendo se comportar de modo a se aproximar desse estado emocional. No entanto, nem todos estão dispostos a encontrá-la, pois envolve renunciar a vontades e prazeres que possuem recompensa imediata. É necessário encontrar um sentido para a ação, que muitas vezes passa por um período de desconforto antes de receber a recompensa (física e/ou emocional)”.
Portanto, considera a felicidade como um não absoluto e universal, mas sim relativo à
cultura. Cada país segue seus critérios e desafios para que a população alcance esse
“status” de felicidade, e cada indivíduo tem suas próprias expectativas e motivação para
alcançá-la. O mais importante é o equilíbrio entre as necessidades pessoais e as
responsabilidades sociais, e valorizar as pequenas alegrias que são proporcionadas. Como
mencionado pelo francês Albert Camus: “Não há vergonha em ser feliz. Mas hoje,
infelizmente, respirar e ser feliz é um dos atos mais originais”.