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sábado, abril 20, 2024

ERREI

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ERREI

Somos humanos. Como meu pai dizia errar faz parte do aprendizado, mas permanecer no erro é burrice. Não sou genial, nem tanto me considero acéfala. Assim, peço a vocês que perdoem meus erros, pois sabem que tenho a humildade de pedir perdão e tentar redimi-los.

Em março, escrevi um artigo publicado no fórum da FUNIBER apostando que o Brasil estava apto a enfrentar o coronavírus, pela nossa capacidade de leitos, pelos profissionais de saúde que temos, pelo investimento em saúde e pesquisa nos últimos 15 anos, mesmo que verbas pífias, mas existiu. E especialmente pela equipe, na ocasião, especialistas em epidemiologia, que instruía a população quanto aos riscos da pandemia, seguindo a risca as orientações da OMS.

Mesmo sendo o COVID-19 novo para estudos científicos, exemplos como a gripe espanhola, de 1918, é referência para os pesquisadores.

Na ocasião, tive embasamento para minha defesa, em estudo de pesquisadores renomados que demonstravam cinco cenários, o melhor deles, que apostei, e o pior, que seria um genocídio, o que podemos constatar agora.

Não tenho o hábito de fazer apostas. Assim, me curvo. Errei. Nunca imaginei em mais de meio século de vida que presenciaria números se tornando nomes familiares. Que ao invés de analisar estatísticas, estaria lendo obituários de amigos e pessoas próximas.

Mas sei, que como eu, errei agora, há pouco tempo atrás, 57.296.986 brasileiros, grande maioria de boa índole e boa fé, erraram. Isso não me conforta, nem aos familiares que perderam seus entes queridos para inimigo invisível e outros visíveis. Não devemos apontar e julgar os culpados, este não é o momento. A situação exige união e bom senso.

Nestes 120 dias o mundo mudou. O Brasil mudou. E os indivíduos precisam mudar. Não devemos buscar culpados, a culpa é só um peso para os ombros. Precisamos sim, olhar para frente, amar como nunca amamos, respeitar como nunca, começar a observar a natureza como a perfeição divina e enxergar o próximo como a nós mesmos e seguir em frente.

Nossa geração aprendeu a tornar uns invisíveis e outros super-heróis. Estamos aprendendo que somos simplesmente seres humanos e devemos respeitar toda a diversidade que o universo nos proporciona, na Terra. Somos uma engrenagem para o crescimento do planeta. Todas as peças são importantes. Se uma falhar, podemos substituir. Quem é da área de mecânica entende perfeitamente. Às vezes, a peça é mal dimensionada ou se desgasta, mas o processo pode continuar. Assim é a vida. Perdemos peças, partes, mas temos que continuar na expectativa de melhorar sempre.

O coronavírus não é uma invenção da imprensa, como foi dito no início. Não é uma gripezinha como tentaram induzir, quando tivemos a primeira morte notificada no país. Não protege os atletas como foi dito quando registramos a décima morte, nem que “apenas” alguns idosos vão morrer como nos informaram quando já tínhamos centenas de mortes. Minha mãe é idosa. Ela é uma história viva, tem muito que nos ensinar nos próximos anos, não é um lixo para ser enterrada num vala como se fosse uma escória. Eu respeito as pessoas idosas pois envelhecer é uma arte e agrega sabedoria. Respeito também os que os ignoram, porém não os admiro, nem compactuo deste desprezo. Quero envelhecer e ser respeitada. Será que esta palavra “respeito” está em desuso? Aprendi no berço familiar. Mas já faz tempo, foi há muitas décadas.

Pois é, sem rumo, sem liderança, sem gestão o país segue como uma nau em grande tempestade. Mas, com fé e esperança, encontraremos um bom timoneiro. Foi assim no início. A história de nosso país nasceu num “Porto Seguro”, quando se avistou o Monte Pascoal. Páscoa significa, para os cristãos, renascimento. Questiono se essa não é nossa oportunidade?

Quando nos deparamos com 10 mil mortes, ouvimos “E dai?”. Quem perdeu um familiar sabe responder. Eu me calo. Quando chegamos a 20 mil mortes tivemos que ouvir que a culpa é dos governadores e prefeitos, parcialmente concordo, pois deveriam exigir a aquisição dos equipamentos e infraestrutura necessária para o combate ao COVID-19, não aceitando as fakenews, informando adequadamente às suas comunidades que estavam sendo boicotados, bem como aquisições emergenciais sendo suspensas. Mas, manipular as informações quando chegamos aos 35 mil óbitos notificados, tendo ciência que temos subnotificações isso para mim já extrapola a insanidade.

Assim, me despeço prestando uma homenagem ao ANDERSON, ANA, ANTÔNIO, CARLOS, CÉLIA, CRISTINA, GILBERTO, MARINA, MÁRIO, MÁRIO, TÂNIA e todos àqueles que se foram, suas famílias e amigos que estão aqui a mercê do vírus e da saudade que dilaceram nossos corações.

Peço que tenhamos consciência. Vamos nos proteger, assim estaremos preservando nossos familiares, amigos, quem amamos e respeitando a Lei divina de amar o próximo como a nós mesmos. Nossa nação tem dimensões continentais e o formato de um coração, considerada por alguns como “Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho”.

Sejamos dignos de estar neste território, vamos valorizar a vida, de todos, seguir adiante, enfrentando o inimigo com amor e não com armas bélicas. Vamos tirar a venda dos olhos, usar máscaras e manter o distanciamento seguro. Buscar informações com fontes confiáveis e transmitir de forma íntegra.

Podemos sim ser mais e melhor a cada dia, a cada combate, em cada guerrilha. Nossa existência está marcada por espirais, ou na linguagem atual, por fases. Vamos passar para a próxima. O game continua.

Minha solidariedade a todos. Erramos. Perdemos pontos. Mas o game continua e não podemos perder mais vidas nesta fase, senão, “game over”.

 

 

 

 

 

Máira Coelho Silva, jornalista, publicitária, MBA em gestão de comunicação corporativa, especialista em comunicação interna, sustentabilidade, gestão de crise e brand. Mestranda em comunicação digital.

 

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