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sexta-feira, abril 19, 2024

Exposição “A tensão” traz grandes obras do artista argentino Leandro Erlich ao CCBB Brasília

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A partir de 20 de janeiro, um conjunto de obras de grandes proporções vai mexer com a forma como vemos os espaços do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília: elevador de fundo infinito, janelas para jardins imaginários, uma sala de aula “abandonada” e até uma piscina em que o visitante pode entrar de roupa e ficar submerso sem se molhar fazem parte da mostra de um dos nomes mais provocativos e populares da arte contemporânea, o argentino Leandro Erlich.

A exposição que tem um nome bastante explícito – A tensão, revela um dos prováveis sentimentos que os visitantes sentirão diante das instalações do artista. Isso porque Erlich trabalha com referências que são, literalmente, “lugares- comuns”, espaços que estamos acostumados a ver no dia a dia, mas deslocados da condição de normalidade. Como afirma o curador da exposição, Marcello Dantas, “a obra de Leandro Erlich é estruturada no mecanismo da dúvida. O que nossos olhos veem está em desacordo com o que nossa mente conhece”, sintetiza.

Nascido em 1973 e produzindo suas obras em seus ateliês em Buenos Aires e Montevidéu, está constantemente rompendo as fronteiras que normalmente acreditamos existir entre a realidade e a ilusão. “Estou interessado principalmente em transformar elementos que as pessoas acreditam que não podem ser transformados, que não podem ser diferentes. Trata-se de uma utopia de apresentar a possibilidade de transformar o que existe em uma outra coisa, e essa ação nos convida a imaginar a realidade de uma maneira diferente”.

Uma das mais bem sucedidas experiências nesse sentido – que se tornou uma de suas obras mais populares e desconcertantes – é a “Swimming Pool” (piscina, em português), que será instalada no pavilhão de vidro do CCBB Brasília. Atração onde quer que seja exposta, a piscina de Erlich provoca sensações absurdas tanto por quem entra nela – sem se molhar – quanto para quem está do lado de fora: uma camada de água entre um lado e outro cria a ilusão de que as pessoas ao fundo estão de fato mergulhadas numa piscina em que não precisam respirar.

Outra obra de grande destaque entre as instalações de Erlich presente na exposição de Brasília é “Classroom”. Nela, quando o visitante adentra na sala, sua imagem é refletida num vidro, como se ele fizesse parte de uma cena diferente. Quem adentra a sala fica parecido com uma espécie de fantasma, como se estivesse numa sala de aula abandonada – as memórias de infância se projetam para um cenário de crise e de abandono. Em diferentes trabalhos, Erlich recorre à ideia de recorte visual sugerida pelas janelas.

Além de provocar o olhar destes visitantes em particular, as obras de Erlich convidam à interação nas redes sociais: o Instagram ficou cheio de fotos de jovens integrados ao espaço expositivo e esse foi um dos motores, também, do sucesso de público. Em 2018, ao transformar o teto de uma enorme loja de departamentos de Paris em céu artificial, foi chamado pela imprensa, positivamente, de “manipulador do real” e de “o mágico da arte”. A reputação se manteve quando expôs no Museu de Arte Latino- americana de Buenos Aires (Malba), em 2015, fazendo “desaparecer” um pedaço de um grande obelisco da capital argentina enquanto uma réplica da ponta do monumento era exibida na porta do museu. Desse modo, a tensão provocada pelo artista é resultado não apenas de uma percepção aguda das possibilidades visuais de uma dada situação, mas também de uma preocupação com o próprio espaço que abriga as mostras, que se tornam, desse modo, únicas. Justamente por dialogar com o entorno e com as experiências prévias dos visitantes, o trabalho de Leandro Erlich expressa como poucos nossa época.

“A cada etapa dessa viagem pela exposição, nos damos conta da relação entre expectativa, tensão e atenção que traduzem o espírito de um tempo de incertezas”

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