Escrito pelo médico obstetra Dr. Anderson Pinheiro, o guia “A internet não é legal para gestantes” esclarece dúvidas do cotidiano da gravidez com base em evidências científicas
Do momento que a mulher decide engravidar, ao teste positivo, passado pelo dia do parto e o momento mágico em que é criado uma nova família, muitas dúvidas e questões passam pela cabeça da futura mãe. As perguntas surgem e as respostas nem sempre estão ao alcance de um click.
A paixão pela obstetrícia e o respeito pela ciência, além do desejo constante de atualização levou Dr. Anderson Pinheiro, médico com especialização pela Unicamp e estudos no Massachusetts General Hospital, afiliado da Harvard University, considerados um dos 10 melhores hospitais para se estudar nos EUA, a escrever um guia procura responder algumas dessas perguntas com base cientifica.
Partindo de dúvidas reais de seus pacientes acumuladas ao longo de anos em sua jornada na experiência clínica, ele partiu para uma extensa pesquisa para reunir dados e escrever esse guia, além de esclarecer mitos e verdades. De acordo com ele, a internet é bastante superficial em relação a respostas. Além disso um dos principais aspectos que o levou a escreveu o livro foi começar a perceber que apesar da web trazer muita informação, algumas delas se apresentavam com teor de qualidade duvidosa.
“A Internet deu voz para muitas pessoas que não tem formação adequada e que se aproveitam do palco para benefícios próprios. Para esclarecer as dúvidas de uma maneira mais assertiva e baseada em dados de pesquisa e na ciência resolvi escrever esse guia”, conta o especialista.
Dr Anderson conta que via em seu consultório muitas gestantes com dúvidas bem banais e que ao navegar pela web, primeira coisa que as futuras mães fazem, quando se descobrem grávidas, após as pesquisas se percebiam mais confusas do que esclarecidas. “A internet é muito confusa também sobre o que pode acontecer com a mãe e o bebê durante a gestação”, conta o especialista.
Formado em medicina com residência em ginecologia e obstetrícia com mestrado e doutorado pela Universidade Estadual de Campinas, Unicamp. Dr. Anderson concluiu seu pós-doutorado em Boston, nos Estados Unidos. Desde então, trabalha com hemorragia pós-parto.
Atuou também por 12 anos como médico-assistente no Hospital Estadual da Universidade Estadual de Campinas e atualmente é coordenador de ginecologia e obstetrícia e pré-natal de alto risco, do Hospital e Maternidade Teodora, de Campinas, além de atender em seu consultório, juntamente com outros médicos no Espaço Maternare, dedicado aos cuidados da mulher em todas as fases da vida.
Segundo o especialista em seu consultório ou mesmo no hospital diariamente aparecem todos os tipos de dúvidas. As mais comuns são sobre hidratação, alimentação, atividade física, dúvidas do parto e do pós-parto, as vantagens do parto normal X cesárea, a escolha da melhor maternidade, fisioterapeuta, o preparo pélvico, se podem viajar, quando podem retomar atividades no pós-parto, acupuntura, entre outras.
Alterações estéticas são muito questionadas também. Entre os questionamentos, se podem ou não fazer drenagem linfática, tingir o cabelo, alisar ou procedimentos estéticos mais invasivos, como lazer.
Entre as histórias curiosas que já ouviu em consultório, ele conta o episódio de uma grávida que sentiu desejo de comer um brownie e assim que deu a primeira mordida, lembrou que na receita continha canela, no entendimento dela um elemento abortivo, e cuspiu o doce na hora. Ele conta que os medos são muitos e as informações, nem sempre têm embasamento. “Não precisa de exagero. A internet é cruel com esse tipo de pergunta. Meu bebê vai ter algum problema se eu fizer isso, ela vai que dizer sim”, conta Dr. Anderson.
Entre os mitos, ele esclarece aquilo que é considerado permitido, mas que se pode realizar com tranquilidade: lavar cabelo, atividade física (sugerida inclusive para aquelas que não tem nenhuma restrição), se hidratar normalmente, tomar vacinas. Entre as atividades proibitivas estão o consumo de bebidas, inclusive a cerveja preta, que é considera boa para “descer leite materno”, e de acordo com ele não procede.
De acordo com o médico, são tantas transformações na vida da mulher que é normal se sentir insegura em relação as respostas. “É uma fase muito transformadora. Toda a dedicação que os pais têm em relação filho. Como irão se alimentar, decisões sobre vacinas. As decisões dos pais vão interferir diretamente em outra vida”, filosofa. Mas o melhor caminho para obter respostas segue sendo a busca de conhecimento embasado.