Variações climáticas estão entre as principais causas da floração atípica deste na cidade
Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Igor Silveira
Depois de os ipês roxos encantarem os brasilienses por duas vezes neste ano em um raro fenômeno, além dos amarelos também florescerem fora da época de costume, foi a vez dos ipês brancos darem o ar da graça antes da hora. Ao andar pelas ruas de Brasília, é possível avistar as flores brancas dos ipês, espalhadas na grama seca e dando contraste ao céu azul da cidade.
De acordo com Silmary de Jesus, professora de ecologia aplicada da Universidade do Distrito Federal (UnDF), a floração atípica se deve, principalmente, a mudanças climáticas ocorridas recentemente, como os períodos de chuva irregulares e o aumento e diminuição brusca da temperatura na região Centro-Oeste.
“Esses gatilhos ambientais afetam a floração. Os fatores não programados, como o período de julho muito frio que tivemos e essas novas temperaturas, influenciam na fisiologia das plantas e podem causar estresse. Elas entendem como se fosse uma corrida pela sobrevivência”, explica a bióloga.
Além da resposta do ipê roxo a esses fatores climáticos, outra sinalização também é a sobreposição do ipê amarelo com o branco, florescendo no mesmo período. Segundo a professora, isso acontece por serem de espécies muito próximas e do mesmo gênero (tabebuia). Logo, tendem a se comportar com similaridades.
Conservação dos ipês
Atualmente, existem cerca de 270 mil ipês de cores variadas espalhados por todas as regiões administrativas do DF. A próxima temporada de plantio começa em outubro e outras 40 mil mudas serão plantadas pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) em toda cidade.
O diretor do Departamento de Parques e Jardins da Novacap, Raimundo Silva, lembra que a instituição coleta as sementes de matrizes que são cultivadas em um raio de 400 km, área que pega o Distrito Federal e parte do Entorno. “Essas árvores são acompanhadas ao longo do ano, com técnicos sempre de olho na ocorrência de qualquer praga ou fungo”, afirma.
As sementes passam por um processamento antes de serem cultivadas e, quando as mudas completam três anos de manejo, saem dos viveiros da Novacap para o plantio. “Elas vão em um porte que varia de 80 cm a 1,5 m. É a partir do terceiro ou quarto ano que as árvores já começam a florir”, destaca o diretor.