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quarta-feira, maio 1, 2024

Normalidade em meio ao estranho e absurdo: conheça o novo livro de contos de Alexandre Arbex

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Normalidade em meio ao estranho e absurdo: conheça o novo livro de contos de Alexandre Arbex

Em “Pessoas desaparecidas, lugares desabitados”, Alexandre Arbex volta em nova incursão literária pela 7Letras

“Alexandre Arbex trabalha com o mínimo de elementos formais de modo a articular uma prosa concisa e de fino apuro, que combina a estética dos relatos variados com um tratamento estilístico marcado pela ironia, pelo nonsense e pela percepção crítica””

Sérgio Tavares, que assina a orelha da obra

Novo livro do escritor Alexandre Arbex (@alexarberxv), “Pessoas desaparecidas, lugares desabitados” (7Letras, 136 páginas) reúne trinta contos curtos que mesclam uma pretensa normalidade narrativa com situações insólitas que lembram e se inspiram no melhor da literatura latino-americana. Publicada pela editora 7Letras, a obra conta com a orelha assinada pelo escritor e jornalista Sérgio Tavares. Arbex já foi finalista na categoria contos no Prêmio Jabuti com o livro “Da utilidade das coisas” (7letras, 2016), foi finalista do Prêmio Off Flip duas vezes e levou o terceiro lugar no Prêmio Rubem Braga de Crônicas, do Sesc, em 2015.

Com uma escrita que evoca uma descrição de mundo quase burocrática, o autor explora personagens e situações absurdas, tensionando a relação do leitor aos fatos narrados com uma verossimilhança construída com um cuidado especial no realismo da forma de narrar. A orelha de Sérgio Tavares explora a construção dessa oposição como um trunfo do autor. Para ele, as narrativas presentes em “Pessoas desaparecidas, lugares desabitados” oferecem uma experiência inquietante de estranhamento e fascínio.

“A cada página virada, a realidade passa a se incorporar ao imaginário, fazendo supor a existência de uma outra ordem que nos é familiar ao mesmo tempo que se filia ao insólito, a lenta infiltração do mundo pragmático pelo elemento fantástico”, escreve Tavares. “Submetidos a essa nova lógica, os personagens lidam com circunstâncias inusitadas como que, filhos do absurdo, vivessem no limite entre o trivial e o espanto, fossem transfigurados por forças inexplicáveis que comandassem suas condutas e estados de consciência ao rigor do inefável segredo das rebeliões internas e das excêntricas obsessões.”

Esse efeito causado pela oposição do comum e do incomum foi, segundo o autor, algo proposital. “Um dos métodos que empreguei na construção das histórias foi partir de ações relativamente simples ou de premissas prosaicas e torcê-las até desfigurá-las completamente, sem que esse artifício parecesse monstruoso ou proposital”, justifica. Alexandre revela que seu estilo de escrita nesse livro foi influenciado pela busca desse efeito, ficando mais impessoal e cartorário, para assim o absurdo ou o incômodo dos contos ganharem destaque sob uma aparência de normalidade narrativa.

Leitor de literatura latino-americana, do realismo mágico até os contemporâneos, o autor conta que esse livro especificamente tem algo da influência de Jorge Luis Borges e Samuel Beckett e uma sombra discreta da escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís.

Alexandre Arbex nasceu em 1980, em Resende, no Rio de Janeiro, mas cresceu na capital, onde morou até 2009. Desde então, vive em Brasília. Publicou o livro infantil “O livro” (Casa da Palavra, 2001) e o livro de contos “Da utilidade das coisas” (7letras, 2016), esse finalista no gênero no Prêmio Jabuti. Além disso, como já citado, foi finalista do Prêmio Off Flip duas vezes e levou o terceiro lugar no Prêmio Rubem Braga de Crônicas, do Sesc, em 2015. Possui contos publicados na Revista Gueto e no projeto Máquina de Contos.

Leia o conto “Acefalia: prós e contras” (pág. 89):

Sempre me inquietou a capacidade dos homens sem cabeça de encontrar tempo para estar juntos. Dadas as dificuldades inerentes à sua condição, presumo que não seja nada simples para eles marcar essas reuniões com a prudência e a precisão que um grupo com tais características não pode deixar de observar. Incompreendidos pela família e desacreditados pela medicina, os homens sem cabeça sentam-se em círculo, dão-se as mãos e trocam impressões sobre os problemas que os afligem no cotidiano: o desrespeito no trânsito, a insensível curiosidade das crianças, a má qualidade das próteses de louça e balão. A sós, entre eles, sentem-se seguros e amados. Queixam-se de enxaqueca, torcicolo e outras dores fantasmas. Fazem ginástica, injetam-se com substâncias soporíferas e dormem abraçados. Têm filhos saudáveis. Consta que alguns já viveram mais de cem anos.

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