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sexta-feira, abril 19, 2024

PROFESSORA EDA MACHADO: EDUCAÇÃO INOVADORA PARA BRASÍLIA

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PROFESSORA EDA MACHADO: EDUCAÇÃO INOVADORA PARA BRASÍLIA

Fundadora do Centro Universitário IESB, a professora Eda Machado representa a mulher empreendedora na construção de Brasília. Em conversa para o nosso livro, ela mostra, na prática, o valor da dedicação e amor verdadeiro pelo que faz. Nascida em Bueno Brandão, Minas Gerais, foi na capital federal que ela fortaleceu a sua trajetória na área da educação.

Eda se mudou para a capital federal em 1966, aos 26 anos, com a proposta de ser assistente da direção do Centro de Ensino Médio (CIEM), da Universidade de Brasília (UnB), idealizado por Aloísio Aragão, Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira. “A minha primeira lembrança de Brasília é de chegar aqui em dezembro, pela W3 Sul, e encontrar aquelas vitrines iluminadas e um céu maravilhoso. Eu pensei: eu vou morar nessa cidade e nunca mais vou sair daqui. Serei candanga! E sou até hoje, com muito orgulho, junto com tantos brasilienses que constroem a nossa cidade todos os dias”, revela a educadora ao compartilhar a sua trajetória.

Brasília me encantou desde o primeiro momento. A impressão que eu tinha é que havia muita coisa para eu construir, trabalhar e ajudar a cidade a crescer. Então, eu me sentia muito útil. Eu era jovem, tinha 26 anos, mas eu vim com o propósito de não sair mais daqui e não saí. Tem tanta coisa que me emociona em Brasília. Entre elas, gosto de olhar o céu estrelado, com sua lua cheia. E no outro dia, a alvorada. É um espetáculo que não há em nenhuma outra cidade do mundo”, conta a professora.

Vinda do Paraná, Eda começou a trabalhar na UnB em fevereiro de 1966, logo após a Revolução de 64. “Foi uma experiência totalmente inovadora, tanto que o CIEM foi considerado muito subversivo pelo vice-reitor da época, o que gerou, em 1971, a demissão de 28 professores. Então, o diretor da faculdade de educação, o professor Paulo Guimarães, me indicou para uma bolsa de Mestrado na Universidade Penn State, nos Estados Unidos, e aceitei o convite. Não foi um período fácil e a decisão foi muito difícil”, relembra.

Após terminar o seu mestrado em um ano, seu orientador Joseph Alessandro a convidou para fazer também o Doutorado, realizado em dois anos. A professora fez ainda Pós-Doutorado no Instituto Max-Planck de Berlim, com bolsa de estudos da Fundação Alexander von-Humboldt. Passou pela FGV, Unicamp, voltou para a UnB, após anistiada, e trabalhou 18 anos no Ministério da Educação (MEC), sendo 16 anos na CAPES e dois na SESU, e mais dois no CNPQ, na área internacional. Seu principal trabalho era coordenar projetos de inovação nas universidades. “Sempre foi uma satisfação contribuir com a educação de Brasília e do país. Costumo dizer que tenho uma vida estimulante de aventuras e memórias na área da educação”, destaca.

Eda e Edson Machado

Em 1994 recebeu o convite para fundar o IESB, em parceria com o professor Pedro Chaves e sua irmã Therezinha Samways, além de sua filha Liliane Barbosa. “Quando o IESB ia começar a funcionar, os nossos sócios precisaram sair e fiquei sozinha no projeto, com minha filha Liliane. Eu não tinha dinheiro, mas tinha um grande poder nas mãos: o conhecimento. Então, pensei: se eu conseguisse aplicar todas as inovações que eu presenciei ao redor do mundo inteiro e professores que acreditassem nessa nova instituição, determinados a realizar um trabalho inovador, nós teríamos sucesso. Foi uma experiência extremamente rica, aceitar um desafio tão grande naquele momento da minha vida. Mas acreditei. Batalhei e consegui criar uma faculdade, que hoje tem cerca de 20 mil alunos e três campi: Asa Sul, Asa Norte e Oeste (Ceilândia)”, conta a professora.

Eda lembra que o IESB começou a funcionar em abril de 1998. “Era bem pequeno, mas rapidinho começamos a inovar. Teoria e prática eram nosso slogan. Os vestibulares eram temáticos (meio ambiente, desenvolvimento, científico, tecnológico e muitos outros temas) com perguntas baseadas em jornais e revistas, além de entrevistas e análise do histórico escolar do ensino médio. Nossa instituição surgiu porque muitas pessoas da comunidade nos ajudaram e entenderam que o trabalho era sério”, conta a professora ao reforçar a importância dos princípios, valores e estratégias em sua vida.

Prestes a completar 24 anos de atuação no cenário educacional de Brasília, o IESB soma hoje cerca de 90 cursos de graduação e 100 de pós-graduação entre presencial, híbrido e ensino a distância (EAD), além de dois cursos de Mestrado. Toda essa infraestrutura, parcerias com instituições internacionais, cursos alinhados às necessidades do mercado de trabalho, tecnologia e inovação reconhecida internacionalmente, são alguns dos destaques que fazem do IESB um dos 10 melhores Centros Universitários do Brasil.

“O mundo está mudando rapidamente. A transformação digital está acontecendo em uma velocidade tremenda e queremos que nossos alunos saibam usar todas essas ferramentas da melhor forma e com responsabilidade”, avalia a fundadora do IESB, reconhecido pela inovação. Tanto que o Centro Universitário foi a primeira instituição de ensino superior do Brasil a usar o Blackboard, em 2002, e foi quem traduziu a plataforma de ensino para o português.

O IESB sempre se posicionou em um cenário a frente de seu tempo e vamos continuar avançando. E agora, mais do que nunca, além das habilidades técnicas, nossa missão é preparar alunos ainda mais capacitados com as habilidades comportamentais ligadas ao relacionamento interpessoal, comunicação, liderança, atitude, criatividade, empatia, resolução de conflitos e trabalho em equipe. Ou seja, o IESB forma profissionais para ir muito além da inserção no mercado de trabalho. Formamos cidadãos para transformar o mundo. Tudo isso, em uma formação continuada que vai desde o Colégio IESB, passando pela graduação e pós-graduação, inclusive com opções de mestrados”, completa.

Responsabilidade transformadora que ultrapassa a sala de aula e impacta comunidades de diferentes regiões do DF, como Ceilândia. Um trabalho social que o IESB promove desde o início de sua construção, reforçando a importância da solidariedade e do olhar ao próximo sempre. “É uma consciência que nós, IESB, temos desde o início da nossa trajetória e estamos ampliando, cada vez mais, com a ajuda de nossos estudantes e professores. Nossa visão é formar cidadãos por completo: os melhores na profissão escolhida e alunos que sejam capazes de transformar o mundo como agentes de mudança. Pessoas que fazem o bem para o outro”, afirma a professora.

A preocupação com a comunidade local sempre foi um dos pilares mais importantes da educação comandada por Eda. Foi ela quem deu vida ao projeto IESB em Ação e estimulou alunos e professores a trabalharem com projetos práticos. “O IESB iniciou suas atividades já com a missão de realizar ações que visassem introduzir mudanças na comunidade. Inicialmente, foi escolhida a Vila do Varjão como campo de ação. O Professor Edson Machado foi seu primeiro coordenador. Desde então, a filosofia da nossa proposta no Varjão era, por meio de projetos, orientar os alunos a colocarem em prática a teoria que tinham aprendido na sala de aula. Assim, alugamos e reformamos um prédio de dois andares com a finalidade de ser a sede do IESB em Ação e, na sequência, diversos espaços foram organizados para criar condições de atendimento e envolvimento das pessoas – de crianças até idosos – para atender as necessidades da comunidade”, conta.

Homenagem da OAB DF a-professora Eda Machado com a entrega da medalha Myrthes Gomes de Campos.

Ao longo dos anos, o IESB, por meio da Cátedra Unesco sobre Desafios Sociais Emergentes, recebeu muitos prêmios de Responsabilidade Social. “A Cátedra UNESCO foi aprovada em 2008 e, em 2009, recebemos a visita de dois repórteres da Bloomberg Business Week, que publicaram um artigo sobre o Brasil e incluíram o nosso trabalho, em que procuramos impactar nossos alunos com os princípios e valores que norteiam a vida do IESB. Outras revistas e jornais internacionais, como a Time Magazine, Forbes e The Guardian passaram a publicar e destacar a missão do IESB e o nosso slogan de que teoria e prática devem caminhar juntas. O último prêmio recebido pelo IESB foi em São Paulo, em 2019. Entre 63 Universidades que concorreram, o IESB ficou em 3° lugar, o que muito nos honrou”, revela a fundadora.

Professora Eda reforça o quanto esses trabalhos impactam a vida dos alunos por meio da formação de valores humanos de solidariedade, cooperação, ética e respeito. “O IESB se orgulha muito do trabalho realizado pela Cátedra UNESCO sobre desafios sociais emergentes e tenho certeza de que vamos avançar ainda mais, agora que muitas pessoas estão reavaliando suas vidas e redescobrindo a importância da empatia e do olhar ao próximo”, avalia a professora Eda.

“Eu amo o que faço. Olhando para trás, eu vejo que eu tive mais trabalho a horas de lazer. Então, o que eu posso dizer: precisamos ser capazes de enfrentar os problemas e os obstáculos. Precisamos ter a coragem de fazer com que as nossas dificuldades não sejam vistas como algo que vai nos impedir ir adiante e, claro, precisamos ter sabedoria para fazermos boas escolhas. As mulheres precisam acreditar que vão chegar aonde elas querem. Basta que elas não tenham medo. E quando surgir o medo, faça ele ter medo de você. Precisamos ser transparentes e termos uma vida que comunique aos outros quem nós somos, o que queremos é ajudar as pessoas que estão ao nosso lado. Nossos sonhos podem ser realizados se todos sonharmos juntos”, avalia a educadora ao revelar a sua gratidão pela cidade que a acolheu.

Professora Eda Machado apresenta a Marca Brasi?lia, criada pelos alunos de Design Gra?fico do IESB, Igor Guimara?es Borges e Matheus Gomes de Vasconcelos, tambe?m de Arquitetura e Urbanismo

“A capital do nosso Brasil é um lugar que me traz muita paz e alegria. Eu sou muito grata pela vida que eu construí e tenho aqui. Eu posso dizer que Brasília foi a cidade que mais me fez feliz. Aqui, encontrei o amor da minha vida. Aqui nasceu meu filho Edson Filho, que deverá assumir o papel de guardião do legado que ele e sua irmã Liliane Maria deverão se encarregar de levar adiante, defendendo e cuidando dos nossos alunos com o mesmo amor que sempre existiu no meu coração.

Minha vida é fantástica, com muitos altos e baixos. Com muita superação e com a certeza de que tenho que agradecer todos os professores e alunos que fizeram parte da construção do IESB. Sei ainda que não construí o IESB sozinha. Isso não seria possível. Mas foi meu grande desafio e, às vezes, nem mesmo eu entendo como consegui construir cerca de 150 mil m² em prédios financiados pelo BNDS, Fundo Centro Oeste e Banco do Brasil. E o mais importante de tudo: sei que foram meus filhos e meus alunos que me deram forças para nunca desistir”, completa a professora Eda.

 

Por : Paulo Almeida
Fotos : Arquivo Pessoal e kazuo okubo.

 

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