Xique Xique, gerido pela segunda geração familiar, oferece tradição e excelência ao servir prato nordestino de maneira única na Capital Federal
Por Mariana Vieira
Caicó é um município do estado do Rio Grande do Norte, na região do Seridó. A padroeira da cidade, Sant’Ana, é festejada por 11 dias seguidos, sempre no mês de julho, que é quando Rubem Pereira de Lucena – o Rubinho – costuma retornar às suas origens. A
imagem da santa, inclusive, figura no alto, abençoando um dos restaurantes mais tradicionais de Brasília.
Potiguar que trocou o sertão pelo cerrado em 1971, quando veio completar os estudos, Rubinho encontrou na nova capital terreno fértil para a semeadura de uma vida farta.
é a melhor cidade do mundo para se viver”, profere.
“Aqui Em sua terra natal, o preparo da carne de sol, processo que busca preservar a partir da salga, é um patrimônio local.
“É conhecida como a melhor carne de sol do Brasil. Minha família sempre teve mercearia, o pessoal pedia muito que a gente fizesse, tinha uma procura por essa carne de Sol, então meu irmão criou um boteco na Asa Sul, o Rio Grande,que servia”, relembra.
Mas a vontade era de ter o próprio estabelecimento, que foi aberto
em 1979 em um pequeno ponto na W3 Norte, que rapidamente virou reduto dos nordestinos recém-chegados à Brasília.
Na época, já casado com a esposa, Maria do Céo Medeiros Lucena, Rubinho saiu para jantar com amigos no extinto restaurante Augusto, na 107 Sul.
“Fiquei sabendo que o lugar estava à venda, e foi minha oportunidade”.
Em 7 de setembro de 1980, era inaugurado o segundo restaurante Xique Xique, que opera desde então no mesmo endereço e em mais duas unidades, na Asa Norte e em Águas
Claras. O nome Xique Xique vem da planta Pilosocereus gounellei, cacto típico da caatinga da região Nordeste, que possui flores grandes, brancas ou esverdeadas, que se abrem à noite para serem polinizadas por insetos e aves noturnas.
A casa se dedica a servir carne de Sol há mais de 4 décadas em porções fartas e com acompanhamentos característicos.
A “Completa” carne de sol, feijão de corda, mandioca,paçoca, arroz, manteiga de garrafa e cheiro verde é o carro chefe desde o início.
“Servimos de forma única. Temos raízes nordestinas, mas somos orgulhosamente brasilienses!”,
afirma Robson Lucena, filho de Rubinho.
Após passar a infância entre as mesas e a cozinha, Robson optou por cursar administração com foco em hotelaria para dar continuidade ao legado familiar.
“Ele está indo muito bem!”, orgulha-se Rubem. Aos 74 anos, ele continua no dia a dia do restaurante, que é um ponto de encontro de clientes cativos e amigos de longa data.
“Todo dia tem um amigo meu aqui. Se eu ficar em casa, eu enferrujo!”, brinca.
Curiosamente, apesar do grande sucesso no ramo, Rubinho não é muito afeito às panelas.
“Não sei cozinhar um ovo! Mamãe não admitia homem na cozinha, acho que é um costume de lá. Mas só de olhar eu sei se um prato está no padrão, se está como deve ser ou se precisa voltar para a cozinha”, garante.
E o controle de qualidade e padronização certamente são ingredientes preciosos na receita
de sucesso do restaurante.
“Produzimos toda a nossa carne de sol, com controle de temperatura e umidade, usando apenas o coxão mole. É o prato mais pedido, é o prato que
eu não enjoo”, revela Rubinho. E, pelo visto, nem os brasilienses