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Formado em economia, com pós-graduação em Estratégia pela ADESG. Especialização em filosofia clássica.Trabalha no Poder Legislativo do DF há 32 anos nas áreas de orçamento público e processo legislativo.
“Seja um pensador livre e não aceite tudo o que ouve como verdade. Seja crítico e avalie as coisas nas quais você acredita.” Essa frase atribuída a Aristóteles é uma verdadeira chamada para a liberdade intelectual e a autonomia do pensamento. Na sociedade atual, onde somos bombardeados por informações e opiniões de todos os lados, a habilidade de questionar e avaliar criticamente é um dos recursos mais valiosos que podemos desenvolver.
O pensamento crítico é mais do que simples dúvida ou rejeição das ideias alheias; ele é uma prática de análise cuidadosa, onde refletimos sobre o que nos é apresentado. Aristóteles, em seus escritos, sempre ressaltou a importância do raciocínio como um caminho para o conhecimento verdadeiro. Segundo ele, a mente humana deve ser uma “tabula rasa” — uma lousa em branco, pronta para registrar ideias, mas que também deve saber analisá-las antes de aceitá-las. Essa análise crítica é essencial não apenas para o autoconhecimento, mas para a construção de uma visão de mundo sólida e própria.
O ato de questionar é como um farol que ilumina o caminho do autodesenvolvimento. O filósofo Sócrates, por exemplo, tinha como lema “conhece-te a ti mesmo” e acreditava que questionar era a chave para o verdadeiro entendimento. Ele usava a “maiêutica” — uma técnica de diálogo que levava as pessoas a refletirem profundamente sobre o que pensavam ser verdade. Essa prática não apenas expandia o entendimento dos outros, mas também desafiava suas certezas, impulsionando-os a rever e a fortalecer suas convicções. Questionar é, portanto, um ato de coragem, pois nos força a enfrentar o desconforto de não saber ou de, possivelmente, estar errado.
Em termos práticos, essa abordagem pode ser aplicada no dia a dia. Pense em uma notícia que aparece em seu feed de redes sociais. Antes de compartilhar ou absorver como verdade, vale a pena investigar mais sobre a fonte, o contexto e os interesses por trás da informação. A mídia, o marketing e até mesmo as redes sociais moldam narrativas que muitas vezes carregam vieses e interesses próprios. Portanto, ao exercitar o pensamento crítico, não estamos apenas buscando a verdade, mas nos defendendo de influências que possam nos limitar.
A Bíblia também reforça a importância de discernir e de questionar com sabedoria. Em 1 Tessalonicenses 5:21, Paulo aconselha: “Examinem todas as coisas e retenham o que é bom”. Esse conselho nos incentiva a não aceitar passivamente tudo o que ouvimos, mas a testar e refletir sobre cada informação. Retendo apenas o que é bom, somos capazes de construir uma fé mais sólida e uma visão de vida mais madura, baseada em princípios que fazem sentido para nós, e não apenas em dogmas impostos.
Para fortalecer o pensamento crítico, podemos adotar algumas práticas: ler sobre temas variados e buscar fontes diversas nos permite enxergar o mesmo assunto de ângulos diferentes. Ter uma atitude de curiosidade constante, e não de conformidade, nos transforma em eternos aprendizes, dispostos a ajustar nossas crenças conforme adquirimos novas informações. Além disso, dialogar com pessoas que têm perspectivas diferentes das nossas enriquece nossa compreensão e nos desafia a ver o mundo com mais profundidade.
Portanto, ser um “pensador livre”, como sugere Aristóteles, é um convite para viver com autenticidade e integridade. Em vez de simplesmente aceitar as verdades alheias, podemos construir nosso próprio entendimento, baseado em nossa experiência e reflexão. Afinal, o verdadeiro aprendizado vem quando nos permitimos questionar, entender e, acima de tudo, crescer.