Startups: jovens apostam na inovação tecnológica como profissão
Na capital federal, a Edstation é uma escola voltada para ensinar adolescentes de 12 a 14 anos a criar este novo modelo de negócio.
Brasília- Carteira assinada, décimo terceiro, FGTS, férias remuneradas e tantos outros benefícios ou até os disputados concursos em empresas estatais conquistados pelas carreiras clássicas estão cada vez mais no passado. O sonho dos pais já não reflete nos filhos esses desejos, uma vez que o século XXI traz oportunidades para quem já nasceu conectado com o ambiente virtual.
E as startups – modelos de negócio voltados para inovação rápida com novos produtos e soluções, com custos muitas vezes reduzidos se comparados ao modelo tradicional -, surgem como trampolim de entrada em um mercado de trabalho totalmente diferente do formato que a sociedade está acostumada.
Foi o que o estudante Rafael Lima, de 13 anos vivenciou quando participou da primeira turma da Edstation School, um programa 100% online, cujo objetivo é transformar os participantes em cidadãos globais, capazes de gerarem impactos positivos no mundo por meio da tecnologia.Conhecido como Limão, ele concretizou o sonho de empreender ao criar uma startup Road Play direcionada para os professores de escolas tradicionais com objetivo de tornar lúdico o ensino por meio de jogos.
“Eu fiquei muito empolgado com as aulas da Edstation porque eu pude perceber minhas habilidades e ter certeza de que o empreendedorismo aliado à tecnologia serão ferramentas para minha carreira quando eu entrar no mercado de trabalho”, assinala o aluno.
Opinião corroborada pela mãe dele, a arquiteta Raquel Lima, ao afirmar que as aulas mudaram, para sempre, a vida do filho dela.
“O curso foi excelente para o Rafael porque despertou nele essa vontade de empreender. Ficamos muito felizes com o desempenho dele”, frisa.
Outra aluna que também fez as aulas e aprendeu a criar este novo modelo de negócio e conta até com cinco sócios é a Júlia Carvalho, 13 anos. Para ela, a Edstation foi um divisor de águas e fomentou o lado empreendedor dela.
“Foi transformador me conectar com esse mundo de startups. Eu adorei a experiência e recomendo para todos meus colegas”, assegura.
O pai dela, o advogado Fábio Rogério Carvalho,comemora a virada da filha em plena adolescência.
“Foi tão interessante e tão legal ver minha filha conectada a esse universo e ao mesmo tempo sem violência à idade dela porque ela foi inserida ao mundo executivo e empreendedor de forma bem natural. A minha família toda mergulhou junto com a Júlia nesta entrega e dedicação e os resultados foram incríveis”, comemora Fábio.
De acordo com a idealizadora da Edstation, Nathalia Kelday, os resultados comprovam que a escola está no caminho certo em colocar o mercado de trabalho na palma da mão dos jovens brasilienses.
“A intimidade dessa nova geração com o ambiente virtual os credencia para essanova perspectiva. A Edstation School prepara os jovens para um futuro desconhecido, com todo um universo a ser descoberto, a partir de tecnologias emergentes, como inteligência artificial, blockchain – sistema que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informação pela internet-, nanotecnologia- ciência que estuda a manipulação de matéria em escala atômica e molecular e realidades expandidas”, informa.
Nathalia ainda ressalta que o trabalho desenvolvido com os adolescentes também avalia uma série de problemas que a humanidade enfrenta, que poderiam ser resolvidos com tecnologia, em eixos como os de aprendizagem, alimentação, água, abrigo, saúde e meio ambiente.
Cada um dos módulos que compõem o programa será conduzido por um profissional renomado do mercado, especialista na área. A dinâmica do trabalho conta com entregas de etapas da criação de uma startup, em média a cada duas semanas.
Nesta segunda edição, o formato das aulas do programa tem duração de dez meses. Entre os parceiros da Edstation School, constam mentores que integram ou já trabalharam em grandes empresas tecnológicas como UBER, TikTok, AirBnb, NuBank, IBM e Magalu. Além disso, os participantes serão acompanhados por um Head de Inovação – profissional focado em novidades -, ao longo de todo o programa, que será o responsável por fazer a conexão de um módulo ao outro. O final da jornada inclui fazer um pitch da startup(apresentação de 4 minutos) para uma audiência convidada dos participantes, com uma banca avaliadora.
Nathalia Kelday nasceu em Brasília (DF) e tem 32 anos. Formada em Administração de Empresas pela UnB (Universidade de Brasília), ela é considerada referência nacional no segmento educacional tecnológico. Fundadora de uma startup para acelerar a aprendizagem com inteligência artificial, ela liderou a evolução de um ecossistema hoje composto por 68 edtechs (startups de educação) da capital, já ministrou dezenas de palestras sobre tendências educacionais para audiências de até mil pessoas em várias cidades, incluindo um TEDX – conferência de palestras de inovação em versões independentes – cujo título é ‘Por que a revolução educacional vai partir das crianças’ -, e hoje é consultora de educação do Banco Mundial para um projeto de personalização da aprendizagem do Ministério da Educação.
Depois de acompanhar o trabalho de mais de cem de startups de educação e feito dezenas de palestras sobre tendências educacionais em diversas cidades, Nathalia juntou a expertise para aplicar, na Edstation School, as melhores práticas de aprendizagem, que envolvem o protagonismo dos participantes e o desenvolvimento intencional de suas Soft Skills, competências cognitivas e socioemocionais.
PROJETO SOCIAL: Reprovação e abandono do ensino são problemas recorrentes no cenário educacional brasileiro. Com a crise sanitária, essa realidade foi acentuada e a disparidade socioeconômica do País ficou ainda mais evidente. No ano passado, cerca de 5,5 milhões de crianças e adolescentes ficaram sem acesso à educação. Os dados são compilados de estudos realizados pela Unicef (Fundo de emergência das Nações Unidas para a Infância).
Nathalia Kelday está atenta à essa lacuna e já prevê a execução de um projeto, previsto para ser lançado no segundo semestre deste ano, voltado para os jovens de baixa renda.
“A ideia é contemplar adolescentes desta camada social com bolsas de estudo no programa Edstation e ajudá-los a entrarem no mercado de trabalho, além de revolucionar a vida deles”, pontua Nathalia.