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sexta-feira, maio 3, 2024

Artigo: Não culpe a ninguém pelas oportunidades perdidas

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Por Fausto Freire

O matogrossense Roberto Campos era, antes de mais nada, um pragmático. Nacionalista, democrata e liberal, Campos foi desses homens que só a história poderá julgar. Uma de suas maiores qualidades foi a de plumitivo, propagador de frases lapidares, como: “Infelizmente, o Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades”. A frase original, no entanto, segundo Sir Algernon West, é do dramaturgo e jornalista britânico, Bernard Shaw, referindo-se a sir Archibald Philip Primrose, primeiro-ministro do Reino Unido e Conde de Rosebery. Sobre ele, Shaw teria dito: Rosebery never missed an occasion of losing an opportunity.

Segundo economistas, estamos entrando na segunda “década perdida” e, ao que tudo indica, ainda não nos damos por satisfeitos. A cada quatro anos, o país tem uma pausa obrigatória: Copa do Mundo e eleições presidenciais, um ano perdido. Além disso, nosso ano fiscal só tem início depois do Carnaval. Ninguém é de ferro… Nossos arquétipos, Jeca Tatu, Macunaima, Diadorim, Antônio Conselheiro e Saci Pererê, formam esse mosaico étnico, reduzido, pelo General Mourão, em preguiçosos e malandros.

Pouco afeita à história, nossa memória política rivaliza com a das amebas. Na era digital, a educação política se limita aos memes, às Dilma Bolada e, achou que eu não ia falar de Choque de Cultura? Achou errado, otário! Tiririca, Cabo Daciolo, bispo fulano, Boulos e seus 50 tons de Temer, Lula e seus 40 ladrões povoam o ideário político pré eleitoral.

Diante de tanta incerteza, o caminho mais fácil é anular o voto, não é mesmo? Errou de novo! Voto anulado representa apoderar, precisamente, aquele candidato que você mais rejeita. E, por falar em rejeição, esse é o maior atributo de nossos candidatos aos cargos majoritários.

Nos últimos 30 anos o brasileiro teve aquele sentimento desagradável de que havia sido tomado por otário, marido enganado, o último a saber. Os menos jovens ainda se lembram dos fiscais do Sarney. Resultado: over night e hiper inflação. Depois vieram os que acreditaram no “caçador de marajás”: perderam a poupança… Em seguida veio o liberalismo com as privatizações e o plano Real, mas, no pacote, estava embutida a reeleição do FHC: perda da confiança no sistema liberal. Ai, vieram os salvadores da Pátria, com seu discurso moralizador, anticorrupção e de defesa dos mais pobres. Consequência: os mais pobres ficaram ainda mais pobres, a classe média ocupou o lugar deles, enquanto os mais riquinhos procuraram a melhor saída: o aeroporto pra Miami!

Agora, temos 13 candidatos presidenciais, que esperam conquistar a nossa confiança, mais combalida que nunca. Ficamos naquela situação: não há como escolher o melhor. A única saída é procurar o menos pior. Com a atual composição partidária, não há como fazer uma boa escolha. A escolha já foi feita, antes que você tivesse a oportunidade de dar a sua opinião. Então o que nos resta? Esperar que o eleito encontre as circunstâncias perfeitas para salvar a pátria?

Nós teremos o Brasil que formos capazes de construir, e não aquele hipotético e sonâmbulo “Brasil que eu Quero para o Futuro”. Não serão os eleitos que promoverão as soluções para todos os problemas que nos afligem, ou para todos os gargalos que precisam ser superados. A posição contemplativa não nos levará a parte alguma. O desejo não embasado no comprometimento, na ação e na participação será sempre uma atitude piegas, sem consequências práticas, nem resultados.

Precisamos de reformas. E por que precisamos de reformas? Pois sem elas não reconquistaremos a capacidade produtiva que, por sua vez depende de investimentos consistentes, muito além daquilo que somos capazes de gerar, com nossos recursos próprios. Mas não necessitamos de qualquer tipo de investimento: precisamos de investimento produtivo. Ou seja, dependemos de investimentos internacionais. Sem eles não haverá crescimento e, sem crescimento não teremos, nem emprego, nem renda. E como se consegue investimento produtivo internacional? Reconquistando a credibilidade perdida com o rebaixamento de nosso “grau de investimento”, disposto pelas agências internacionais de risco.

Para elas, este é o termômetro que irá indicar até que ponto o Brasil está criando as condições para merecer o restabelecimento de sua credibilidade. Convenhamos, não serão os salvadores da pátria, por muito simpáticos que sejam, de direita ou de esquerda, que irão convencer o mundo de que, agora, o Brasil é um país confiável.

A verdade é que vença quem vença, isso não será nem a salvação da lavoura, nem a desgraça pelada. O brasileiro precisa deixar de atribuir às circunstâncias e aos outros a causa de seus males. Precisamos assumir que o Brasil que Queremos para o Futuro depende daquilo que formos capazes de fazer, nós mesmos.

Há outra frase de George Bernard Shaw que resume esse tema: “Há pessoas que estão sempre atribuindo às circunstâncias aquilo que são. Não acredito nas circunstâncias. As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, se não as encontram, as criam.”. (People are always blaming their circumstances for what they are. I don’t believe in circumstances. The people who get on in this world are the people who get up and look for the circumstances they want, and if they can’t find them, make them).

Brasil do Futuro depende das circunstâncias que formos capazes de criar. Oportunidades perdidas são o leite derramado. Temos em nossas mão as ferramentas para mudar as circunstâncias e criar novas oportunidades. As redes sociais motivaram milhões de brasileiros a sair para a rua e mudar as circunstâncias. Não conquistamos o paraíso, mas mostramos que unidos podemos criar novas oportunidades.

Fausto Freire é jornalista e editor do Brazil Monitor e diretor da Solos Comunicação

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