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quarta-feira, maio 8, 2024

AS DÍVIDAS COM A BAHIA E SUAS MULHERES.

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Quando foi divulgada a totalização dos votos para presidente, na noite de 30 de outubro de 2022, os números apontavam impressionantes 50,90% para Lula e 49,10% para Jair Bolsonaro.

Eram 60.345.999 diante de 58.206.35 votos, com uma diferença inferior a 2%.

Um frio correra na espinha de cada eleitor de Lula e a disputa comprovava que estava plenamente preparado para o novo mandato o coração do atual presidente.
Esses números também mostravam como o Brasil devia à Bahia.

Os eleitores baianos deram a Lula 72,12% dos votos válidos (6.097.815 votos), enquanto Jair Bolsonaro obteve apenas 27,88% (2.357.028 votos).
Ou seja, os baianos podem realmente dizer que garantiram a volta de Lula à Presidência da República.
Mas não é essa a única grande dívida do Brasil com à Bahia.

No último 2 de julho, foram comemorados 200 anos desde que o Brasil está realmente emancipado da condição de colônia portuguesa. E isso se deu em lutas que duraram mais de um ano em território baiano.

“Ainda se comemora oficialmente que a independência do Brasil foi em 7 de setembro de 1822”.
Mas não é difícil entender que naquele dia ocorreu um ato meramente formal.
Segundo a descrição mitológica, o príncipe regente D. Pedro ergueu a sua espada às margens do rio Ipiranda e bradou “independência ou morte”.

Em verdade, novas ordens de Lisboa haviam chegado ao Rio de Janeiro em 28 de agosto. D. Pedro deveria retornar imediatamente a Portugal, os privilégios da abertura do Brasil seriam revogados e os ministros de D. Pedro presos por traição.

As ordens foram recebidas pela princesa Maria Leopoldina, já que o príncipe estava em viagem a São Paulo. A princesa convenceu-se de que era inadiável a ruptura entre Brasil e Portugal e, em 2 de setembro, ela própria assinou o decreto de independência, que despachou, em seguida, para D. Pedro.
O príncipe foi alcançado no dia 7 de setembro, às margens do rio Ipiranga e sua reação foi confirmar o gesto.

É fácil deduzir que o brado, se houve, não ecoou muito longe. A própria correspondência de Maria Leopoldina levou cinco dias para chegar às mãos de D. Pedro no meio da viagem que fazia, com caravana montada, de São Paulo para o Rio de Janeiro.
A decisão não encontrou resistência no Sul e Sudeste.

Não foi o que ocorreu no Norte e no Nordeste, especialmente no Pará, no Maranhão, no Piauí, no Ceará e na Bahia, assim como, no Sul, na província Cisplatina (atual Uruguai), que então pertencia ao Brasil.
Antes mesmo da movimentação que levou à proclamação por D. Pedro, já era grande a insatisfação na Bahia com a situação de colônia portuguesa.

Tanto que Portugal enviou milhares de soldados para enfrentar a situação e os conflitos se intensificaram desde fevereiro de 1822.

As tropas portuguesas tentaram se impor, desconhecendo a proclamação de D. Pedro e os baianos as enfrentaram, até conseguirem o cerco de Salvador e a debandada dos portugueses em 2 de julho de 1823.
Três figuras femininas tiveram grande destaque entre os baianos que lutaram pela independência: Maria Quitéria, Maria Felipa e Joana Angélica.

A história de Maria Quitéria foi curiosa. Ela resolveu se integrar nas forças que lutavam pela independência e, para isso, alistou-se sem que se percebesse tratar-se de uma mulher, lutando em condições de igualdade com os demais combatentes.

Maria Felipa era uma negra liberta que liderou um grupo de indígenas e quilombolas em lutas na ilha de Itaparica e na região do Recôncavo. Em pequenos barcos, asseguraram a provisão de alimentos nas cidades atacadas pelos portuguesas e chegavam a participar dos conflitos. Em Itaparica, Maria Felipa e seu grupo chegaram a lançar tochas, provocando o incêndio de dezenas de embarcações portuguesas.

Joana Angélica era uma religiosa baiana, abadessa do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa.
No dia 20 de fevereiro de 1822, soldados portugueses perseguiam brasileiros e, como concluiram que muitos se esconderam no Convento da Lapa, resolveram invadi-lo. Joana Angélica decidiu impedir a invasão com o próprio corpo, pondo-se na porta do Convento. Para entrar, os portugueses a trespassaram a golpes de baioneta.

O episódio causou enorme revolta entre os baianos e transformou Joana Angélica na primeira mártir das lutas pela Independência do Brasil na Bahia.


Fernando Tolentino

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