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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Senador Eduardo Gomes fala para empresários sobre inteligência artificial, no Lide Brasília*

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*Senador Eduardo Gomes fala para empresários sobre inteligência artificial, no Lide Brasília*

O senador Eduardo Gomes (MDB-TO) falou, para mais de 150 empresários do Distrito Federal, membros do Lide Brasília – Grupo de Líderes Empresariais, sobre o uso produtivo da Inteligência Artificial (IA) nas corporações. Ele preside a Comissão de Comunicação e Direito Digital do Senado Federal e é relator da Comissão Temporária Interna sobre Inteligência Artificial no Brasil, que busca criar um marco regulatório para a aplicação da IA no País.

O evento aconteceu nesta sexta-feira (8) e contou com a presença do secretário de Governo, José Humberto Pires de Araújo, do secretário de Relações Institucionais, Agaciel Maia, do senador Izalci Lucas (PL-DF), do presidente do Sistema Fecomércio, José Aparecido Freire, da deputada distrital Doutora Jane (MDB-DF), do deputado Distrital Jorge Vianna, do conselheiro do TCDF Manoel de Andrade, do CEO do Metrô-DF, Handerson Cabral, e do presidente da Caesb, Luiz Antônio Reis.

O presidente do Lide Brasília, o empresário Paulo Octávio, abriu o evento destacando o impacto da inteligência artificial nas questões sociais e econômicas. “O mundo vai mudar em todos os sentidos, vai mudar na facilidade das questões medicinais, da agricultura, vai mudar o comportamento de todos os profissionais de todas as atividades. O desafio é garantir que máquinas super inteligentes permaneçam alinhadas com valores e interesses humanos”, afirmou. Paulo Octávio destacou a importância do diálogo com especialistas em tecnologia para entender o impacto das mudanças no mercado de trabalho.

A palestra começou com uma avaliação do senador de que “tudo que se faz em termos de regulação pode, até de maneira bem intencionada, inibir investimento e inovação”. Eduardo Gomes ressaltou que regular a inteligência artificial é uma tarefa desafiadora, devido ao rápido avanço da tecnologia. “Para uma inteligência artificial eficiente e justa, a gente precisa de inteligência emocional, precisa de inteligência humana e percepção para as suas consequências”. O parlamentar frisou que a regulamentação busca garantir segurança e direitos sem inibir investimentos.

Eduardo Gomes também falou da necessidade de capacitação da população para lidar com as mudanças trazidas pela inteligência artificial. “A inteligência artificial desloca empregos, tira a força de mão de obra em determinadas áreas do desenvolvimento econômico e, em compensação, cria novos empregos”, afirmou. Para o senador, a regulação precisa ser feita com o objetivo de oferecer segurança às pessoas sem diminuir a capacidade de inserção no mercado de trabalho.

O palestrante falou sobre o momento atual da regulação, explicando que o processo se encontra num momento decisivo, mas também muito tranquilo. “A gente não quer fechar um relatório que feche portas, que feche oportunidades para o Brasil, que gere qualquer dificuldade para o empresário brasileiro, que o cidadão brasileiro não possa utilizar a inteligência artificial para o desenvolvimento”, finalizou

Natal recheado: Livraria Leitura abraça a campanha “Eu Apoio a Livraria do Bairro”

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Neste final de ano, a Livraria Leitura, a maior rede do segmento do Brasil, participará da campanha “Eu Apoio a Livraria do Bairro”, promovida pelo Grupo Editorial Record até o dia 25 de dezembro de 2024. Por meio da ação, vários títulos estarão disponíveis por um preço promocional de R$39,90. Além disso, ao comprar três livros em qualquer unidade física, os clientes ganharão uma ecobag exclusiva, recheada com um livro surpresa.

A campanha “Eu Apoio a Livraria do Bairro” tem como objetivo incentivar livreiros incluindo capacitação online, ações de venda específicas e distribuição antecipada de lançamentos para as lojas físicas e, com isso, ajudar também a promover o hábito da Leitura no país. O projeto traz uma seleção com mais de 80 títulos significativos publicados ao longo da história da Editora Record. Entre as obras disponíveis, os leitores poderão encontrar livros que são referência nas áreas de história, pedagogia e filosofia, bem como romances ficcionais e baseados em fatos reais como “Cem anos de Solidão”, “O Sol é para Todos”, “Vidas Secas”, “Médico de Homens e Almas”, “Conversando com Deus”’, entre outros.

Sobre a Leitura:

Desde sua fundação na Galeria do Ouvidor em Belo Horizonte, a Livraria Leitura tem se destacado como uma das pioneiras no conceito de megastore no Brasil. Hoje são 121 lojas em 24 Estados. Com uma ampla variedade de produtos que vão além dos livros, incluindo revistas, área geek, e materiais de papelaria, as lojas da Leitura se tornaram verdadeiros espaços culturais e sociais.

Atualmente, a rede, que, completou 57 anos de sucesso, investe na capacitação dos colaboradores por meio de treinamentos regulares para garantir o constante aprimoramento profissional e conta com serviços como o “Nossa Leitura”, um programa de curadoria em que clientes podem conhecer grandes títulos da literatura nacional e estrangeira a partir da indicação dos colaboradores da própria Leitura. Além disso, desenvolveu um programa de fidelização exclusivo, o Sempre Leitura, no qual clientes podem acumular pontos e trocá-los por descontos em suas lojas. O Programa também disponibiliza uma plataforma online para o cliente se cadastrar e acompanhar seus pontos e benefícios.

​Mais informações em: www.leitura.com.br

PROFISSIONALIZAÇÃO DA EMPRESA FAMILIAR

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Por : Rubem Soares de Oliveira Lima https://www.linkedin.com/in/rubem-lima/

Segundo matérias e estudos divulgados recentemente, cerca de 80% das empresas familiares não se sustentam no controle após a terceira geração; ou estes negócios são vendidos ou deixam de existir.

O desafio está na transmissão do conjunto de valores, regras, princípios e rituais para as gerações futuras, garantindo a coesão e a manutenção da cultura familiar.

A medida que cresce a família e os negócios, outro desafio aparece, garantir que todos se sintam incluídos de forma respeitosa, colaborativa e efetiva.

Para auxiliar no crescimento sustentável dos negócios e nas boas relações humandas, muitas familias vêm realizando investimentos em governança, planejamento estrégico, gestão, melhoria e automação de processos, tecnologia, desenvolvimento de pessoas, adequações patrimoniais e tributárias e estratégias de marketing.

Segundo John Davis, considerado a maior autoridade mundial em gestão de empresas familiares, Presidente do Owner Managed Business Institute, líder do programa de educação executiva Families in Business: from Generation to Generation na Harvard Business School, “Se você quiser sobreviver em uma empresa familiar, você precisa organizar a família.”

Seguindo essa referência, quando se deseja desenvolver profissionalismo em uma sociedade familiar é fundamental definir alguns pontos:

• as questões da família devem ser tratadas na esfera da família;
• as questões da empresa na esfera da empresa;
• as questões do patrimônio na esfera do patrimônio.
Isso parece fácil, mas lembre-se que é dificil separar as ações e as discussões no dia-a-dia. Essa é uma tarefa que requer foco e pragmatismo por parte dos sócios, mas o resultado evita conflitos, melhora a relação familiar, reduz riscos e desperdícios, bem como proporciona controles efetivos.
Contudo, realizar a profissionalização da gestão familiar também se refere a tratar com responsabilidade, o futuro da empresa, proteger a saúde, a relação familiar e a sobrevivência da sociedade.
Nesse sentido profissionalizar a gestão significa criar regras gerais a que se subordinem sócios, herdeiros, gestores e colaboradores, mantendo como foco principal, o atendimento da visão empresarial e a perpetuação do negócio.
Sugere-se então, que seja instituido um modelo de governança profissional, onde usos e costumes estabelecidos desde o início da operação, devem ser repensados e, ou eliminados.
As relações familiares devem continuar mesmo dentro do ambiente do negócio, mas a relação de trabalho e de carreira destes e dos demais colaboradores devem ser baseadas em comprometimento e em resultado.
Para se atribuir profissionalização na gestão familiar, deve-se:
• Separar as questões pessoais as da empresa, por intermédio da definição do acordo entre os sócios, que após aprovado, passe a reger as relações entre sócios, familiares e gestores.
• Definição do plano de seleção e de carreira para os sócios, os familiares e os funcionários.
• Definição de um modelo efetivo de sucessão e encarreiramento dos sócios e membros das famílias envolvidas.
• Redefinir a estrutura organizacional possibilitando o desenvolvimento da governança e a separação dos assuntos a serem tratados em cada forum, como por exemplo: conselho de família, conselho de sócios, adminstração etc.;
• Definir a função e as autonomias de cada nível hierárquico;
• Manter o foco das decisões aos resultados;
• Preparar a organização para um outro tipo de relacionamento baseado em mérito, desempenho e compromisso;
• Manter o programa de gestão do desempenho, desenvolvendo indicadores de performance efetivo para cada nível hieraquico da empresa;
• Desenvolver e manter formas de recompensa ou encarreiramento;
• Definir, acordar e divulgar as diretrizes, objetivos e metas da atual gestão;
• Desenvolver e cumprir agenda de compromissos de governança com os sócios e com os principais profissionais da empresa.

O foco dos atuais gestores também deve estar no desenvolvimento de competências e na formação dos familiares que vão exercer funções na operação, gestão ou direção da empresa, entretanto deve-se investir em formação de conselheiros para aqueles que não estarão no dia a dia do negócio, mas que por interesse societário devem compreender sobre a governança do negócio.
É necessário entendimento do que se espera do negócio como um todo, suas perspectivas, objetivos de crescimento e, em especial, é preciso conseguir equilibrar as necessidades dos familiares, dos sócios e das demandas do mercado.

Compartilhar a visão do negócio de forma inspiradora e criativa, sobre o futuro da empresa é a base para criar, entre os sócios e os gestores, o alinhamento necessário para que se compartilhe e se trabalhe em conjunto em prol de objetivos comuns.

Esse modelo possibilita que os gestores possam cumprir com suas responsabilidades, perpetuando o negócio.

Você já ouviu falar em sistema de som High-End?

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High-End, no segmento de áudio, é uma classificação que diferencia equipamentos de som de altíssima fidelidade e qualidade dos equipamentos comuns. O principal proposito dos sistemas de som High-End é a reprodução de músicas em altíssima fidelidade, geralmente em ambiente doméstico. Em se tratando de música, para os mais experientes audiófilos, um bom sistema de som High-End, estéreo, é insuperável e incomparável com qualquer outra categoria, inclusive home-theater multicanal.

Para uma avaliação rápida, basta pesquisar e assistir vídeos no YouTube sobre a cobertura do “HIGH-END SHOW MUNICH”, que acontece todos os anos na Alemanha. Mesmo por meio de vídeos, rapidamente se percebe o grande diferencial, inclusive em relação às marcas, que são distintas das populares; sem contar a impressionante diversidade de sofisticados toca-discos, vinil, e a ausência de equipamentos populares, especialmente home-theater convencional.

Se mesmo na Europa e EUA o áudio High-End não é popular, com poucas lojas especializadas, no Brasil esse sofisticado segmento continua engatinhando; mas a marca brasileira Diasound, criada em 1998, em uma parceria com a japonesa Diatone, do grupo Mitsubishi Electric of Japan, desenvolve e monta equipamentos de som High-End, State-Of-The-Art, especialmente caixas acústicas. A Diasound é a primeira marca a desenvolver e montar, no Brasil, caixas acústicas desse nível, especialmente para exportação; competindo com as mais sofisticadas e conceituadas marcas europeias e americanas!

 

 

Como é impossível descrever o som de um sistema desse nível sem a experiência de ouvi-lo, a Diasound criou o High-End Experience, com eventos e demonstrações para proporcionar aos apreciadores a experiência inédita de ouvir música em um sistema de som High-End, State-Of-The-Art, sem qualquer custo ou compromisso.  Também fornece informações e consultorias sobre o assunto, que é extremamente especializado.

Ouvir música em um sistema de som High-End de alto nível, além da descontração, emoção e envolvimento, também proporciona benefícios para a saúde, inclusive é uma terapia!

Serviço:
Informações, consultorias, eventos e demonstrações em Brasília:
WhatsApp: +55 61 99963-1426 – www.diasound.comcontato@diasound.com

A chefe do Presidente

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Aos 70 anos, 50 deles passados em Brasília, tia Zélia serve comida, histórias, afeto e respeito na Vila Planalto.

Por Mariana Vieira

adentrou o sonho concretizado de Juscelino Kubitschek, que ainda era, no início dos anos 1970, um amplo canteiro de obras, no qual o então marido trabalhava. Não po- deria suspeitar que, ali, entre aveni- das largas e prédios monumentais, ganharia outro nome, uma grande família e um amigo improvável.

Recém chegada, começou então a trabalhar na cantina que servia os trabalhadores alocados nas obras da Esplanada dos Ministérios.

“Eu sabia fazer só a comida da minha gente, arroz e feijão, mas sou muito inteligente, não dou trabalho para aprender as coisas, e fui melhoran- do a cada dia”.

Depois de oito anos, finalizadas as obras, a cantina fechou. Depois disso, Maria foi diarista, trabalhou em uma empresa de festas, mas Maria de Jesus Oliveira da Costa nasceu sob o signo dos Três Reis Magos, no dia 6 de janeiro de 1954 no interior da Bahia, na cidade de Buritirama. Poderia ter sido mais uma brasileira sertaneja na peleja, carre- gando água na cabeça por longas distâncias.

“Eu caminhava e falava só, não, com Deus, e sabia para que lado era Brasília, e falava assim: um dia eu vou pra lá e eu vou montar um restaurante”.

O desejo crescia em forma de sonho, que mostrava ela cozinhando para o povo dentro de uma roça, mas só com mandioca para servir. Intrigada com aquilo, resolveu consultar o padrinho, o sábio Astrogildo, que lhe proferiu:

“Minha filha, você tem um futuro muito grande, é uma pena que o seu padrinho já está velho e não vai estar aqui para poder ver”.

 

A estrela-guia do nascimento dela, se não a levou até Belém, in- dicou o caminho até a recém cons- truída Capital Federal, quando ela tinha apenas 18 anos e três filhos, dois dos quais vieram junto no pau de arara.

Depois de percorrer os 970 qui- lômetros do trajeto, Maria de Jesus nunca deixou de cozinhar para a família, preparando com esmero a marmita que o pai dos filhos dela levava para o trabalho no

Serviço Federal de Processamento de Dados (SER- PRO), onde era jardineiro. A comida cheirosa chamou a atenção de um colega de trabalho, que pediu a pri- meira quentinha.

“O pessoal começou a perguntar, Cícero, de onde é que você traz essa comida, e ele disse, minha coroa que faz.” E aí eu falei pra ele pedir para que mandassem o dinheiro para comprar os ingredientes e trazer os po- tes, que ela cozinhava e mandava arroz, feijão, frango ensopado, carne com mandioca, farofa. Comida boa e farta, feita com esmero.

Os pedidos foram crescendo e o fogão de quatro fogareiros ficou pequeno para tantas bocas ávidas pela comida da “tia”, que, aos poucos, foi colocando mesas também na porta de casa, na Vila Planalto. Brasília, construída para representar o sonho de prosperidade da nação, começava a sorrir para a baiana.

“Aqui é um pedacinho do céu. Pra mim. A situação em que eu cheguei aqui e a que eu me acho, aqui é o paraíso”, conta a cozinheira conhecida por Tia Zélia,

uma homenagem à própria mãe e a toda gente que a chama por tia. Menos o Presidente da República. “Ele me chama de véia, e eu chamo ele de companheiro”.

Convidado especial

Tia Zélia já cozinhava para fora quando, em 2008, foi escolhida para cozinhar em foi chamada para co- zinhar em evento no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, não para os visitantes, mas para os chefs de cozinha que ali trabalhariam.

Tradicionalmente, nos restaurantes, a comida servi- da à equipe antes do serviço é chamada de refeição de família, o que fazia todo o sentido para ela. “Eu cozi- nhava e deixava pronto para minha filha Márcia servir aqui no restaurante. Vinham me buscar para levar os panelões para o Centro de Convenções.”, lembra.

No terceiro dia deste esquema, um dos chefs cantou a bola para Zélia.

“Hoje a senhora vai ter um convida- do especial. E eu pensei, será que é o Presidente?”, ela jura que foi a primeira coisa que lhe passou pela cabeça.

A cozinheira baiana havia votado em Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro e no segundo mandato, e tinha um sonho de conhecer o Presidente.

“Eu sei que tinha muita gente especial, mas mais do que o Presidente não tem, não”. Sua intuição estava correta.

“Quando eu penso que não, numa distância como daqui até ali, aqueles homão, seguranças, e no meio, um toco de trem no meio, o Presidente!”, relembra com franca alegria de quem, na ocasião, pulou do balcão e correu para abraçar Lula.

“Eu já cozinhava para os assessores dele e não sabia!”.

Lula almoçou, perguntou da vida de Zélia, de onde era, o que fazia, como sustentava os filhos e pro- meteu que a chamaria para uma conversa.

O Presidente cumpriu a promessa e mandou buscar a cozinheira para o Palácio do Planalto, que ela nun- ca havia visitado. Chegando lá, chamou a atenção dos jornalistas de plantão por ser uma visita fora da agenda oficial do chefe de Estado, tendo um encontro a portas fechadas.

O chefe de gabinete à época, Gilberto Carvalho, in- termediou a visita, que durou duas horas e meia. “Con- tei minha vida todinha e ele olhou no fundo dos meus olhos, eu encarei ele também, e perguntou, menina, o que você mais precisa neste momento?”.

Zélia, que também era a Maria de Jesus que saiu de Buritirama, não teve dúvidas: “Preciso de água e luz no Nordeste para o meu povo que está passando fome e sede”.

Eram, afinal, promessas de campanha, e a baiana chegou a retornar à terra natal acompanhada de asses- sores do Governo para auxiliar no desenho de iniciati- vas que viriam a capilarizar as redes de distribuição de água e energia elétrica no sertão baiano.

Ela virou também a cozinheira de confiança do chefe de Estado e de seus apoiadores, que passaram a frequentar o restaurante na Vila.

“A Dona Marisa mandava buscar comida quando queria variar o cardápio do Palácio”, lembra.

Zélia conta ter facilidade em preparar a rabada, iguaria nacional, forjada com a carne do rabo do boi em cozimento longo e servida com agrião.

“Ele come de tudo que eu faço, mas esse é o preferido”.

Em contrapartida, ela conta que o mais difícil é fazer o ovo que agrada o Presidente.

“Tem que ser com as bordas branquinhas, clara bem durinha, a gema mole encorpadinha para colocar em cima do arroz, que precisa ser soltinho, sem cebola, só com alho, e acompa- nhado de feijão novo”, descreve, com carinho.

Quintal de casa

Sentada em uma das mesas do restaurante, que ocupa desde sempre o número 8 da Rua Maranhão, na Avenida Pacheco Fernandes Dantas , ela não almoça.

“Comi em casa. Não estou podendo por conta da pressão alta, cozinho pra mim e venho para cá”.

O “cá” é hoje uma ampla casa, onde a cozinha, salão e banheiros coexistem de um lado da rua e, do outro, uma tenda comporta mais mesas. Mas há quem prefira mesmo sentar embaixo da copa das árvores ou do lado da horta da cozinheira, onde planta cebolinha, salsinha, pimentas e folhagens que entram nos preparos.

Enquanto relembra os inícios, mantém o olhar atento para o salão, e sinaliza para uma das quase 30 funcionárias que se aprume para retirar o pedido de uma mesa próxima.

“Esse casal nunca veio aqui antes. Eu conheço e falo com todo mundo, eu não considero que tenho clientes, eu tenho famíia”.

E, como tal, faz questão de que o ambiente seja respeitoso para toda sua gente, dentre os quais figuram ministros e ex-ministros, senadores, autoridades dos Três Poderes, membros da militância petista, artistas e qualquer brasiliense que aprecie uma comida bem feita ou quem deseje conhecer o tempero que encantou o Presidente do Brasil.

Durante a semana, o público cativo prestigia o cardápio que se repete na ordem dos dias: bife acebolado, costela com mandioca e frango ensopado com açafrão e quiabo às segundas-feiras. Terça é dia de costelinha e galinhada, seguida de carne assada na quarta-feira, carne de sol e a famosa rabada nas quintas e, para fechar a semana, a feijoada e o pernil são servidos na sexta-feira.

Mas é aos sábados que o caldo engrossa e não sobra feijão preto no samba da Tia Zélia, evento cultural que literalmente fecha a rua e reúne entusiastas da música, turistas e moradores para comer, dançar e brindar com cerveja gelada e caipirinha.

“Eu não bebo, nunca bebi, mas sou pé de valsa”, confessa.

Destino e proteção

Na tarde de setembro em que Tia Zélia recebe a reportagem da Revista 61, o calor da seca prolongada é aplacado pelos ventiladores que sopram a parede dos fundos, enfeitada com bibelôs, presentes dos clientes, artefatos como quartinhas de barro, matulas metálicas, quadros e santuários.

No canto esquerdo, em uma espécie de altar, fotografias da dona do restaurante com Lula, um retrato da irmã Dulce, figuras dos Três Reis Magos, e recortes de reportagens sobre o local servem de fundo para fotos que vários comensais se revezam para tirar.

Acima das fotos se destaca a imagem de Nossa Senhora das Graças, a mesma figura que tia Zélia leva no pescoço em forma de colar. Devota, ela organiza todo ano um almoço especial em homenagem e agradeci- mento, oferecido para os frequentadores. Só revela o cardápio no dia, e tem uma regra: “pode comer de tudo, só não pode desperdiçar!”.

Tia Zélia conta que, uma vez, antes de dormir, pediu pela confirmação da existência da santa, pela sua intercessão e proteção.

“Naquela noite sonhei com ela, mas não vi o rosto, só o manto azul e branco, mas ela dizia que a partir daquele dia, tudo daria certo, e não foi que deu mesmo?”

Dez anos depois da primeira viagem que a levaria para a Capital, Zélia, ou Maria, conseguiu retornar à Bahia a tempo de pedir a última bênção ao padrinho que tinha profetizado seu destino.

“Eu não lhe falei minha filha, que você seguisse em frente, que daria tudo certo, que você ia realizar o seu sonho?!”.

Eixo Monumental

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