Cachaça brasileira premiada e apreciada por paladares apurados, ultrapassa fronteiras e chega ao exterior
Por: Julianna Caetano e Ruggere Borges
Brasília, pode contar com, pelo menos, quatro bons alambiques no entorno, mais precisamente em Alexânia, Goiás na rota da cachaça no Goiás. Além da Confraria da Cachaça do Brasil, que se reúne toda última sexta-feira do mês.
Já na entrada de Alexânia situada à 70 km de Brasília, está o Alambique Cambeba. A marca existe desde 1808 no Ceará, de onde veio, após desapropriação de terras realizada pelo governo à época. A cidade chamou atenção pela terra boa e luminosidade necessárias ao cultivo da cana, além claro, de ter um custo-benefício financeiro excelente. Há três décadas no entorno de Brasília, a Cambeba tem excelência não só em sua produção orgânica desde 2002 e seus prêmios nacionais e internacionais, mas também pelo trabalho sustentável realizado no local.
Conforme Galeno, “aqui não perdemos nada. A vinhaça (vinhoto), produto altamente poluente, por exemplo, se jogada no rio, retira o oxigênio das águas, matando os peixes. Mas se o pH for corrigido, você pode usar como adubo. Com ele, fazemos uma fertirrigação”, completa.
A Cambeba preza pela produção totalmente sustentável e orgânica. A marca dispõe de diversos tipos da branquinha, muitas delas premiadas. É o caso da Prata, também conhecida como zero ano, que ganhou a medalha de prata em 2014, na San Francisco World Spirits Competition. Em três anos consecutivos – 2015, 2016 e 2017 –, a Cachaça Cambeba ganhou o prêmio de Superior Taste Award da International Taste & Quality Institute, sendo este ano para a envelhecida três anos.
O alambique dispõe da Prata, específica para a produção de caipirinha, coquetéis e consumo do produto puro; e das cachaças com um, três, cinco, sete e dez anos de envelhecimento, em barril de carvalho.
Galeno acrescenta que sua produção é feita alicerçada no único estudo científico sobre envelhecimento de cachaça no Brasil. Realizado pela Universidade Federal de Goiás, para a Cambeba, o estudo, que durou cinco anos, utilizou quatro madeiras como base para a pesquisa: carvalho, amburana, bálsamo e castanheira.
Carlos Átila, proprietário da Cachaça do Ministro, afirma que, nos anos 80, só encontrava no comércio aguardente. “Cachaça de alambique, bem elaborada, envelhecida, podia existir, mas você não encontrava”, diz. “Eu sempre gostei de cachaça e queria encontrar um bom produto. Era difícil. Aí eu decidi começar a fazer por minha conta, para o meu próprio consumo”. Contudo, a produção acabava sendo maior e o ex-ministro distribuía a bebida, informalmente, para seus amigos.
Antes de montar o alambique, foi a Minas Gerais fazer um curso que a Secretaria de Agricultura promovia e visitou vários alambiques para aprimorar a técnica e começar a produzir formalmente. “Em 1998, pedi logo o registro do alambique, mas como sempre leva muito tempo, o registro saiu em 2001. Desde então, produzi de acordo com as melhores técnicas e procurando sempre aprimorar a qualidade da cachaça”, completa Átila.
A cachaça envelhecida em cinco anos no barril de carvalho ganhou medalha de ouro na Expocachaça de Belo Horizonte, em 2016. Já a cachaça nacional, a que não vai para envelhecimento, mais conhecida como “branquinha” ou zero ano, que sai direto do alambique para as garrafas, ganhou medalha de prata em julho de 2017.
A Confraria da Cachaça
A Confraria da Cachaça do Brasil, em Brasília, é uma organização sem fins lucrativos criada em 2000, que tem como objetivo prestigiar a cachaça. A ideia foi de um grupo de amigos que se juntaram para promover a cachaça como um bem cultural do País e lutar por uma bebida de qualidade. Todos os meses a Confraria organiza uma degustação aberta ao público, para que vários tipos de cachaça possam ser experimentadas.
Orfeu Maranhão, presidente da Confraria da Cachaça do Brasil, entrou na organização em 2008 e, a partir daí, a CCB passou a ser constituída formalmente. De acordo com Orfeu, todos os membros da Confraria são voluntários e a degustação acontece para promover o encontro entre degustadores e produtores de cachaça.
Em cada degustação, os produtores são diversificados, para que, assim novas cachaças possam ser experimentadas e entrar no mercado de venda. O produtor que quiser expor seu produto deve ter sua bebida registrada formalmente pelo Ministério da Agricultura e claro, possuir uma excelente qualidade para o paladar dos degustadores.
Um dos produtores é o ex-ministro Carlos Átila, que em 2006, começou a expor a Cachaça do Ministro na Confraria da Cachaça do Brasil. “A Confraria é muito importante porque sempre é um teste de qualidade e é um apoio promocional”, afirma. Carlos Átila declarou ainda, que não tem como dizer no que a sua cachaça difere das outras porque o aroma, o sabor, a acidez do álcool, entre outras características dependem do gosto pessoal de cada pessoa.
Para expor sua cachaça na degustação da Confraria, basta entrar em contato com um dos membros da diretoria.
Cachaçológos e cachaciês
A Faculdade da Terra de Brasília (FTB), com apoio da Universidade de Brasília (UnB), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Alambique Cachaça do Ministro, chegou a ministrar curso de pós-graduação em produção de cachaça, formando 23 especialistas, que passaram por todas as etapas, do plantio da cana à comercialização e exportação, dos aspectos legais aos tributários.
À época, doutor em biologia molecular e coordenador do curso, Brener Marra, afirmou que da mesma forma que existe o enólogo, que cuida da produção do vinho, terá agora o cachaçólogo, especialista em cachaça. Assim como, existirá também o cachaciê, similar ao sommelier, especialista na degustação do vinho.
Que texto espetacular! Já entrei no seu blog algumas vezes, porém nunca tinha deixado um comentário.
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Abração!