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segunda-feira, outubro 13, 2025

Com quem você anda diz muito sobre quem você vai ser

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Com quem você anda diz muito sobre quem você vai ser

Essa frase, atribuída a Jim Rohn, é um daqueles lembretes simples e poderosos que a gente tende a subestimar. “Você é a média das cinco pessoas com quem passa mais tempo” parece quase banal à primeira vista, mas guarda uma verdade brutal: o ambiente molda a gente, querendo ou não. E se isso é verdade — e é —, então escolher bem com quem você anda é praticamente escolher quem você vai se tornar. Pense um pouco: se você convive com pessoas pessimistas, que só reclamam, acham que tudo é difícil ou impossível, você vai, inevitavelmente, absorver esse mesmo olhar para o mundo. Mas se está cercado de gente que te inspira, que busca crescer, que tem disciplina, generosidade e uma fé inabalável em dias melhores — seu padrão muda.
O filósofo francês Pierre Bourdieu falou algo parecido com outra roupagem. Em O Poder Simbólico, ele descreve como nosso “habitus” — esse conjunto de disposições, crenças e comportamentos — é profundamente influenciado pelas estruturas sociais nas quais estamos inseridos. Ou seja, nossos gostos, nossas escolhas, até nossos sonhos são, em parte, formados por aquilo e por quem nos cerca. Não é apenas uma questão de personalidade: é influência direta.

Nietzsche, por sua vez, provocava: “Torna-te quem tu és.” Mas como se tornar quem se é de verdade num mundo que empurra a gente o tempo todo para ser uma cópia do outro? A resposta está em vigiar as companhias, os hábitos, os conteúdos que consumimos. A espiritualidade oriental também nos chama a esse cuidado. No Bhagavad Gita, Krishna diz a Arjuna que o homem se torna aquilo que contempla. Em termos modernos, aquilo que você contempla todos os dias — pessoas, ideias, redes sociais, conversas — é exatamente o que vai definindo sua alma.
O sociólogo Zygmunt Bauman alertava que vivemos tempos líquidos, em que tudo é volátil, inclusive os vínculos. Mas isso não muda o fato de que os vínculos que permanecem — ou que escolhemos com intenção — ainda definem quem somos. Portanto, escolher bem as cinco pessoas com quem você mais convive não é frescura, é estratégia de vida. Seja criterioso com quem te empresta o olhar com o qual você vai enxergar o mundo. Um amigo corajoso pode fazer você ser mais ousado. Uma amiga que acredita em si mesma pode te ajudar a acreditar também.

A prática da sabedoria não está em saber tudo, mas em saber escolher. E escolher bem com quem se anda é um dos exercícios mais espirituais que existem. Afinal, como disse certa vez C.S. Lewis: “A amizade nasce no momento em que uma pessoa diz para outra: ‘O quê? Você também? Achei que era só eu!’” Construa essas amizades com base em virtudes, propósitos e valores. Porque no fim das contas, quem caminha com os sábios, se torna sábio — e quem caminha com os tolos… você já sabe o resto.

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