É tempo de ressignificar
O que fazemos em tempos difíceis? O que consideramos como tempos difíceis? O que fazemos com nosso tempo? Será que o avaliamos como valioso o suficiente para sonhar, projetar, avaliar, autoconhecer-nos, relacionar-nos ou somente o valorizamos para produzir, produzir e produzir? Gerar resultados? Entregas? Para quê? Para quem?
No dia a dia, somos bombardeados de informações, de demandas, de prazos, de ordens e, de repente, a sociedade – que até então era movida pelo relógio, pelos resultados, pela correria exacerbada sem uma linha de chegada definida – teve de parar. Isso mesmo, PARAR!
E tudo devido a um vírus que, pela força e habilidade de proliferação e de adaptação a diferentes ambientes, está mostrando a todos que é preciso, sim, parar. Mas as pessoas, as famílias e as comunidades estão preparadas para essa pausa?
Nossos jovens, apesar de virem com download e preparados para o progresso, estão em uma fase de autodescoberta e de autoconhecimento para a qual a tecnologia, em si, não trará muitas respostas.
E as famílias, com os estilos de vida próprios, talvez também não saibam lidar com tantas mudanças, aparentemente temporárias. Dessa forma, acreditamos que o “caos” nos lares proporcionará novos significados e, aos poucos, as que estiverem abertas, adaptar-se-ão e fortalecerão os laços, o que favorecerá a tolerância, o respeito e a empatia.
Na nova rotina de casa, haverá tempo de acordar, de alimentar, de ajudar, de interagir, de estudar, de calar-se, de rezar em família, de autoconhecer-se e de relacionar-se… Não há receitas, mas intenções, desejos e buscas.
Neste momento, como pensar em um projeto de vida? Como ajudar com a autodisciplina? Como lidar com aqueles com quem convivemos e que, aparentemente, conhecemos, sem que alguém nos apresente respostas, faça os encaminhamentos e determine o nosso modo de viver?
Mudar a mentalidade, uma rotina, uma cultura exige desprendimento e a ressignificação dos valores impregnados em nós. É possível! O ser humano também tem o poder de se adaptar, de sobreviver e de transformar. E a comunicação é um dos meios que pode nos levar a sair do nosso mundo de preocupações em busca do fortalecimento das relações e dos significados.
Quantas oportunidades, quantas descobertas poderemos fazer neste período de recesso não planejado, de um tempo necessário para dar novo sentido às coisas, às pessoas e às relações… sejam elas em casa, no trabalho e até mesmo com aqueles a quem nem conhecemos, mas que, hoje, podemos julgar ou acolher, dar uma palavra que angustie ou que liberte!
Que comecemos, então, uma corrente do bem, dando dicas, sugestões, compartilhando experiências e sonhos. Que possamos partilhar o que está funcionando e o que pode ser positivo para fortalecermos nossa essência HUMANA, que nos diferencia dos outros seres vivos e que nos engrandece, ao sermos empáticos, respeitosos, resilientes e protagonistas em nossas escolhas.
Que tenhamos sabedoria diante dos desafios e que enxerguemos OPORTUNIDADES!
Este é o nosso desejo, como Colégio que pensa, sente e se importa, para tomarmos as melhores decisões, sempre com calma e com a intenção de acertar.
Neste tempo que muitos julgam difícil, e que também passará, ficam as perguntas: o que faremos com ele, então? Simplesmente deixar passar? Sigamos juntos!
Por Camila Salmazo
Orientadora Educacional do Ensino Médio do Colégio Marista João Paulo II