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sexta-feira, março 29, 2024

Ex-roteirista da MTV escreve sobre intensidade do relacionamento entre mãe e filha

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Ex-roteirista da MTV escreve sobre intensidade do relacionamento entre mãe e filha

 Sozinha, livro de Keka Reis, foi finalizado no meio da pandemia de COVID-19 e aborda questões como o luto na adolescência 

 

Keka Reis é escritora, roteirista e dramaturga. Na década de 90 escreveu, produziu e dirigiu programas na MTV. Começou na literatura com as obras “O dia em que a minha vida mudou por causa de um chocolate comprado nas Ilhas Maldivas” e “O dia em que a minha vida mudou por causa de um pneu furado em Santa Rita do Passa Quatro”, das quais foi indicada ao Prêmio Jabuti, em 2018 e 2019.

Em 2021, Keka lançou o romance adolescente Medley ou os dias em que aprendi a voar, pela VR Editora. Foi durante a pandemia de COVID-19 que finalizou o livro Sozinha, sua mais recente publicação. Na narrativa, a escritora explora toda a turbulência de mudanças no período da adolescência, retrata a força que existe na relação entre uma mãe e uma filha, traz temas que são enriquecedores para o amadurecimento da juventude e trabalha as emoções do luto.

Em conversa com a autora é possível conhecer um pouco mais sobre a conexão de Keka com a escrita. Confira o bate-papo com a roteirista:

Você foi finalista do Prêmio Jabuti em 2018 e 2019, com livros infantis. E agora volta-se para a literatura juvenil. Como foi essa transição e como é escrever para os adolescentes?

Keka Reis – A série de livros O dia em que a minha vida mudou (os livros finalistas do prêmio Jabuti) é voltada para os pré-adolescentes. Então, a transição foi bem suave porque muitos dos temas já estavam ali. Eu escrevo para esse público em TV e cinema já faz um tempo e ADORO, porque consigo usar intensidade, drama, humor, leveza, sofrência… tudo junto. Escrever para adolescentes é ter a possibilidade de falar com todos os públicos, uma vez que esses jovens transitam livremente entre a infância e o mundo adulto. É essa mistura e os conflitos próprios dessa fase da vida que me intrigam. Tudo misturado, tudo importante, tudo em excesso. Para uma autora, poder soltar a mão assim é maravilhoso!

Todos os seus livros já têm contrato assinado para serem adaptados ao cinema. Em que o fato de ser roteirista e dramaturga auxilia neste processo? E isso é uma indicação de que os leitores apreciam suas histórias?
K. R.: Eu sou roteirista desde os anos 1990 e todos os meus livros (que são 4) foram influenciados por esse tipo de escrita que pratico na tv e no cinema. Isso facilita bastante, porque os players conseguem enxergar tv e cinema nas minhas histórias bem claramente. Claro que também ajuda o fato de eu já ter trabalhado para a maioria das produtoras e canais, mas ainda assim… fazer cinema e televisão é sempre uma luta, especialmente no momento em que o país vive. Então tem que ser resiliente, ter paciência e saber lutar. Um desses livros (Medley ou os dias em que aprendi a voar) é adaptado de um roteiro que escrevi em 2013. Transformei ele em livro em 2018, publiquei em 2020 e vai saber quando é que vamos conseguir produzir. Se for o ano que vem (o que é uma visão otimista), serão dez anos depois do primeiro tratamento do roteiro. Uma luta de 10 anos!

Sozinha é endossado pela médica psiquiatra, psicoterapeuta e escritora brasileira, Natalia Timerman. Esse fato contribui para a quebra do cunho comercial atrelada as obras para o público juvenil e com o clichê “aborrescente”?
K. R.: Eu e a Flávia Lago (editora) achamos legal pedir para a Natália escrever a orelha do livro porque Sozinha tem um fundo bastante psicanalítico. Ela aceitou, eu fiquei feliz e o texto que a Natália escreveu ficou muito bacana. Isso parte de uma ideia nossa de que o livro pode pegar também o público adulto, especialmente mães e professoras. Eu sempre achei delicada essa coisa de “classificação indicativa”, do que pode ou não ser dito para um determinado público. Por isso, meus livros sempre acabam transitando por leitores de idades variadas. Sozinha eu acho que traz essa característica de um jeito ainda mais radical.

Seu livro fala sobretudo de luto e a relação simbiótica entre mãe e filha. Essa foi a maneira de dar dimensão às dores da juventude e levar os leitores jovens a uma discussão existencial mais profunda e intensa?
K. R.: Eu acho que sim. Porque no processo de se afirmar como sujeito, o adolescente precisa se afastar da imagem dos pais e das projeções que eles fazem para o filho. Rosa estava fazendo isso ao negar absolutamente tudo que a mãe dizia ou pensava sobre ela…é o processo normal. Depois que Julieta morre, a menina decide ser a filha que Julieta gostaria que ela fosse, o que nunca dá certo. No final da história, depois de uma longa jornada de luto e contato com as memórias da mãe, a protagonista finalmente desabrocha e passa a ser “ela mesma”.

Sobre a autora: Keka Reis é escritora, roteirista e dramaturga. Nos anos 1990, escreveu, produziu e dirigiu programas na MTV. Como roteirista, tem colaborado desde 2006 em filmes e inúmeras séries para a TV. Estreou na literatura com “O dia em que a minha vida mudou por causa de um chocolate comprado nas Ilhas Maldivas”, seguido por “O dia em que a minha vida mudou por causa de um pneu furado em Santa Rita do Passa Quatro”, finalistas do Prêmio Jabuti em 2018 e 2019, respectivamente. “Medley ou os dias em que aprendi a voar”, romance adolescente lançado pela autora em 2021, surgiu de um roteiro cinematográfico premiado em diversos festivais internacionais. “Sozinha” é a novidade da escritora.

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